Jardim de flores mortas | NOREN ✔️

Eu preciso de você

[ VI ]

EU PRECISO DE VOCÊ

— Eu sinto muito — foi a única coisa que o Sr. Lee lhe disse.

Renjun levanta seu olhar para ele, encarando-o sem conseguir formar uma frase. O sentimento de dor só aumentou quando os olhos vermelhos entraram em seu campo de visão, instintivamente esticou os braços e envolveu-os no pescoço do vampiro, puxando-o para um abraço. Aquilo não foi o suficiente para acalmá-lo, continuava chorando desesperadamente.

A mão do Sr. Lee foi até os fios macios dos cabelos de Renjun, fazendo-lhe carinho tentando consolá-lo de forma atenciosa. Um suspiro longo bateu contra pescoço do chinês, que decidiu subitamente se afastar. Seus olhos ainda estavam mergulhados em lágrimas, que não pareciam ter hora para acabar.

— Me desculpe, senhor — Renjun pediu com a voz baixa e trêmula.

Os olhos vermelhos deitaram em sofrimento, devagar o vampiro abaixou a cabeça para esconder o rosto franzido e cheio de mágoa. Em sua garganta um nó grande lhe impedia de falar, mas a reação natural do seu corpo não conseguia mentir sobre o que havia acontecido. Sua mão passou na lateral do rosto de Renjun, fez um carinho suave na pele pálida e afastou algumas lágrimas que escorriam em sua bochecha.

O chinês não entendeu aquele afeto súbito, no entanto, preferiu aproveitá-lo ao invés de debater a respeito. Precisava daquilo, precisava de carinho e sentir que havia alguém ao seu lado mesmo que fosse passageiro. Estava assustado em todos os aspectos, desde aquele assustador sonho vivido até a criatura que havia lhe pegado naquela manhã. Sua mente estava ligeiramente bagunçada, não conseguia se controlar, todos os seus neurônios pareciam ter se virado contra si.

— Renjun — a voz rouca e baixa lhe chamou, os olhos ainda não buscavam os seus e o toque se tornava cada vez mais suave em sua bochecha. — Eu...

As palavras morreram, tudo ficou em um completo silêncio e naquele instante Renjun notou estar com frio e sede.

— Eu não consegui te proteger — o Sr. Lee começou, suas palavras sopradas eram suaves e tristes. — Quando eu cheguei você quase não tinha pulso. Entenda, eu não sabia o que fazer. Eu realmente não queria te perder, fui egoísta e talvez te dei um futuro no qual você não queira fazer parte.

As palavras ainda pareciam ambíguas para Renjun, pois não conseguia juntá-las de forma coerente e entender qual era o real significado escondido dentro delas. Seus olhos se estreitaram e mais algumas lágrimas escaparam de seus olhos, enquanto seu rosto se virou levemente para o lado.

— Eu sabia que minhas memórias profundas seriam muito fortes, mas tinha que tentar... eu... eu realmente não queria te perder — os olhos vermelhos se encontraram como seus, duas lágrimas grossas escorriam no rosto do vampiro. Ainda não entendia o que aquilo significava, então continuou ali parado. — Espero que você possa perdoar o meu egoísmo, talvez depois disso você não queira me ver mais, quem sabe deseje sair da mansão. Eu queria... eu queria que isso não tivesse acontecido, porque...

O Sr. Lee se calou, prensou os lábios com força e todo seu rosto transmitia um sentimento de culpa. Suas palavras ainda ecoavam pelo quarto, Renjun pensava e processava lentamente todas elas. Era difícil entender, visto que as palavras eram sentimentalistas e escondiam a verdade por medo de assustá-lo.

Em um instante todo o corpo de Renjun se enrijeceu, seu rosto ficou inexpressivo. Parecia que ele havia entendido, mas ainda assim era difícil dizer. Não era fácil aceitar.

— Eu... eu morri? — a pergunta saiu sem nenhum sentimento, era tão vazia que Jeno se questionou se ele estava bem.

A boca do vampiro se abriu e se fechou, as palavras eram difíceis de se selecionar naquele instante. Precisava pensar com cuidado, não podia assustá-lo mais do que já parecia assustado. Não era a primeira vez que tinha aquela conversa, mas diferente de todas as vezes que conversou com o recém-transformado, não podia ser alheia, nem distante muito menos indiferente com o destino do chinês.