23 - Diabo ausente

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Fomos para o quarto e nos sentamos na cama. Samael pegou o baseado e acendeu. Tragou. Passou para mim.

— Curte?

— Às vezes — sorri.

Peguei o baseado. Ótimo. Um baseado. Parece até piada. Mordi minha língua e traguei.

Samael se deitou na cama. Desabotoou os primeiros botões.

— E você? — perguntei — curte?

Ele deu de ombros.

— Entorpecentes não são muito a minha praia — pegou o baseado. — gosto só de fumar. Me deixa calmo.

Ele passou o baseado pra mim depois de um tempo.

— E você? — ergueu o copo para olhar pra mim. — o que te deixa calma?

Dei um riso fraco.

— Bebidas — traguei. — qualquer merda que me deixe chapada.

Passei minha mão pela cama e peguei um comprimido. Sorri pra Samael antes de colocar um na língua. Ele entendeu o que eu faria, então se aproximou. O beijei. Minha língua moveu o comprimido para dentro da boca dele. Nos separamos. Dei mais um sorrisinho antes de pegar outro comprimido e tomar.

Fiquei louca. Ele não. Aquela merda era fraca demais pra ele.

Transamos. No meio do oral, quando o rosto dele estava entre as minhas pernas, com suas mãos agarrando e mantendo minhas coxas afastadas, ele ergueu o rosto, só para me torturar, e sorriu. E eu pude jurar que, naquele momento, era Bev quem estava entre minhas pernas. Eu a vi ali. Lindamente viva.

Então, passou.

Era óbvio que não era ela. Só efeito da droga.

Depois da foda, ele me deixou na cama. Lembro que me deu um beijo na testa antes de ir, disse que tinha trabalho e que ficaria um tempo fora.

Ele sumiu por alguns dias. Não tivemos contato desde então.

Nesse meio tempo, minha vida continuou igual. Às vezes eu chapava, em outras, andava pelo lugar. No fim, continuava igual.

Em um dia qualquer, sai do quarto. Encontrei aquela mesma serva. Ela se curvou.

— Senhora — disse.

— 19 — cumprimentei.

— Deseja algo?

— Bebida, por favor. Uísque.

— Uísque de manhã, senhora? — falou, um pouco receosa.

— Sim. Traga quatro garrafas, se possível.

Ela me olhou um pouco mais e vi que queria questionar. Sustentei o olhar. Estava cansada de conversar e muito mais cansada de ficar sóbria. Ela entendeu e apenas assentiu. Se curvou antes de sair.

Por mais que eu já tivesse pedido que parasse de se curvar, ela sempre me cumprimentava e saia assim. Dizia que fora ensinada assim e que eu era a primeira que lhe pedia para não se curvar.

Infelizmente, comecei a assimilar seu comportamento com o de um cachorro. Fora ensinada a rolar, então rolava. Fora ensinada a dar a pata, então dava. Não havia como reverter. Algo incurável e profundo de seu ser. Algo eterno.

Ela não iria me desobedecer, não importa a ordem. Ela nunca desobedeceu alguém que estivesse acima dela na pirâmide do poder e, quando Samael saiu para "resolver um probleminha" — ele me disse com essas palavras — eu fiquei na chefia.

— Como diabos vou ficar no comando? — perguntei. Era logo de manhã. Tinhamos acabado de sair de uma brisa gigante (eu saí da brisa, ele sequer brisou) e ele me joga essa merda. Ele estava se vestindo (terno e tudo).

𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18) [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora