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Parisuma semana atrás

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Paris
uma semana atrás

O som da bola quicando no chão ecoou pelo ginásio, seguido de um breve silêncio antes de a torcida explodir em comemoração. A última bola, a que decidiu o jogo, tinha acabado de cair no lado turco da quadra. O Brasil finalmente conquistava o tão sonhado bronze.

As jogadoras brasileiras se amontoaram em um círculo de pulos e gritos de felicidade, enquanto metade do estádio fazia o mesmo.

Enquanto as turcas se retiravam em silêncio e as brasileiras comemoravam, meus olhos se fixaram em uma figura no meio do caos. Ela estava um pouco afastada, mas o brilho nos olhos castanhos, o sorriso cansado, e o jeito como ela erguia os braços para a torcida... Tinha algo hipnotizante nisso.

Gabriela Guimarães. O nome soava familiar na minha mente, mas o impacto da sua presença era completamente inesperado.

Antes que eu percebesse, meus pés me levaram até a beira da quadra. O calor dos refletores, o som abafado dos gritos e aplausos, tudo se misturava enquanto eu observava Gabi sendo cercada por suas companheiras de time.

Em uma fração de segundos, nossos olhares se cruzaram. Eu podia jurar que todo o ar dos meus pulmões sumiu num piscar de olhos.

Foi como se o tempo parasse; o barulho ao redor desapareceu, e tudo o que restou foi aquele momento entre nós. Gabi tinha algo fascinante, que me fez esquecer completamente do que estava ao meu redor, inclusive de Flávia, que correu até a capitã do time e pulou nas costas dela, fazendo Gabi quase cair de cara no chão.

— Ai, meu Deus! Vocês ganharam! — Flávia gritou, agarrando o pescoço de Gabi, que segurou firme sua cintura, soltando uma risada surpresa enquanto recuperava o equilíbrio.

Eu estava completamente vidrada naquela cena, como se estivesse assistindo a um filme do qual eu não conseguia desviar o olhar. Minha amiga, ainda agarrada a Gabi, falava alguma coisa que eu mal conseguia entender, porque minha mente estava ocupada demais registrando cada detalhe da expressão da Gabi, desde o sorriso até a leve vermelhidão em suas bochechas por causa do esforço da partida.

Então, do nada, alguém me abraçou de lado, dando uns tapinhas no meu ombro.

— Olha só quem apareceu, a garota de ouro da ginástica! — Carol sorriu grande, ainda ofegante pelo jogo pesado que acabou de terminar.

— Parabéns, Carol! Vocês arrasaram! — Eu gritei por cima do barulho da arquibancada, tentando, no mínimo, fazer minhas palavras chegarem até o ouvido dela. Por que tinham que ser tão alta?

— Valeu, Becca! — Ela se afastou um pouco para me encarar de frente. — Achei que você já tinha voltado pro Brasil.

Eu juro que tentei responder, mas logo meus olhos grudaram na Gabi, que estava mais próxima, conversando com outras jogadoras. Carol seguiu meu olhar e soltou uma risadinha, me empurrando de leve.

— Tá de olho na Gabi, hein? — Ela provocou, com um sorriso que só crescia enquanto eu sentia minhas bochechas queimarem.

— O quê? Não, eu... — Tentei me justificar, mal acreditando nas minhas próprias palavras. — Besteira sua, só estou olhando as garotas. Isso é um crime? — Resmunguei, virando o rosto para que ela não percebesse o tom rosa nas minhas bochechas.

Ela riu de novo, um som leve e divertido, e passou o braço sobre meus ombros.

— Relaxa, Rebeca. A Gabi é super gente boa. Quer que eu te apresente? — Perguntou, ainda naquele tom brincalhão, mas com um olhar mais suave agora.

Hesitei por um momento, mas antes que eu pudesse responder, vi que Gabi estava se aproximando de nós, ainda sorrindo, embora agora de forma mais discreta, talvez curiosa sobre o que estávamos falando.

— Não precisa — murmurei, engolindo seco quando ela finalmente parou na nossa frente, seus olhos castanhos brilhando sob as luzes do ginásio.

Gabriela sorriu para Carol, mas logo encontrou meu olhar.

— Oi — sorriu, estendendo a mão para mim. — Prazer finalmente conhecer a estrela que trouxe nosso tão merecido ouro.

O elogio me pegou de surpresa, mas apertei sua mão, tentando ignorar o formigamento que senti ao tocá-la.

— Obrigada — murmurei, meu tom mais tímido do que eu gostaria. — Mas hoje a estrela é você. Parabéns pela vitória.

Ela riu, um som suave e sincero, e eu pude ver as faíscas de cansaço e felicidade misturadas nos seus olhos.

— Foi uma vitória suada, mas valeu a pena cada segundo. — Gabi olhou ao redor, notando o ambiente ainda eufórico. Ela parecia linda naquele brilho quente da arena, e mesmo suada, tinha um cheiro doce que eu não conseguia decifrar.

Eu concordei com a cabeça, sentindo o calor do olhar dela ainda queimando meu rosto. Antes que eu pensasse em algo mais para dizer, Carolina interrompeu, batendo palmas com um sorriso travesso.

— Tá bom, chega de bajulação por hoje! Vamos comemorar! — Gritou, puxando a Capitã e eu para mais perto. — Becca, quer ir comemorar com a gente mais tarde?

— Ah, eu não... — Antes que eu terminasse, Flávia apareceu de novo, com um sorriso enorme enquanto arrastava Rosamaria junto.

— Vamos beber! — Berrou, com um sorriso gigante, seu braço livre se enganchando na cintura de Carol, puxando consigo as jogadoras de quase dois metros.

Saraiva parecia um coelho no meio de duas girafas; a loira precisava ter cuidado pra não ser esmagada como um chiclete. As mulheres eram tão altas, altas pra caralho.

 As mulheres eram tão altas, altas pra caralho

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ᴀʟᴇᴍ ᴅᴀ ǫᴜᴀᴅʀᴀ - shortficOnde histórias criam vida. Descubra agora