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6340, a. O.

Os escolhidos pela Aurora

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Os escolhidos pela Aurora.


A R C H A R D

Um bufo alto escapou de Cordélios quando desci de suas costas. Meus pés afundaram na grama estúpida do solo Primrone e precisei conter o estremecimento ao sentir o cheiro forte de flores vindo de todas as direções. As árvores farfalhavam ao meu redor e as folhas em seus mais variados tons enchiam a floresta, tornando a mata mais densa.

Toquei a testa do cavalo negro que, majestosamente, olhava para o ambiente como se estivesse num estábulo de quinta. Um sorriso quase imperceptível puxou o canto de minha boca ao fazer essa análise, Cordélios compartilhava de um traço de personalidade orgulhoso como o meu.

— Serão apenas algumas horas. — Disse observando seus olhos negros atentamente.

O sol ameno não me incomodava tanto quanto o sol escaldante de Solaria, mesmo assim não tirei o capuz que cobria meu rosto e também não me importei em prender o cavalo. Ele poderia andar livremente e encontrar uma sombra para descansar enquanto eu não retornava, Cordélios era astuto e não se meteria em problemas, assim como não se deixaria ser visto.

Meus passos eram silenciosos e de longe eu não passaria de um vulto negro caminhando pela floresta. Eu me sentia exausto, mas nem de longe deixaria aquilo transparecer para os outros. O treinamento intenso de horas atrás estava cobrando seu preço e, conforme lentamente avistava o conhecido chalé, eu só conseguia pensar em como gostaria de um dos bolinhos suculentos de Joan.

Quando todos completamos nosso primeiro século de existência e deixamos parte das intrigas geradas por nossas famílias de lado, fora mais fácil passar a alinhar nossos ideais, pelo menos os relacionados à Coroa. Não demorou para que percebessemos que precisávamos de um lugar com maior privacidade e, com o tempo, aquele velho monte de madeira podre, pedras e musgo, acabou virando nosso refúgio.

Sequer percebi o quão tenso eu estava até o momento em que cheguei frente à porta e meus ombros deixaram a rigidez de lado. A dobradiça rangeu e, mesmo assim, a conversa do lado de dentro não parou.

— Tire as mãos desse cesto, Rocky! — A inconfundível voz adocicada de Joan parecia impaciente. — Temos que esperar os outros.

— Ele não vai esperar. — Não precisei ver a figura de Chantal para saber que ela cruzava os braços e esboçava a feição mais desinteressada em seu rosto. — Rocky é um saco sem fundo.

— Qual é, Joan! — A silhueta alta e extremamente musculosa de Rocky foi a primeira que vi ao adentrar a sala de estar do chalé.

O grão-feérico parecia uma criança emburrada, contrastando totalmente sua fisionomia bruta e assustadora. Eu estaria mentindo se dissesse que cenas como aquela eram raras, mas ter crescido com ele e todos os outros tornava aquilo mais comum do que deveria. Seu sotaque carregado mesmo depois de quatrocentos anos não escondia sua origem invernal: Rocky tinha cabelos brancos, tão claros como a neve de sua Corte, curtos e em harmonia com as íris extremamente azuis. Seu porte costumava aterrorizar seus inimigos com a mesma facilidade com a qual Chantal os assustava somente com seus olhos.

SUBERIN | acotar (Em Breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora