11 - O próprio diabo (pt. 2)

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Acordei com dor. Minha cabeça tava explodindo. Com lentidão, abri meus olhos e temi ao ver que não estava em minha casa. À minha frente, eu via apenas um quarto comum; chão de madeira escura, paredes brancas, iluminação fraca e amarelada disponibilizada por abajures, duas portas, uma cama atrás de mim, quadros estranhos e até um pouco medonhos nas paredes, uma janela com cortina, guarda-roupa, escrivaninha com cadeira, luminárias e um cinzeiro. Tentei me levantar, porém, não consegui. Estava sem o apoio das minhas mãos. Elas estavam amarradas frente ao meu corpo com um cinto, me impedindo de levantar sem muito esforço. Estava deitada no chão.

Me lembro perfeitamente do que aconteceu; Samael me pegou. Poderia deduzir que esse era o quarto dele, entretanto, me surpreende que não haja prostitutas com cicatrizes na coxa ou nos seios por aqui... Claro, além de mim.

Balancei minhas mãos, tentando me soltar sem sucesso. Apenas machuquei meus pulsos. Pensei brevemente em gritar, porém, esse estúpido pensamento logo saiu da minha cabeça. Samael cortaria minha língua se eu gritasse.

Se eu ficasse ali por mais tempo, entraria em pânico. Samael devia estar furioso comigo. Eu tentei matar ele. E agora, ele iria me machucar. Puta merda, ele iria me machucar muito. E Bev? Porra... Ele deve ter matado ela. Eu estava perdida assim como todos à minha volta.

— É... — uma voz conhecida adentrou meus ouvidos, vinda de trás de mim, me trazendo súbito arrepio. — parece que Samael não curte brincar.

Cacei o rosto do arrombado e o achei acima de mim. Beliel estava sentado na cama, me olhando com um sorrisinho de canto.

— Seu desgraçado! Isso é sua culpa, puto do caralho!

— Minha culpa? — ele sorriu mais — eu não esfaqueei ninguém.

— Você mentiu pra mim! Você disse que o canivete ia... Porra! — minha voz saiu chorada — você mentiu pra mim! Seu merda! Você mentiu e agora ele vai me matar!

Comecei a chorar que nem uma criança. Estava desesperada. Samael iria me matar. Em pouco tempo, eu estaria morta e, se existir um inferno, eu, com certeza, vou pra lá. Isso era desesperador. Isso tudo.

Beliel continuou me encarando com indiferença. Eu podia ver que ele não ligava.

— Aquilo era um canivete normal com coisinhas a mais, porém, nada perigoso para nós, Ágatha — ele deu uma risadinha. — não achei que você acreditaria tão fielmente nas palavras de um estranho.

Senti meu interior doer. Isso era a pura humilhação. Estava fadada a desgraça desde quando encontrei Beliel e o dei ouvidos. Mais lágrimas saíram dos meus olhos que ardiam tanto que queimava.

— Se quiser, eu posso te soltar.

— Vai se foder! — disse entre soluços. — para de mentir.

Beliel suspirou e saiu da cama. Assim, em passos curtos, ele parou a minha frente e se agachou na minha altura.

A mão dele veio até o meu rosto, limpando uma lágrima que escorria sob a minha bochecha e, em seguida, tirando alguns fios de cabelo do meu rosto, os arrastando para trás da orelha. Virei meu rosto com agressividade.

— Não tô mentindo, putinha — ele sorriu, malicioso. — é assim que Samael te chama?

Senti vergonha. Samael me chamar assim já era humilhante, mas ele era meu dono. Esse imbecil que sequer era algo meu e queria me humilhar. Franzi a testa e cuspi no rosto dele.

— Putinha é a sua mãe.

Ele fechou os olhos assim que minha saliva tocou seu rosto. Com as costas da mão, ele limpou e logo voltou a me encarar.

𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora