𝓂𝓎 𝑔𝑜𝒹𝒹𝑒𝓈𝓈 - apollo mc

010

Narrator's pov

Era por volta das duas e meia da manhã quando a bagunça acabou e cada um foi para o seu canto. Athena estava no banheiro fazendo sua skin care mesmo estando cansada de tanto dançar e conversar - sim, pra quem é famosa, a bateria social dela não é grande coisa. Estava cantarolando "vozes de sampa", música do seu irmão, Tavin e Apollo, mesmo nunca admitindo isso em voz alta, ela reconhecia que o japonês sabe fazer música, - e Jotapê então, nem se fala.

Quando saiu do banheiro, quase pulou de susto ao ver a pessoa na sua frente. Mas antes que pudesse falar algo, a pessoa a interrompeu.

- Não sabia que 'cê era minha fã. Quer um autógrafo? - Apollo fala sentando na cama, a voz repleta de diversão.

- Meu irmão e o Tavin estão na música também, ela não é só sua. - a garota rebate, cruzando os braços.

-Mas 'cê cantou meu verso duas vezes. - ele da um sorriso de canto.

- Fazer o que se seu verso é bom. - ela deu de ombros - Já ouviu sobre gostar da arte e não do artista?

- Já ouvi, sim. Mas duvido que seja isso. - Apollo inclinou-se um pouco, os olhos brilhando com provocação - Acho que 'cê gosta mais do artista do que tá querendo admitir.

A garota soltou uma risada curta, balançando a cabeça.

- Por favor, não começa. - ela descruzou os braços e inclinou-se na porta - Você se acha demais.

- Só porque 'cê tá me dando motivos. - o garoto piscou pra ela, e em troca recebeu um revirar dos olhos.

- Tá, mas o que você tá fazendo aqui? - ela pergunta.

- É que o Brennuz levou a Maria lá pro nosso quarto e tipo, eu não sou empata foda né. - ele explicou, dando de ombros, como se fosse óbvio.

- Ainda não entendi onde isso é problema meu. - franziu o cenho.

- Eu vou dormir aqui ué. - Apollo respondeu com um sorriso casual, como se já tivesse decidido tudo.

A garota arregalou os olhos e já negou com a cabeça.

- Nem fudendo, tem o sofá lá na sala. - ela apontou pra porta.

- O sofá é pequeno, mano, deixa de graça. - ele reclamou, se jogando de costas na cama, como se já fosse seu lugar- Vai ser só hoje po.

Athena estava tão cansada que simplesmente aceitou, sem querer discutir com Apollo. Ela apagou a luz do quarto e foi pra cama, se deitando e virando de costas para o garoto, que também estava de costas pra ela. Infelizmente teriam que dividir a coberta, então tiveram que ficar um tanto perto um do outro. Assim, com Athena puxando a coberta mais pro lado dela e Apollo puxando de volta pra se cobrir, eles caíram no sono.

Isso até a garota acordar confusa sentindo um braço ao redor da sua cintura, a apertando. Olhou no celular e viu que eram quatro da manhã ainda. Mesmo sonolenta, percebeu o corpo de Apollo atrás de si, realmente a abraçando e seu primeiro instinto foi empurrar o garoto pra longe, mas isso não funcionou.

- Ô japonês, da pra me soltar? - ela deu um toquinho no braço dele, o que fez o mesmo acordar - Ou eu vou te chutar pra fora da cama.

Apollo murmurou algo incompreensível, ainda meio adormecido, mas não soltou Athena. Em vez disso, ele apertou o braço em torno dela com mais força, como se estivesse inconscientemente buscando conforto.

- Hm? O quê? - ele murmurou, ainda sem soltar a garota - Ah... espera. - Ele começou a rir baixinho, sua voz rouca pelo sono - Relaxa, garota... só tô com frio...

- Isso não é desculpa pra me abraçar. - retrucou, sua voz mais suave do que ela pretendia. Ela tentou se soltar novamente, mas o braço de Apollo ainda estava firme ao redor dela.

- Hmm, mas você é confortável. - ele disse com uma voz provocadora, apertando-a de leve, como se estivesse se ajustando para dormir mais profundamente - Vai me deixar ficar só mais um pouquinho assim? Prometo que não te chuto de volta.

Ele falou mas já estava caindo no sono novamente, e mesmo que Athena não quisesse admitir, o corpo do garoto contra o seu estava tão confortável que não queria se desvincular dali. Então a mesma apenas aceitou e se aconchegou melhor contra ele, e ambos voltaram a dormir como se finalmente tivessem encontrado uma trégua na batalha que era a convivência entre eles. Bem, pelo menos por agora.

•••

   Ao acordar, Apollo percebeu que estava sozinho na cama e olhou ao redor confuso, antes de se lembrar do que havia acontecido ontem à noite e agradecer pela ausência da garota. Nem ele sabia como foram parar naquela posição, e ele havia pedido para que continuassem daquele jeito! Claramente, seu subconsciente sonolento não tinha tanto ódio da garota quanto seu eu consciente.

   Ele saiu do quarto, já ouvindo o barulho do pessoal lá embaixo, a tv ligada e o povo conversando em voz alta. O garoto desceu, cumprimentou geral e foi para a cozinha preparar algo pra comer. Enquanto estava distraído, nem notou a presença de Jotapê, que chegou e se encostou na pia ao lado dele.

- E ae, mano, de boa? - o garoto de dreads perguntou, num tom um pouco suspeito que Apollo logo notou.

- Tranquilo, mano, qual que é a fita? - ele pegou o sanduíche que tinha feito e deu uma mordida.

- Vou ser direto, parça. - Jotapê falou - O que 'cê tava fazendo dormindo com a minha irmã? - o garoto engasgou com a comida e teve que dar um gole no café pra ficar bem.

   Apollo limpou a garganta, se esforçando para não demonstrar o nervosismo que subiu de repente.

- Não foi nada disso, Jota. - disse Apollo, tentando manter a voz firme - Eu só dormi lá porque meu quarto tava ocupado. Nada demais.

- Ocupado com o quê? - Jotapê estreitou os olhos, cruzando os braços.

- Com o casalzinho ali. - apontou para o casal realeza do detroit, que estavam sentados juntinhos na sala.

   Jotapê não pareceu convencido.

- E você foi parar justo no quarto da minha irmã? Mano, 'cê sabe que a gente é amigo, se tu tá de gracinha com ela, conta logo.

- Relaxa, cara! Eu tentei dormir no sofá, mas tava muito desconfortável e ela deixou eu dormir lá no quarto. E foi só isso, sem segundas intenções.

   O garoto de dreads o encarou por mais um segundo antes de soltar um suspiro, balançando a cabeça.

- Mano, vou acreditar em você... Por enquanto. Só tô de olho, fechô'?

- Fechô', mano. - Apollo forçou um sorriso enquanto Jotapê se afastava, aliviado que aquela conversa desconfortável finalmente tinha acabado.

   Ele sabia que Jota não estava acusando de verdade, mas a tensão no ar não podia ser ignorada.

•••

q noite difícil pra querida athena 😔😔