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Peter Scott Swift-Kelce - 2039

Fiz o possível e o impossível para não estragar o final de semana da Lídia aqui em casa. Toda vez que olhava para meus pais aquela matéria voltava a passar na minha mente, as fotos comparando, as palavras escolhidas... Eu não queria acreditar na possibilidade de ter sido enganado por todo esse tempo.

          Meus pais também estavam tensos, ouvi eles falando sobre conversar com a tia Tree e sei muito bem que aquele tom não era referente à uma conversa tranquila entre amigos, mas algo que poderia afetar o mundo inteiro única e exclusivamente por se tratar da nossa família. Eu não gostava dessa sensação de impotência e estranheza.

          Essa tarde parecia o prelúdio de uma tempestade que viria para arrancar tudo do chão e eu não estava gostando nenhum pouco disso. Minha irmã tinha ido dormir na casa da tia Blake, tia Tree tinha passado boa parte do dia aqui, prendendo meus pais no escritório com sabe Deus quantas broncas, mas quando ela foi embora toda a tensão que pairava pela casa pareceu se multiplicar por um milhão. Meu pai saiu para comprar alguma coisa para o jantar e minha mãe finalmente emergiu de seu escritório, me chamando para entrar com um simples gesto feito com a mão.

          Analisei cada pequeno detalhe em sua postura, olhar, até mesmo na forma que ela respirava. Meu pai me ensinou que eu sempre deveria prestar atenção nas pequenas coisas que minha mãe e minha irmã demonstravam. Agora de perto, olhando e analisando como evitei fazer durante os últimos oito dias, pude ver as olheiras que deixavam os olhos azuis e levemente opacos com o cansaço ainda mais fundos, seus ombros estavam encolhidos, a cabeça abaixada, o movimento ritmado de seu peito dedurou que respirar provavelmente estava sendo uma tarefa difícil, o osso de sua clavícula estava mais evidente do que o comum e isso fez com que minha mente entrasse em estado de alerta.

          Logo que Marjorie e eu começamos a entender as coisas o nosso pai sentou conosco na mesa do seu escritório da casa e nos explicou sobre o transtorno da mamãe. Uma coisa que ficou clara naquele dia foi que as crises não eram frequentes já havia muitos anos, mas em situações de extremo estresse ou pressão psicológica causada pela mídia as coisas saíam de controle e ela simplesmente aceitava ser jogada ao chão por aquele maldito impulso autodestrutivo.

— Mãe...- chamei baixinho. — Você comeu hoje?- seu olhar encontrou o meu em um desespero mal disfarçado, ela acenou de forma positiva enquanto abria espaço para que eu pudesse entrar naquele espaço restrito da casa. — Não vale se você tiver vomitado.- adicionei a observação e aquilo fez com que seus ombros se juntassem ainda mais ao corpo.

          — Seu pai foi buscar alguma coisa, vai ficar tudo bem.- murmurou enquanto se acomodava em sua cadeira e eu me sentava em uma outra que ficava um pouco a frente da mesa dela. Ela estava rouca como quem tinha passado dias gritando sem nenhum sinal de estar sendo ouvida.

Fiquei quieto olhando para ela, aquela matéria tinha feito com que eu criasse um abismo entre nós dois desde que fiz a merda de abrir aquele link. E aquela maldita distância que eu coloquei entre nós dois estava fazendo com que ela se punisse.

          Seus olhos, embora voltados em minha direção, não conseguiam se focar em mim. O azul que sempre foi extremamente brilhante estava opaco, os olhos vidrados denunciando que sua mente fervilhava cogitando mil e um cenários onde tudo com certeza dava errado, a palidez denunciava que provavelmente ela nem mesmo saia do quarto quando eu e minha irmã não estávamos em casa, a pequena ruga de preocupação entre as sobrancelhas deixava claro que tudo que tem tirado ela da cama eram as intermináveis discussões com a tia Tree. Mas nada me dava a resposta que eu queria ouvir.

          — Você viu?- foi um sussurro que por pouco não pude ouvir. Acenei de forma positiva. — Em qual veículo?

— Site oficial do Times.- murmurei como resposta.

