04

45 12 0
                                    

Eveline

- A gente com certeza merece uma praia, que loucura foi essa que o nosso maior chefe agora é aquele homem? - Natalie fala sugando sua água de coco pelo canudo.

- Rui deve ter feito merda - Digo enquanto passo protetor no Liam. - Senta um pouco aqui filho, cava aqui, mamãe já vai nadar com você. - Digo colocando ele no meio das minhas pernas.

- Disso eu tenho certeza, a questão é, o Rui já era uma peste e o filho dele parece o próprio demônio, você viu como ele falou e agiu o dia todo? Ficou analisando todo mundo, e a gente sente até medo de respirar errado.

- Não acha que isso vai ser bom para a empresa?

- Cara, ter medo de respirar? Não. Eu acredito sim que as coisas possam ir bem, mas sei lá, ele não me parece uma pessoa muito amigável ou legal.

- Finalmente um sábado livre, vamos parar de falar de trabalho - Quase imploro e ela concorda.

Eu brinco um pouco com o Liam, nado com ele e depois o Emerson passa aqui para buscá-lo. Ele insiste em me chamar mas eu nego mais uma vez e volto para a areia me sentando.

Passo a tarde com a Natalie e vou para casa. Tomo um banho demorado, visto algo confortável e me deito cansada, de repente Diana aparece em minha casa.

Diana é minha melhor amiga.

- A não, ninguém aguenta essa vibe uó, vamos lá se arruma que a gente vai sair. Meu amigo é dono de uma boate e temos área vip lá. - Entra já toda energética.

- Não, fala sério... - Jogo a cabeça para trás. - Eu passei o dia na praia, só quero dormir.

- Quanto tempo não saímos juntas Eve? Anda logo vamos, se arruma.

Eu continuo negando e ela insistindo e nessa acabo cedendo. Me arrumo e faço uma maquiagem simples, então chamamos um Uber e fomos.

Entrando no lugar estava completamente lotado, quase caindo gente para fora, nessa fiquei angustiada, eu realmente não sirvo para isso.

Pessoas derramando bebidas toda hora, muito suor, música alta, pulos e isso me abala, me deixa sem ar. Diana pede algo com álcool e eu peço uma água vendo a careta dela, mas nem ligo muito. Quando olho para o fim do balcão eu até forço as vistas para ter certeza e ali está o meu novo chefe, conversando com o garçom sério com a carranca de sempre no rosto, enquanto batuca os dedos no copo de uísque.

- Ai não, até aqui o serviço me persegue - Jogo a cabeça para trás respirando fundo.

- Por que gata?

- Aquele ali é o mais novo dono das maiores ações da J Archie - Aponto com a cabeça. - E detalhe, é filho do Rui.

- O que? Mentira. - Ela diz com a boca aberta. - Que gatinho.

- É lindo, mas você precisa ver a pressão que ele colocou sobre nós ontem, até eu fiquei intimidada. Nati tinha achado ele lindo isso e aquilo mas agora implicou, tá com o cu na mão. Tem mais, ele vai demitir uma boa quantidade de pessoas.

- E você não tá com medo?

- Tô pensativa já que conversamos e ele disse que ouviu que eu era dedicada, parecia, isso e aquilo, então espero que não. - Tomo um longo gole de água. - Eu quero saber de onde ele saiu, tipo, sei lá, tenho tantas perguntas.

- Vai lá e faz - Ela diz maliciosa me cutucando.

- Por acaso você enlouqueceu? É claro que não. É capaz de ele jogar uma pedra na minha cabeça - Diana riu.

- Vamos dançar. - Ela me puxa pelo pulso e nós fomos nos misturando no meio das pessoas.

Eu até tento me distrair, dançar, mas em tudo que eu penso é em minha cama. Diana me puxa para ir falar com o dono daqui, e ela já chega dando um beijo nele, me deixando em uma situação melhor ainda. Me apoio na grade olhando lá pra baixo e fico observando as pessoas, o quanto elas são energéticas, como dançam, o uso de drogas e consumo de álcool, uma loucura.

Bato meu olhar perto do balcão e o Martim continua ali conversando enquanto bebe tranquilamente, por um tempo fico observando cada movimento dele, a expressão séria no rosto, a postura, como levava o copo até a boca e suas expressões corporais enquanto conversa.

Olho para trás vendo que a Diana ainda tá se pegando com o cara e desço as escadas indo a caminho do bar. Me aproximo do balcão e apoio meus braços ali pedindo um drink para o barman, e quando olho para o lado o olhar dele me atingiu.

Falo oi ou não?

- Ah, oi... - Aceno sem graça.

- E aí. - Diz acenando com a cabeça e eu me aproximo mais.

- Gostou do lugar?

- Mais ou menos, não é meu tipo de balada favorito, e eu não conheço muita coisa da cidade então vim em qualquer uma. - Fala me olhando nos olhos sem desviar. Limpo minha garganta e desvio sem graça.

- É sua primeira vez aqui no Rio?

- Não, já vim algumas vezes, mas nunca explorei.

- E de onde você é? - Coloco meu cabelo para trás e volto a olhar para o rosto dele.

- Nasci em Minas, cresci em São Paulo e com vinte fui morar em Londres, voltei semana passada.

- Que legal. O seu sotaque é bem neutro. Foram quantos anos em Londres? Gosta de lá?

- Sete anos e meio, e eu me adaptei, gostava sim de lá. - Leva o copo de uísque até a boca com o olhar em meus olhos ainda. Qual é, que vergonha.

- Legal. Eu já fui para São Paulo, Minas e só... Nunca fui para nenhum lugar a mais.

- Se você tiver interesse eu indico que vá, o mundo tem muito para nos oferecer.

- Realmente, só que eu não sou uma pessoa muito animada sabe? - Ele ergue o olhar e eu puxo um banquinho me sentando. - Sei lá, talvez eu não goste tanto de riscos.

- O risco nos proporciona coisas boas que se não nos arriscarmos nunca saberemos o que foi perdido, o que poderia ter dado certo, no meu caso, eu gosto de riscos. - Ele diz firme colocando o copo no balcão e volta a me olhar.

- É uma boa dica...

- Você veio sozinha?

- Não, vim com uma amiga mas fiquei de vela e vim buscar uma bebida. E você?

- Sim, tenho a mim e a mim aqui no Rio.

- Se precisar de algo pode me perguntar, posso te indicar lugares ou ajudar com algo, é complicado mudanças.

- Uhrum.

- Bom, então boa sorte, até mais. - Me levanto segurando meu copo e ajeito a bolsa em meu ombro vendo seu olhar em mim.

- Uhrum. - Ao mesmo tempo que ele parece tranquilo ele parece... Não sei.

Me viro saindo dali e me sinto observada, por extinto me viro para conferir e ele realmente está me olhando. Merda, vou esquecer como andar...

Subo as escadas e a Diana se aproxima dando um tapinha no meu braço.

- Sua vaca fiquei que nem maluca te procurando.

- Qual é você estava trocando salivas e eu fui buscar bebida. - Estendo o copo.

- Bebida sei... Eu vi você de papinho com o gato ali.

- Conversamos pouco, ao mesmo tempo que ele parece tranquilo ele não parece estar querendo conversa, e eu não quero que soe estranho também.

- Ai você é uma boba, eu tropeçava, caía na cama dele e depois culpava a bebida.

- Para com isso Diana - Nego com a cabeça rindo.

E aí amigas, mais um hoje?

Deixem o voto aí

Laços Do Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora