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Eveline

Surpresa é a palavra que me define. Leve, ele é leve. Eu o achava super sério mas ele já deu várias risadas e sorrisos, inclusive, que risada, que sorriso...

Eu estava me divertindo muito interagindo com o bêbado e com ele enquanto jogavam. Após uma partida que ele ganhou nós voltamos a conversar sobre várias coisas, ele se sentou ao meu lado no balcão enquanto dois senhores estavam jogando.

— Qual o nome do seu filho? — Martínez pergunta me encarando.

— Liam, ele é o amor da minha vida.

— Eu posso imaginar, deve ser um amor de outro mundo mesmo.

— Com certeza, não cabe no peito.

— Legal. Tô aqui raciocinado que eu nem perguntei se você era solteira né? Porra! — Coça a nuca e eu dou risada.

— Sou solteira sim, também não te perguntei.

— Também sou, claro. Isso me alivia viu Eveline.

— Hum é?

— Óbvio. — Isso me deixou nervosa, bem nervosa.

Nós começamos a falar sobre diversos assuntos e depois ele sugeriu que eu jogasse sinuca com ele, e mesmo não sendo tão boa eu fui.

Consegui fazer a bolinha branca voar arrancando risadas de várias pessoas no lugar, e fazer Martínez arregalar os olhos vendo a cena, me fazendo gargalhar também.

— Tem regra para quando a bolinha voa também? — Digo passando por ele que ergue as sobrancelhas.

— Não, você inovou.

Um moço trouxe a bolinha de volta e nós voltamos a jogar. Eu fiz mais bolinhas voarem com minhas técnicas maravilhosas e ele se aproximou dando um suspiro.

— Você é péssima, olha só, se posiciona assim — Ele diz do meu lado sem encostar muito em mim, respeitoso e eu sorrio não deixando de me sentir nervosa pra caralho. Que homem fodido, me deixar assim é um feito. — Agora você segura aqui, e mira lá, entendeu? Foca nesses dois dedos aqui.

— Sabia que se escutassem isso sem saber o contexto seria bem estranho?

— Com certeza — Ele riu me fazendo sentir sua respiração bater na minha nuca me fazendo arrepiar e me deixando ainda mais nervosa. — Vai, tenta assim.

Eu miro e faço do modo que ele ensinou conseguindo fazer as bolinhas rolarem da maneira certa, mesmo que não tenha sido uma jogada tão boa.

Quando fui perceber o dia já estava amanhecendo, e saindo dali nós dois descemos para praia que fica perto. Martínez estava altinho por ter bebido a noite toda, mas deu para perceber que ele é bem controlado.

— Não tô acostumado com o calor que faz aqui — Ele diz segurando seu tênis.

— Imagina sair de um país frio e vim parar logo no Rio.

— As coisas aqui acabam sendo mais simples de certa forma.

— Você pode me tirar uma dúvida?

— Hum?

— Os europeus fedem mesmo?

— Alguns sim, eu fiquei traumatizado. Eles não devem conhecer desodorante.

— Já ouvi falar bastante disso. Que tal um suco gelado agora?

— Bora.

Caminhamos até o quiosque e fizemos nossos pedidos, ambos suco de laranja.

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