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Eveline

Não obtive respostas do Martim então continuei ali vendo meu filme sozinha. Onze da noite, pedi comida pelo Ifood e fiquei ali existindo.

Olho para meu pijama mais velho que tudo e penso, desço assim ou não? Ah qual é, esse horário não deve ter ninguém no elevador ou andando pelo prédio.

Com preguiça de trocar de roupa assim que minha comida chega eu saio pelo corredor toda descabelada e com o pijama mais velho que minha avó. Clico no botão esperando o elevador, e assim que chega eu entro e clico no botão escrito térreo.

Me olho no espelho, que imagem terrível. Tudo bem até que o elevador para antes de chegar no térreo. Não, não, não pode ser. Passo a mão no rosto e me encolho ali no canto querendo me esconder, a porta então se abre e um homem no qual eu nunca vi pelo prédio entra no elevador. Ainda por cima é bonito.

Ai meu Deus, ai meu Deus.

— Boa noite. — Ele diz dando um aceno de cabeça.

— Boa noite. — Quase que a voz não sai de tão envergonhada que eu tô.

Não podia pelo menos amarrar o cabelo direito Eveline? Mas que merda.

Ele se encosta parecendo tranquilo enquanto mexe no celular e eu fico ali igual um espantalho, se eu fosse ele quando entrasse acharia que é a menina fantasma do elevador.

Em certo momento eu olho para ele que me encara de canto e então continua focado no celular.

Quando a porta de abre um alívio percorre meu corpo e eu deixo que ele saia primeiro logo indo até o porteiro.

— Boa noite Evandro, obrigada por pegar a comida. — Digo pegando a embalagem. Já tinha sido paga.

— Não é nada. Tudo bem com a senhora?

— Tudo por quê?

— Parece abatida... — Nossa.

— Eu só estava relaxada em casa. — Sorrio sem graça. — Boa noite. — Digo e volto a caminhar em direção elevador.

Paro de andar de repente quando tudo fica escuro. Energia acabou? Agora, fala sério. Eu moro nos últimos andares, mas que merda.

— O gerador já já deve funcionar dona Eveline. — Evandro diz.

— Sou cagona, fazer o que, agora é subir mil lances de escada. — Falo começando a ir pelas escadas.

Estou caminhando tranquilamente e uma família passa por mim indo para o térreo e eu fico sem graça mais uma vez. Escuto passos rápidos atrás de mim e olho vendo o mesmo homem de minutos atrás. Ah, isso só pode ser brincadeira.

Isso me obriga a subir rápido, quase correndo, não quero ficar perto. Mas o maldito consegue ser bem rápido também, e eu sou a porra de uma sedentária eu diria.

— Demos sorte — Ele diz com sarcasmo e da um sorriso enquanto passa por mim rápido como se não estivesse me humilhando.

— Ô, que sorte. — Agora eu que diminuo meu ritmo deixando ele ir na frente.

Era só deixar ele passar antes, está com os neurônios fracos Eveline?

— Cê mora em qual andar? — Ele para um pouco acima e olha para trás me encarando. Que droga, anda logo moço.

— Décimo oitavo. Você é novo aqui não é?

— Sim, me mudei hoje. Gerador já deve tá funcionando, bora pegar o elevador nesse andar aqui.

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