Eu preciso dizer

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*AVISO*: Esse capitulo é pesado, então se você se sentir desconfortável, por favor, pare de ler. Não distorça as palavras escritas aqui, entenda a situação e lembre-se que é tudo ficção!

[ V ]

EU PRECISO DIZER

O corpo de Renjun tremia, seus olhos haviam se fechado com força quando a boca cheia de dentes afiados se aproximou, ao mesmo tempo em que inconscientemente se encolheu para evitar o ato invasivo. Seus esforços foram em vão, pois os dentes atravessaram o pano de sua roupa, romperam sua pele e furaram seu músculo lhe fazendo sangrar. A sensação desconfortável do sangue escapando de seu corpo sendo sugado com força, fazia-lhe ser dominado por um medo que se misturava com a invasão que estava sofrendo. Seus músculos se contraiam mais e mais pareciam tentar resistir, suas mãos batiam no tronco gelado e se debatia tentando se afastar.

Ele era muito forte e estava ficando cada vez mais fraco, em pouco tempo não teria mais como reagir. Eu vou morrer, pensou ao abrir minimamente os olhos. Nunca havia sido tão impotente em sua vida, não importa o quanto tentasse afastar o homem, não conseguia. Seu corpo lentamente começava a ficar mole, sua visão embaçada e, por algum motivo, estava com frio.

Seu corpo foi jogado no chão com violência, estava fraco demais para sentir, mas por conta disso era sabido por sua pouco consciência que era o fim. Suas pálpebras se fecharam, pois estava cansado demais para lutar.

Os pensamentos atordoados atropelavam à razão, transformando sua mente em um terrível caos de hipóteses e lembranças. Não conseguiu relaxar e todos os pensamentos estavam naquela última cena, naquela terrível criatura de olhos completamente vermelhos. O que ela era? E o que aconteceu depois que tudo em seu campo de visão se tornou nebuloso? Por que sentia-se consciente? Seu corpo estava tão pesado e uma dor constante percorria seu corpo, assemelhavam-se com pequenos choques elétricos.

Com um toque suave que navegou pelo seu rosto como um carinho, as pálpebras do chinês lentamente se abriram. A figura do céu azul-claro com poucas nuvens entrou em seu campo de visão, seus olhos se estreitaram com a vista e estranhou a completa calmaria. Tentou erguer o tronco, mas o comando não teve resultado. Um rosto pálido e delicado apareceu à sua vista, o perfil de uma garota que sorria sem lhe dirigir o olhar.

O consciente de Renjun buscou aquela figura simpática em sua mente, aquela mulher era familiar, contudo não conseguiu ter uma resposta. De sua boca saiu resmungo, aquele tom e aquela voz não lhe pertencia. Entretanto, aquele grunhido havia atraído atenção da garota, que abaixou o rosto lhe deixando vê-la com clareza.

Naquele instante, Renjun teve a certeza que estava morto, pois a pessoa a sua frente também estava morta. Aquela definitivamente era a mulher do quadro, os longos cabelos negros e olhar simpático que lhe era direcionado.

— O que você tem hoje? — a mulher perguntou em um tom antipático e, conjuntamente, brincalhão, pois lhe deu um leve tapinha e lançou-lhe um sorriso.

Sua face se franziu completamente, seu corpo demonstrava desgostar daquele comportamento através de suas expressões, contradizendo a realidade já que em seu peito era dominado por aquele calor incessante. Era uma felicidade abundante que não conseguia demonstrar da maneira correta, a verdade era que olhar para aquela garota lhe fazia feliz e Renjun não entendia o porquê.

Seu tronco lentamente se ergueu, primeiro seus braços se dobraram e seus cotovelos cutucaram à terra, deixando parte do seu tronco levantado. Em seguida, sua face virou passeando pelo jardim florido e calmo, aquela paisagem intensa que parecia ter sido tirada de um quadro lhe trazia uma paz interior. Seus lábios se curvaram para cima, uma risada fraca saiu de sua boca e sua mente parecia vazia, mas repleta de felicidade.

Jardim de flores mortas  | NOREN ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora