"Ele encerra tudo... tudo o que restou. O mundo ruiu ao meu redor. Mas isso, isso, pode ser o bastante para aparar as arestas de meu coração, que um dia foi vivo."
-A maldição do mar
_______________________________________Neuvillette achou que o mais correto era levantar-se e saudar respeitosamente a pessoa que acabara de chegar e que parecia tão importante.
Rapidamente ele pôs-se de pé e curvou-se.-Alteza.
Mas quando seus olhos encontraram os do homem que estava diante dele. Ele sentiu seus pés flutuarem, perguntando-se, se aquilo era realmente possível...
Não...
Poderia ser alguém muito parecido...
Não...
Em qualquer mundo, universo ou dimensão que ele fosse, cada vez que encontrasse Wriothesley, ele o reconheceria...
E aquele era...
Era...Ele engoliu em seco, sentindo as lágrimas se acumularem ao redor dos olhos. Tantos anos, esperando aquele encontro. Tanto tempo, que as palavras se perderam e ele não foi capaz de dizer nada. Sentia tanto, e não era capaz de expressar esse sentimento.
-Tanto tempo passou, mas você não mudou nada. -Wriothesley o envolveu em um abraço apertado, sentido o coração do outro Bater descompassadamente.
-Preciso falar a sós com você, mas não suportava mais ter que esperar tanto. Me acompanha? - Perguntou gentilmente.
Neuvillette encarou Sigewine.
Ela deu de ombros, mais preocupada com os biscoitos do que com o que estava acontecendo alí.
Ele acompanhou Wriothesley até uma carruagem bastante luxuosa.-Entre.
Neuvillette observou que havia uma bandeja com alguns doces e algumas taças de água.
-Eu lembro que você gostava... Prove.
Neuvillette bebericou a taça vagarosamente saboreando. Não sabia dizer se era o fato de vê-lo novamente, ou realmente o sabor incrível.
-É... Agradável. -Wriothesley sorriu.
-Por um momento pensei que tivesse perdido a habilidade de falar.
-Eu só, não sabia por onde começar, ainda não sei, na verdade. - O outro segurou seu queixo.- teremos muito tempo para... Entender tudo.
Com essas palavras ele tomou os lábios do outro carinhosamente, saboreando o gosto que tanto ansiara por sentir, a cada instante daqueles séculos que passaram.
Neuvillette parecia hesitar, mas aquele toque era tão familiar que ele não conseguiu fazer nada a não ser entregar-se, seu corpo ansiava por tê-lo para si.
Ele arfou e com um suspiro satisfeito o duque se afastou, mirando-o com devoção.
-Eu não entendo... Como é possível? -Wriothesley riu, e segurou uma mecha branca entre os dedos.
-Essa é uma longa história... Quando chegarmos ao palácio, eu lhe explicarei... Tudo.
Os cavalos apressaram o passo.
-E Sigewine? -Neuvillette perguntou lembrando-se de repente.
-Ela é bem independente, na verdade. Tem algumas coisas a resolver na vila, por isso quis poupá-la do trabalho de retornar ao castelo. -explicou.
-Esse lugar é...
-No seu mundo, vocês o conhecem, como pós vida... Além... Reinos dos mortos... Mas aqui, Nós simplesmente o chamamos de Zíryan.
-Então, você está realmente...? Por alguma razão Neuvillette se recusava a pronunciar tais palavras, não importava se passara meio milênio, ele nunca aceitaria isso, mesmo que representasse a verdade.
Wriothesley suspirou tomando uma de suas mãos e entrelaçando os seus dedos.
-A verdade é que não é tão simples... Este mundo é apenas a continuação do outro... - sorriu. -Olhe para mim... -Neuvillette engoliu em seco e limitou-se a encarar aquela face. A mesma que desejava ver antes de dormir e logo depois de acordar.
-Ainda sou eu... Com ou sem um coração palpitante... Embora devo admitir que se ele ainda fosse capaz de bater, seria impossível controlá-lo agora...
Neuvillette meneou a cabeça.
-Algumas coisas não mudam, não é mesmo? -ele sorriu sincero.
Com um solavanco a carruagem parou.
Um dos cocheiros abriu a porta.
-Chegamos alteza! -Ele se posicionou ao lado e esperou que os dois saíssem.
O dragão observou o grande portão dourado que se abriu diante deles, os dois se encaminharam por um longo jardim, com duas fontes grandes, cujas estatuas pareciam anjos.
Havia uma diversidade de rosas azuis e brancas.
-Algo nelas... Me fazia lembrar de você. -Wriothesley admitiu um pouco tímido.
O outro o fitou demoradamente, seus olhos escorregando para os lábios do duque, sempre que ele se distraía.
-Por quê tanto tempo? -neuvillette se encontrava ansioso por respostas, tentava manter seu auto controle, mas este lhe fugia como água escorrendo pelas mãos.
Wriothesley deu um sorriso triste.
-Me acompanhe.
O palácio do duque era grande e confortável,com uma lareira que queimava e aquecia o ambiente, vasos grandes com as mesmas rosas azuis do jardim enfeitavam a maior parte do castelo. Depois de caminharem por uma série de degraus eles chegaram ao quarto de sua alteza.
A porta se abriu com um ranger e os servos foram dispensados deixando os dois a sós.
Wriothesley se aproximou vagarosamente e tocou a túnica de Neuvillette suavemente.
-Sabe qual foi a primeira coisa que pensei quando te vi vestido de forma tão simples?
O outro meneou a cabeça e os olhos do duque repousaram em seus lábios.
-Como poderei me controlar até chegarmos ? Seria tão fácil arrancá-la de você... -Suas mãos deslizaram por debaixo do tecido e ele sentiu aquela pele quente... Com a outra ele desfez o nó rapidamente e suspirou ao ver o outro completamente exposto diante dele...
-Wriothesley...
-Você não quer?
O outro permaneceu em silêncio
-Mesmo depois de tanto tempo e tantas noites ainda é difícil pra você admitir que me deseja? -Ele riu baixinho. -Mas não é preciso, eu vejo em seus olhos.
-Tratante! - Respondeu com um sorriso, deixando-se levar quando o outro arrastou-o para si, colando seus corpos e beijando-o com ferocidade.
Neuvillette deslizou suas mãos por debaixo de todo aquele tecido, rasgando em pedaços as vestes do outro, quem não o conhecia poderia julgá-lo por sua aparência fragil, mas a verdade é que aquelas mãos pálidas e delicadas escondiam uma força extraordinária.O outro arfou, tomando seus lábios violentamente mais uma vez, eles desabaram sobre a cama, um ânsia incontrolável de finalmente se unirem depois de tanto tempo.
***
-Me diga... - O duque começou. - Por onde você quer que eu comece?Neuvillette franziu o cenho.
-Desde o começo... Desde... Aquele dia. - Sua voz tremeu levemente. O duque segurou suas mãos e plantou um beijo suave em seu rosto absorvendo aquele cheiro do qual sentira tanta falta.
-É. Não foi um dia muito agradável. Principalmente por que na época eu não sabia se iria voltar a vê-lo. Mas cá estamos nós.
Neuvillette montou sobre o outro e o encarou. Acariciando seu peito.
-Dessa vez não vou deixá-lo ir! -Havia tanta firmeza nos olhos do dragão que o outro apenas assentiu com um sorriso de entendimento mútuo.
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O Oceano Sagrado e a Máscara da Dor
FanfictionQuando o homem que amava some misteriosamente, Neuvillette se dedica a procurar formas de encontrá-lo, ou pelo menos compreender o que aconteceu. A medida que ele se aproxima da verdade, descobre muito mais sobre si mesmo e sobre aquele mundo que ju...