cap 8

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Lembro-me de Katheen, uma garota que entrou na minha vida e a mudou. Naquela época, eu era um menino reservado, marcado por traumas e inseguranças. Meu pai era ocupado demais para cuidar de seu único filho e minha mãe me odiava, seu desejo era me matar. Eu me sentia invisível, uma sombra no fundo da sala de aula, sem forças para enfrentar os desafios da vida.

Katheen era diferente. Era a garota que via além do que os outros viam. Com um sorriso radiante e uma gentileza genuína, ela fez de mim seu amigo. Era a única que me entendia sem necessidade de palavras. Cada encontro com ela em sua casa na árvore era uma pequena vitória, uma âncora em um mar turbulento de problemas familiares e solidão. Katheen me encorajava a falar, a enfrentar os medos e, acima de tudo, a acreditar em mim mesmo.

Então, um dia, sem aviso, ela desapareceu. Eu ia à floresta todos os dias, e ela nunca estava lá. Repeti esse ciclo por 4 anos inteiros. Fiquei perdido, me sentindo abandonado e incompleto, como se uma parte fundamental da minha vida tivesse sido arrancada.

Nove anos se passaram e, por mais que tentasse, a dor da perda nunca realmente desapareceu. Eu tentava seguir em frente. Trepando, fumando, bebendo, trepando, mas a memória de Katheen permanecia uma sombra constante, uma lembrança de um tempo em que as coisas pareciam mais simples e cheias de esperança.

Então, o destino fez seu truque mais uma vez. A vi, sem acreditar no que meus olhos estavam me mostrando. Eu a reconheci no dia em que ela me roubou. O tempo apagou o brilho de seus olhos. Ela não estava mais lá. Sua verdadeira alma havia perecido. Sinceramente, eu não sei como a reconheci, ela não era a katheen que desejo diariamente revê-la.

Foi difícil conhecer quem era ela, até porque eu não sabia que seu nome era Katheen até pouco tempo… Pensei que ela teria mudado o nome depois que a gente se separou, mas não, o nome dela sempre foi o mesmo. Sempre foi Katheen. Então, por quê? Por que ela mentiu dizendo que seu nome era Clamentina? Quem era Clamentina?

Fiquei noite sem dormir tentando descobrir quem era ela. Mas as noites que perdi foram todas em vão. Eu não sabia de fato de nada sobre a'nova Katheen', mas isso não importava agora. Até porque, eu descobrirei tudo dela. Ela vai me contar.

— Vai ficar perdido nos pensamentos ou vai me dizer o motivo de você me prender aqui? 

Sai de meu transe e a encarei. Katheen que estava com suas duas mãos algemadas. Seus pés não haviam contado com o chão. Estava totalmente submissa.

— Mas respeito. Até onde eu saiba, quem está em desvantagem é você — digo ainda encarando.

— Não por muito tempo. — A garota fala com um sorriso. 

— Ninguém além de mim, sabe da existência desse lugar. — digo, retrucando seu sorriso. 

— Tenho um ra… — interrompo sua fala.

— Tirei o seu rastreador. 

A garota buja e assopra uma mexa de cabelo que havia caído em seu olho.

— Me diz, Kathleen. Por que você mentiu seu nome? 

— Meu nome sempre foi Katheen. 

— Então, por que você falou que era Clamentina? 

Percebo que seu corpo se congela e seus olhos se arregalarem. Pela primeira vez vi alguma reação verdadeira de Kathleen. Uma reação que não era forçada e nem mesmo obrigada a fazer.

— Como você sabe da existência desse nome? — A garota fala tentando suavizar seu corpo e voz.

Devo dizer a ela tudo que sei de nossa infância? Tudo que a gente passou junto? Ela parece não se lembrar de nada literalmente de mim. 

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