Eu preciso de um beijo

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[ III ]

EU PRECISO DE UM BEIJO

Os lábios macios eram pressionados contra os seus de forma suave e carinhosa, o gosto metálico havia se tornado irrelevante para seus sentidos. Renjun estava de olhos fechados, aproveitava, sem admitir, o beijo que ganhava do vampiro. Tinha se tornado frequente, mais do que frequente, constante. Jeno colocava seus braços pesados em torno de seu pescoço, sorriso de um jeito malicioso e beijava-lhe.

O peito do chinês subia e descia desesperado. Quando recebia as leves mordidas nos lábios seu corpo tremia, como quem perde as forças e, às vezes, o Sr. Lee tinha que lhe segurar. Isso acontecia porque o vampiro soltava demais o seu veneno, mas Jeno sempre era atencioso, lhe pegava no colo e o colocava em uma cadeira ou levava-o para o quarto para que pudesse se recuperar.

Quando os lábios do vampiro se desgrudaram do céu, fazendo um barulho estrelado, Renjun abriu os olhos lentamente e observou aquelas duas orbes vermelhas que brilhavam na sua direção. Rapidamente tentou se recompor, afastando-se minimamente do Sr.Lee alisou sua própria roupa e arrumou a gola de sua camisa. Constrangido demais para levantar os olhos e encará-lo novamente, Renjun limpou a garganta e perguntou:

- Está satisfeito, Sr. Jeno?

O vampiro sorriu e levantou sua mão na direção dos fios desordenados do chinês, a mão pesada bagunçou ainda mais os cabelos.

- Estou - ele respondeu com a voz rouca. - Obrigado.

Ouviu os passos pesados ecoarem pelo cômodo, o Sr. Lee havia saído da sala. Ainda de olhos baixos o chinês tentava acalmar o coração, que batia como se fosse um solo de percussão. Levantou seu rosto naquele ambiente vazio, ponderou ali há quanto tempo estava na casa. Faria 2 meses há 3 dias, o tempo havia passado tão rápido, ainda se sentia um desconhecido naquela mansão.

O Sr. Lee continuava misterioso, os corredores continuavam vazios e o lado de fora dominado por flores, mas, pelo menos, a dispensa estava cheia. Não era tão solitário quanto parecia, já que o vampiro era muito presente e falava bastante, mas reparou que nunca falava sobre ele mesmo, sendo assim continuava a ser uma grande incógnita.

E o fato de não saber nada sobre o vampiro incomodava Renjun, parecia que era lido como um quadro sempre. Quando tentava entendê-lo era como estar no fim de um corredor sem saída, o chinês estava sempre encarando uma parede branca.

- Renjun? Você vai ficar parado aí sozinho? - a voz do Sr. Lee ecoou no cômodo e tirou o chinês do mundo dos pensamentos.

Encarando a figura alta e pálida por alguns instantes, Renjun tentou lê-lo outra vez. Aqueles olhos pareciam dizer tanto, a vermelhidão contava algo, mas não conseguia entender nada além da tristeza que aqueles olhos sempre lhe passavam.

- Renjun? - a voz lhe acordou novamente, o vampiro tinha tombado a cabeça e lhe observava com preocupação.

- Ah o bolo! - exclamou ao se lembrar, correu rapidamente na direção da cozinha.

Um cheiro gostoso estava espalhado na cozinha, tudo que havia preparado para o café da tarde estava do jeito que havia deixado. Desligando e abrindo o forno, Renjun via um bolo de laranja bem dourado, pode suspirar aliviado por chegar a tempo.

Colocando as luvas tirou a forma e colocou em cima do fogão para esfriar, virou o corpo e se apoiou na bancada. Soprou uns fios de cabelo para cima para que eles saíssem de frente de seus olhos, que, então, perceberam a presença do Sr. Lee.

O vampiro se aproximou lentamente, seus olhos vermelhos fixos no chinês, que retribuía sem entender. Ele parou em sua frente, virou o rosto de um lado para o outro lhe analisando, como se houvesse alguma coisa errada.

Jardim de flores mortas  | NOREN ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora