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Durante o caminho de volta para casa, o carro parecia mais apertado do que me lembrava

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Durante o caminho de volta para casa, o carro parecia mais apertado do que me lembrava. Sentada no banco de trás, entre Flávia e Gabi, eu tentava ao máximo manter a compostura, mesmo que o calor subisse pelo meu rosto cada vez que meu braço roçava acidentalmente contra a jogadora, que parecia um pouco tensa desde que saímos do restaurante. Estávamos praticamente coladas, já que Flávia ocupava metade do banco, se inclinando sobre mim cada vez que pedia para Carol mudar de música.

— Você tá bem? — Perguntei baixinho, parecendo desviar a atenção de Gabi totalmente para mim, aqueles olhos castanhos me encarando por tempo demais.

— Hm? Tô, eu tô bem — sussurrou por baixo da respiração, balançando a cabeça para dar mais credibilidade às próprias palavras. — Por que a pergunta?

— Nada, você só parece meio tensa... — Dei de ombros, os encolhendo em seguida, assim que Flavinha se jogou por cima de mim para alcançar o ombro de Carol, que estava no banco do passageiro ao lado de Rosamaria.

— Essa música não, ela me lembra do meu ex — Flávia resmungou, piscando mais lentamente do que o normal. Quase jurei que ela havia pegado no sono.

— Você não tem ex, Flávia — Ri, quase contra o ouvido da loira, que soltou um barulho estranho, como um cachorrinho triste.

— O quê? Eu não tenho ex? Por que não? — Choramingou, me olhando, ainda jogada por cima de mim, fazendo com que Gabi precisasse se espremer contra a janela.

Antes que pudesse responder, Carol soltou um barulho semelhante a um resmungo, olhando o próprio celular.

— São duas e meia da manhã, a Júlia não atende minhas ligações — Carol afundou o rosto entre as mãos, soltando um suspiro profundo. — Não vamos conseguir entrar no quarto; ela tá com as chaves.

— Merda — Rosamaria xingou baixinho, estacionando o carro na vaga do hotel onde o Time Brasil estava hospedado.

— A gente pode ficar no meu quarto — sugeri antes de pensar duas vezes. As palavras saíram tão rápido que mal tive tempo de processar o que estava propondo.

Todas as cabeças se viraram na minha direção; me senti como uma criança durante uma apresentação de seminário.

— O quê? Sério? — Carol perguntou, erguendo uma sobrancelha com um sorriso malicioso começando a se formar nos lábios.

— Sim, claro. Só que... tem um detalhe — continuei, sentindo meu rosto esquentar. — Só tem duas camas.

O silêncio que se seguiu foi interrompido por uma risadinha de Rosamaria, que olhou para Carol com uma expressão de quem já tinha sacado a situação.

— Acho que Flávia pode dormir no chão, né? — Rosa quebrou o silêncio, olhando para Flávia, que resmungou algo incompreensível antes de finalmente se sentar direito.

— Eu não durmo no chão, nem morta! — Reclamou, cruzando os braços, mas ainda parecia meio sonolenta, como se estivesse quase se entregando ao cansaço.

— Então, a gente vai ter que dividir — Rosamaria decretou, virando-se para encarar as outras.

Gabi se mexeu desconfortavelmente ao meu lado, claramente ainda tensa com a proximidade, e eu só conseguia pensar em como seria dividir uma cama com ela. A ideia era tão perturbadora quanto intrigante, e eu lutei para manter a expressão neutra.

— Tudo bem, sem problemas — Carol deu de ombros, parecendo se divertir com a situação. — Eu fico com a Rosamaria. Rebeca e a Gabi podem dividir a outra cama. Flávia, você se vira no sofá.

— Eu fico no sofá, de boa — Gabriela se adiantou, tentando afastar qualquer tensão, mas antes que eu pudesse dizer algo, a ginasta riu e balançou a cabeça.

— Tá de brincadeira? — Flavinha zombou, jogando um braço sobre Gabi. — Você vai dividir a cama comigo, e a Rebeca fica com o sofá.

Eu abri a boca para protestar, mas antes que qualquer palavra saísse, Rosamaria já estava saindo do carro, seguida por Carol, que ainda resmungava sobre a chave perdida. Fiquei sentada no banco de trás com cara de tacho.

— Eu não vou dormir no sofá, nem ferrando — Resmunguei ao ser a última a sair do carro, aumentando o passo para alcançar as jogadoras até que entrássemos em meu quarto.

— Muito menos eu — Carol cruzou os braços, sentando na borda da cama de papelão.

Antes que pudéssemos começar outra "briga" pelo sofá, Rosamaria soltou um pigarro, apontando para o sofá branco, onde Flávia já dormia toda esparramada.

— Bem, parece que já decidimos. Boa noite — Rosa deu de ombros, indo até o banheiro. Provavelmente para se arrumar.

Virei meu rosto na direção de Gabi, que piscou algumas vezes e finalmente, pela segunda vez naquela noite, me encarou de volta.

— Hm, você quer um pijama? — Sussurrei, ainda meio corada, engolindo seco.

— Não, obrigado — Gabriela encarou o colchão por alguns segundos, como se estivesse pensando em como fugir daquela situação.

Sem mais palavras, entrei no closet para vestir meu pijama.

De volta ao quarto, encontrei Carol e Rosa já adormecidas, Flávia nem havia se movido, e Gabi encarava a parede branca, espremida no canto da cama de solteiro para que houvesse espaço para ambas de nós.

Deslizei-me lentamente para baixo dos lençóis, sentindo o calor humano me envolver. Gabi era muito quente, quente pra caralho.

— Hm, boa noite — sussurrei quase inaudível, ouvindo o suave farfalhar dos lençóis quando a capitã se moveu.

— Boa noite.

[...]

Eu tentei, juro que tentei, mas meus olhos não se fechavam de jeito nenhum.

A casa estava silenciosa em um nível assustador, mas, ao mesmo tempo, a sensação reconfortante de Gabriela ao meu lado me acalmava de uma forma surreal.

— Você ainda não dormiu, né? — Uma voz rouca, meio grogue, contra minha nuca me fez travar, um suspiro trêmulo escapar de meus lábios.

— Não, ainda não — Respondi, me virando para que conseguisse observar a dona da voz.

Péssima ideia, péssima ideia.

Assim que tentei me virar, minhas costas se colaram contra o peito da mais alta, me fazendo arrepiar por inteira. Caralho, caralho.

— Hm, não, eu ainda não consegui dormir — Sussurrei de volta, um líquido quente se derretendo em minha barriga quando senti seus dedos quentes tocarem a pele da minha cintura, garantindo que eu não caia da cama.

Ai meu Deus, isso é real? Eu estou tremendo, não estou?

Um som estranho escapou de meus lábios e rapidamente me amaldiçoei por isso. Droga, eu acabei de gemer? Puta que pariu. Gabriela Guimarães me ouviu gemer só porque tocou minha cintura, que vergonha.

Escutei sua risadinha baixa, seu polegar traçando um carinho suave contra minha pele.

— Tente dormir, Becca — Murmurou, fechando os olhos e descansando o queixo contra minha cabeça. Só agora percebi que estávamos praticamente de conchinha.

— Tá — Respondi levemente trêmula, finalmente fechando os olhos e, finalmente, me permitindo dormir.

ᴀʟᴇᴍ ᴅᴀ ǫᴜᴀᴅʀᴀ - shortficOnde histórias criam vida. Descubra agora