Café, Amor e Búzios

CAPÍTULO DEZENOVE

O capítulo pode conter *gatilhos e cenas delicadas à algumas pessoas*

Pov: Narrador

Assim que uma das enfermeira fechou a porta do quarto, Freen gritou solicitando o desfibrilador percebendo que sua massagem cardíaca não estava surtindo efeito, duas enfermeiras correram para fora, o que chamou a atenção de Faye; ela tentou perguntar às profissionais o que estava acontecendo mas tudo o que puderam responder foi "aguarde e mantenha a calma". View chorava insistentemente sentada em uma das cadeiras da sala de espera, Rebecca tentava acalmá-la enquanto Marissa estava em estado de choque, seu corpo trêmulo e seu coração acelerado indicavam que não demoraria muito até que ela tivesse um ataque de ansiedade. 

As enfermeiras voltaram em poucos segundos com o aparelho de choque, deixando-o pronto para uso ao pararem ao lado da doutora Sarocha, que não parou em nenhum momento com a massagem cardíaca. A médica abriu a camisola hospitalar de Yoko e colocou as pás sobre tórax da jovem, sussurrando para si mesma que aquilo traria Yoko de volta. 

- Carga pronta, preparar para o primeiro choque, afastem-se da paciente. - Sarocha disse séria, todos afastaram-se. O choque do desfibrilador foi descarregado fazendo com que o corpo de Yoko fosse impulsionado para cima, a médica encarou o monitor cardíaco por alguns segundos esperando que o mesmo voltasse a dar sinais. - Vamos Yoko... - Ao perceber que os sinais não voltariam, Sarocha ordenou que as enfermeiras ao seu lado preparassem um segundo choque, mais forte do que o anterior, enquanto retomava a RCP. - Por favor Yoko, não desista agora. 

- Segundo choque pronto, doutora. - Informou a enfermeira ao seu lado. Sarocha observou o relógio digital do quarto, averiguando se os dois minutos protocolares haviam se passado. 

- Preparem um miligrama de epinefrina. - A médica aplicava a massagem cardíaca com maestria e precisão, encarando fez ou outra o relógio até que o mesmo apontasse os dois minutos necessários para a aplicação do segundo choque. Após prepararem a agulha, um dos enfermeiros tomou a frente, aplicando o medicamento solicitado pela médica diretamente na bolsa de soro. - Vamos para o segundo choque, afastem-se. 

Mais uma vez, Sarocha descarregou os eletrodos no tórax da jovem que teve, novamente, o corpo fraco impulsionado para cima, mas nada adiantava, os sinais vitais de Yoko prosseguiam, em anos de profissão, Freen nunca havia se sentido tão apreensiva em relação a perda de um paciente, ela não poderia perder Yoko. Sarocha retomou a massagem cardíaca, solicitando uma dose de 300 miligramas de amiodarona em infusão em bolus, uma técnica onde o medicamento é aplicado num tempo menor/igual a um minuto, o mesmo enfermeiro preparou a agulha e foi o responsável por aplicá-la diretamente na veia de Yoko . 

Enquanto Freen e os outros profissionais lutavam pela vida de Yoko, Faye segurava fortemente as guias feitas pelos afilhados de Yoko; em lágrimas ela suplicava para que os orixás salvassem sua garota, e a cada choque dado em sua amada, a mais velha sentia uma forte pontada no peito, no exato lugar dos eletrodos. Marissa encarava o chão, tentando a todo custo não permitir que uma crise de ansiedade se iniciasse, ela tinha as mãos fechadas, as unhas apertavam sua carne mas nem ao menos dor conseguia sentir, os soluços agudos de sua irmã mais velha apenas pioravam toda a situação. Rebecca abaixou-se para que seu corpo ficasse na altura do de View e abraçou-a com mais força, afagando suas costas e sussurrando que tudo ficaria bem, aquelas palavras serviam tanto para a primogênita das Lertprasert, como para si, que também tinha os olhos marejados, transbordando com o medo de perder sua melhor amiga. 

O quarto choque foi aplicado enquanto mais uma dose de amiodarona era aplicada nas veias de Yoko, e a cada minutos que passava, Freen perdia um pouco as esperanças de trazê-la de volta. As mãos da médica já começavam a doer pela sequência desgastante de RPC aplicados.