Fim

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Eu fui embora para proteger ela. Me ausentei de sua vida... Mas, ela, não da minha.

Eu a via sempre que fechava meus olhos. Era uma tortura lembrar do que não foi real, entretanto, também era reconfortante não ter sido real. Caso fosse real, ela seria muda e cheia de cicatrizes. Nunca desejei isso para o único ser que amei.

Que engraçado. Nunca pensei que sentiria algo assim. Engraçado e cruel.

Então, eu a visitava na calada. Aparecia sem que ela pudesse me ver. A via no cotidiano; estava feliz.

Ela estava com Beverly. Chloe com Damon. Todos felizes e saudáveis. Mas Bev tinha uma coisinha importante a contar para Ágatha: uma bolinha irritante crescia cada vez mais dentro do seu corpo, tomando sua vida e trazendo a dor e o desespero humano que só um câncer consegue trazer. Ela queria contar, obviamente, mas não conseguia. Estavam tão bem, ela pensava. Pra que estragar com algo que, de qualquer maneira, é inevitável? Era um pensamento bobo, mas ela gostava de pensar assim. Inevitável, né? Então aproveite até que se espalhe.

Ágatha beijava Bev com tanta paixão que eu quase podia sentir raiva... Não. Inveja.

Ágatha nunca me beijou assim. Com paixão. Sempre fora com ódio, medo, angústia, ou tesão quando estava entorpecida. Mas nunca sóbria. Nunca apaixonada.

Doloroso até para o próprio diabo, foi o que pensei e me fez rir.

Sabia que era uma tortura ficar assistindo ela. Mas não conseguia deixar de segui-la.

Percebi que na minha ausência, ela havia feito uma rotina. Primeiro, ia para a faculdade. Depois, para o trabalho na cafeteria, onde Chloe trabalhava junto. Por fim, voltava para casa. Isso era de segunda a sexta. Nos fins de semana, ou ela ia sair com seus amigos, ou passava com a Bev.

Gostava de ficar com ela. Dormiam junto quase toda noite. Eu odiava quando Beverly tocava minha garota, mas adorava ver ela gozando.

Eu curtia imaginar que era eu quem estava lá. Jogando ela na cama. Subindo encima. Arrancando suas roupas com urgência e sentindo sua pele contra a minha. Ela sorria. Beijava. Me ajudava a tirar as roupas. Eu beijava seu corpo, apertava-o. Penetrava. Via as costas dela se arquear. Penetrava de novo. Ela gemia meu nome. Bev, Bev, Bev.

A odiava. Odiava por ela ser quem Ágatha queria.

Era eu quem deveria estar aí. E eu fiquei nisso. Pensando, pensando. Rodando nesse dilema. Bom, nessa tortura, na real.

A vida no inferno continuava. Conforme os dias se passavam, mais estressado eu ficava. A ausência da Ágatha me machucou. Mas o que mais me machucou foi ver que ela não sentia falta. Estava feliz. Sua vida estava boa. Ela tinha um presente bom, um futuro bom e, em nenhuma dessas realidades boas, eu não estava. Só nas ruins.

Eu podia matar Bev. Podia mesmo. Torturar ela igual fiz com Kyle. Porém, de quê adiantaria? Ágatha acharia outro alguém. E depois de tudo aquilo, percebi que ela ama Beverly e não tem o que fazer sobre. Assim como percebi que ela nunca vai ser capaz de me amar.

Bom... Se o problema fosse Beverly, ela vai morrer de qualquer jeito.

Amargurado e solitário, eu fodia algumas putas que pareciam Ágatha. Uma delas, com cabelos um pouco mais claros do que os de Ágatha, olhos verdes e lábios carnudos e chamativos, era a minha favorita dentre elas. A que mais se parecia com Ágatha. Obviamente, apenas de aparência.

Ela era uma cadela suja. Eu cortei ela, na coxa. Não precisei amarrar, nem nada. Ela gostava de tudo aquilo. Era masoquista. Seu nome era Layane.

— Vai me amarrar, papai? — murmurou.

𝕯𝖊𝖒𝖔𝖓í𝖆𝖈𝖔 - 𝕯𝖆𝖗𝖐 𝕽𝖔𝖒𝖆𝖓𝖈𝖊 (+18) [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora