20 - Nova moradia

2.7K 153 90
                                    

— Bom, — disse, se levantando — de qualquer maneira, você precisa conhecer onde vai morar.

Morar? — franzi a testa.

Ele sorriu e deu de ombros.

— Vou chamar um dos escravos para te mostrar a casa — virou as costas.

Ele fala com tanta naturalidade que quase não parece algo incomum.

— Infelizmente, tenho que sair.

Ele beijou a minha testa e saiu. Voltei a ficar deitada na cama, olhando pro teto. Fiquei assim até aquela mulher de mais cedo chegar. Ela se curvou frente a mim.

Desviei o olhar. Que sensação horrível. Nem quero saber o que se passa na cabeça desses escravos.

Me aproximei.

— Não precisa disso — toquei o ombro dela.

No momento em que minha mão tocou o ombro dela, a mulher recuou com um olhar assustado, quase como um animal arisco. Suas mãos se encolheram assim como seu corpo, recuando alguns passos com um gemido contido. Recuei minha mão e o passo que havia dado.

— Ah... — murmurei — desculpa.

Ela engoliu em seco e desviou o olhar. Fiz o mesmo. Ela endireitou o corpo. A pior sensação que já senti. Era óbvio que aquela mulher era tratada como um animal assim como muitos outros. É impossível que isso seja normal aqui.

Olhei para ela. Ela vestia um macacão escuro com calças e com uma camisa de mangas preta por baixo. Na lateral, no seio esquerdo dela, havia escrito: ala 19. Me perguntei o que significava antes de esquivar o olhar.

— O Senhor pediu para que eu lhe mostrasse a casa — sua voz era baixa, quase contida para que não fosse alta demais. Uma voz doce e suave que me lembrava, ao fundo da memória, Beverly.

Dei um sorriso triste. Balancei a cabeça.

— Eu não... — baixei o olhar — obrigada, mas eu não quero ver nada.

— Sinto muito, mas uma ordem foi dada a mim... Eu preciso crumpi-la.

Suspirei baixinho. Me perguntei o que aconteceria caso ela não crumpisse e logo afastei esse pensamento. Olhei para ela.

— Tá.

×××

A mulher me guiou para fora do quarto, me mostrando o corredor e as portas que indicavam outros quartos.

— Quantos demônios dormem aqui? — falei, olhando as portas.

— Por volta de 476, senhora.

— E por que dormem aqui?

— Porque Samael dorme aqui.

Franzi a testa.

— Isso é tipo um congresso ou...

— Minha senhora, aqui estão presentes todos que têm influência na Corte.

Então, na hora do pique-esconde, eu entrei no quarto de um...

Sorri. Meu deus.

Descemos as escadas e entramos no salão.

— Aqui é o salão de festas — um salão de rico comum.

— Me arranja uma bebida? — pedi.

— O que deseja? — virou para mim.

𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18) [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora