— Bom, — disse, se levantando — de qualquer maneira, você precisa conhecer onde vai morar.
— Morar? — franzi a testa.
Ele sorriu e deu de ombros.
— Vou chamar um dos escravos para te mostrar a casa — virou as costas.
Ele fala com tanta naturalidade que quase não parece algo incomum.
— Infelizmente, tenho que sair.
Ele beijou a minha testa e saiu. Voltei a ficar deitada na cama, olhando pro teto. Fiquei assim até aquela mulher de mais cedo chegar. Ela se curvou frente a mim.
Desviei o olhar. Que sensação horrível. Nem quero saber o que se passa na cabeça desses escravos.
Me aproximei.
— Não precisa disso — toquei o ombro dela.
No momento em que minha mão tocou o ombro dela, a mulher recuou com um olhar assustado, quase como um animal arisco. Suas mãos se encolheram assim como seu corpo, recuando alguns passos com um gemido contido. Recuei minha mão e o passo que havia dado.
— Ah... — murmurei — desculpa.
Ela engoliu em seco e desviou o olhar. Fiz o mesmo. Ela endireitou o corpo. A pior sensação que já senti. Era óbvio que aquela mulher era tratada como um animal assim como muitos outros. É impossível que isso seja normal aqui.
Olhei para ela. Ela vestia um macacão escuro com calças e com uma camisa de mangas preta por baixo. Na lateral, no seio esquerdo dela, havia escrito: ala 19. Me perguntei o que significava antes de esquivar o olhar.
— O Senhor pediu para que eu lhe mostrasse a casa — sua voz era baixa, quase contida para que não fosse alta demais. Uma voz doce e suave que me lembrava, ao fundo da memória, Beverly.
Dei um sorriso triste. Balancei a cabeça.
— Eu não... — baixei o olhar — obrigada, mas eu não quero ver nada.
— Sinto muito, mas uma ordem foi dada a mim... Eu preciso crumpi-la.
Suspirei baixinho. Me perguntei o que aconteceria caso ela não crumpisse e logo afastei esse pensamento. Olhei para ela.
— Tá.
×××
A mulher me guiou para fora do quarto, me mostrando o corredor e as portas que indicavam outros quartos.
— Quantos demônios dormem aqui? — falei, olhando as portas.
— Por volta de 476, senhora.
— E por que dormem aqui?
— Porque Samael dorme aqui.
Franzi a testa.
— Isso é tipo um congresso ou...
— Minha senhora, aqui estão presentes todos que têm influência na Corte.
Então, na hora do pique-esconde, eu entrei no quarto de um...
Sorri. Meu deus.
Descemos as escadas e entramos no salão.
— Aqui é o salão de festas — um salão de rico comum.
— Me arranja uma bebida? — pedi.
— O que deseja? — virou para mim.
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𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18) [CONCLUÍDA]
HorrorO que você faria se acordasse de madrugada, imóvel, com um belo homem te encarando? Ágatha decidiu acreditar fielmente que isso era apenas um sonho e, eventualmente, ignorou - ou tentou ignorar - suas aparições. Mas isso se tornou impossível quando...