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Sabia que Rebeca estava nervosa antes da competição

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Sabia que Rebeca estava nervosa antes da competição. Ela disfarçava bem, mas eu conseguia perceber os pequenos sinais. O jeito como ficava mexendo nas unhas, como mordia o lábio inferior e o silêncio que dominava o caminho até o ginásio.

— Ei — chamei, segurando sua mão antes que ela pudesse se afastar para começar o aquecimento. — Vem cá.

Ela me olhou surpresa, mas deixou que eu a puxasse para um canto mais tranquilo. Os outros atletas estavam focados em seus próprios rituais, então não ligariam para o que fazíamos. Puxei-a para mais perto, colocando as mãos em seus ombros e esfregando-os levemente.

— Você vai arrasar lá fora, Becca — comecei, mantendo minha voz baixa e calma. — Eu sei que está nervosa, mas você treinou muito pra isso. Só se concentre no que você ama fazer, e o resto vai acontecer naturalmente.

Rebeca soltou um suspiro longo, deixando os ombros relaxarem um pouco sob minhas mãos. Seus olhos encontraram os meus, e pude ver a ansiedade que tentava esconder.

— E se eu errar? —  perguntou, a voz tão baixa que quase não consegui ouvir.

— E se você errar? — repeti, dando de ombros. — Todos erram às vezes, mas isso não define quem você é. O que importa é como você se levanta e continua. E eu vou estar lá, em cada segundo, torcendo por você, não importa o que aconteça.

Ela me olhou por mais um segundo antes de dar um pequeno sorriso, aquele sorriso que sempre me fazia derreter por dentro. Me aproximei e encostei a testa contra dela, criando um momento de silêncio entre nós, como se o mundo lá fora não existisse por um instante.

— Só lembre que, independentemente do resultado, eu já sou a sua maior fã — sussurrei, sentindo o calor do rosto dela tão perto do meu.

— Obrigada, Gabi. — Ela respirou fundo, e eu pude perceber que estava mais calma. — Ter você aqui faz toda a diferença.

— Estou sempre aqui, Becca — respondi com firmeza, pressionando um beijo suave em sua testa antes de nos separarmos.

Ela deu um último suspiro, como se estivesse deixando as dúvidas para trás, e se preparou para sair. Eu sabia que, a partir daquele momento, Rebeca estava pronta para enfrentar o que viesse. E, de algum jeito, eu também estava.

Me acomodei no banco gelado da arquibancada e suspirei. Ginástica nunca foi meu forte. Eu mal conseguia entender os movimentos, as notas, mas saltos perfeitos que Becca fazia parecerem tão fáceis. Lá estava eu, tentando parecer uma especialista enquanto ela estava prestes a competir.

Assim que Rebeca entrou no tablado, o mundo ao meu redor desapareceu. Ela parecia tão focada, tão determinada, que fiquei com o coração na mão. Quando a música começou a tocar, ela se moveu com uma graça que me tirou o fôlego. Cada salto, cada giro, me deixava mais tensa, mas ao mesmo tempo, eu não conseguia parar de sorrir.

Eu podia não entender nada de ginástica, mas entendia que Becca era incrível. E isso era tudo o que importava.

Quando finalizou a apresentação com um salto perfeito, me levantei num pulo, gritando como uma louca. Certeza que vai ser uma nota maior que quatorze, precisava ser!

O nome dela ecoou pelo ginásio, seguido pela pontuação. 14.536, Sim!

Quando ela finalmente saiu do tablado, nossos olhares se encontraram novamente, estava orgulhosa dela! Corri até o corredor onde ela passaria e, quando finalmente chegou perto, joguei meus braços ao redor dela.

— Você foi incrível! — Sorri grande, ainda ofegante de tanto gritar.

— Você viu? — Ela riu, me apertando de volta.

— Você cravou a entrada— Balancei seus ombros, escutando sua risadinha

—Não totalmente, mas agradeço —
Ela me beijou suavemente.

Não importava que eu não entendesse as notas ou os movimentos. O que importava era que estávamos juntas, torcendo uma pela outra, independente da situação.

[...]

Recostei-me contra o banco de madeira, sentindo o calor familiar da minha namorada acomodada confortavelmente contra minha coxa. Ela ria alto enquanto conversava com Flávia sobre algo que eu não conseguia ouvir direito, mas apenas o som da sua risada já era suficiente para me fazer sorrir também.

Ver Becca tão à vontade, relaxada, trazia uma sensação de paz que eu não costumava sentir com frequência. Ela tinha essa habilidade de transformar qualquer ambiente, de tornar qualquer lugar mais leve e alegre, e eu sabia que era uma sorte imensa tê-la ao meu lado.

Desviei o olhar por um momento, observando o movimento ao nosso redor. O barzinho estava cheio, mas o burburinho das conversas e a música ao fundo não chegavam a ser incômodos. Na verdade, parecia que tudo ao nosso redor contribuía para a atmosfera perfeita daquela noite.

Voltei a olhar para a garota, que agora estava animadamente gesticulando enquanto falava. Havia uma luz nos olhos dela, um brilho que fazia meu coração bater mais rápido. Não conseguia evitar o sorriso bobo que se formava nos meus lábios sempre que a via assim, feliz e despreocupada.

Talvez, só talvez, eu pudesse estar apaixonada por Rebeca Andrade

Fim

ᴀʟᴇᴍ ᴅᴀ ǫᴜᴀᴅʀᴀ - shortficOnde histórias criam vida. Descubra agora