— Pelo menos foi um dos textos mais leves do assunto.- outro alerta soou em minha mente. Ela estava sendo caçada pela mídia como se fosse um pedaço de carne atirado a uma alcateia de lobos famintos desde aquela sexta-feira. — O que quer saber?

— Meu pai é realmente meu pai?- seu corpo se encolheu um pouco mais na cadeira, as pernas sendo trazidas para cima da cadeira enquanto ela abraçava os próprios joelhos. — Quero a verdade.

— Não...- a palavra saiu num sussurro tão fraco que eu tive que me esforçar para realmente entender o que ela tinha dito. — Não é.

Tudo girou por uma porção de segundos, me forcei a olhar seu rosto novamente, os olhos ficando terrivelmente vermelhos com as lágrimas que ela não iria derramar na minha frente. Nunca na minha vida eu tinha visto minha mãe como alguém fraco ou vulnerável, mas era impossível não ver toda a vulnerabilidade exposta bem diante dos meus olhos. Uma lágrima escorreu e ela limpou com tanta pressa que meu coração resolveu não bater por meio milésimo de segundo.

— Desculpa...- a voz saiu quebrada, o nó em sua garganta ficando evidente pelo tom trêmulo e engasgado.

— Ele sabe?- tudo que ela fez foi acenar positivamente. — Desde quando?

— Desde o primeiro dia... Nos conhecemos durante o seu parto.- não esperava uma resposta como essa. — Eu tinha acabado de sair do palco e de quebra descobri que tinha um bebezinho querendo me conhecer. Meu sonho estava se tornando realidade no momento mais caótico da minha vida e tudo que eu fiz naquele momento foi agradecer mentalmente por não estar mais junto com seu outro progenitor.

          — Quem ele é?

          — Aquele que está na capa de todas essas matérias...- em um flash me lembro de quando cedi e pesquisei sobre o tal ex da minha mãe, o processo inteiro e a sentença que ele recebeu está na internet para qualquer um que quiser olhar.

          — A noite que eu... Que eu fui concebido, foi consensual?- as palavras enroscaram em minha garganta e um no se formou quando ela se encolheu ainda mais e desviou o olhar, uma prova silenciosa de que aquilo não foi uma relação que ela queria ter com ele e foi forçada a ter. Eu era a porra do lembrete vivo de toda a dor que ela passou e mesmo assim ela olhava nos meus olhos todos os dias e dizia o quanto me amava e o quão orgulhosa estava de quem eu estava me tornando. — Desculpa. Me desculpa, por favor.

          — Pet, meu amor, você não tem absolutamente nada pelo que se desculpar, não pegue a culpa de algo que alguém fez. Você não tem culpa nenhuma pelas atitudes dele, ninguém tem.- ela ainda estava rouca quando se levantou e me guiou até o sofá e me acolheu em seus braços como fazia quando eu era uma criança. — Você e sua irmã são meu sonho. O maior desejo que eu pude ter a honra de realizar. Vocês são meu mundo, não importa o que aconteceu comigo para que isso acontecesse, entendeu?

          — Mas...- ela negou com a cabeça, me fazendo entender que aquele assunto não traria nada além de dor. — Como... Como o papai entra nisso tudo?

          — Ele percebeu que eu fiquei com medo quando disseram que eu teria que entrar em contato com o pai do meu bebê e se ofereceu para assumir sua paternidade. Ele tinha ido no show porque queria me entregar uma pulseira da amizade com o telefone dele, então ele entregou todas as informações da vida dele e deixou que eu fizesse a minha escolha. Só nos beijamos pela primeira vez quando você já tinha uns dois meses, ele respeitou o meu espaço e o meu tempo e isso nos leva a família que somos hoje.- deixou um beijinho na minha cabeça e me abraçou um pouco mais forte.

          — Mãe... Eu não quero ser filho de um abusador.- murmurei escondendo o rosto no pescoço dela.

          — Que tal ser filho do melhor Tight-End da liga então? Mesmo que ele não jogue mais.

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Capítulo sensível q marca a última vírgula dessa short fic, o próximo já é o ponto final

Not Secret Anymore - Tayvis short ficOnde histórias criam vida. Descubra agora