Cap. 37

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A casa está mobiliada, o jardim tendo os arbustos aparados pelo jardineiro recém contratado, a cozinha sendo organizada pela nova governanta e Johnny alimentava os peixes no pequeno lago no quintal.

- Daniel disse que eu estava imitando Sr. Miyagi por ter reformado esse lago e colocado peixes. - jogou o último grão de ração e colocou o pacote sobre a pesa da varanda.

- Você não comprou carpas, então não está o copiando. - defendi com um sorriso.

- Realmente. - se aproximou me dando um beijo na bochecha.

O sol está forte, e por estar em minha frente, bate nas suas costas formando raios de luz ao seu redor. Seu cabelo se torna mais dourado ainda.

- O que quer fazer esse fim de semana? Algo novo ou apenas aproveitar a companhia do seu namorado?

Ainda sentada peguei em sua mão. - O que te agrada mais? - perguntei.

- Desde que você esteja do meu lado, me sinto satisfeito. - sorriu.

Desviei o olhar por alguns segundos pensando.

- O parque me agrada bastante.

Estava quente, mas não tanto como no verão. Johnny queria sair sem camisa assim como estava em casa, mas lhe dei uma bronca e ele se vestiu.

O parque tinha algumas pessoas, mas nada movimentado. Andávamos de mãos dadas caminhando pela grama baixa e sentindo a brisa leve tocar nossas peles.

Como em todas as vezes que viemos ao parque, nos sentamos em baixo de uma grande árvore que faz uma bela sombra. Eu estava sentada escorada no tronco e ele com a cabeça deitada em meu colo. Eu dedilhava meus dedos entre seus fios loiros e mantinha meus olhos fechados apenas sentindo aquele momento com concentração e paz total.

- Está com fome? - perguntou.

- Oh. - abri os olhos. - Acho que não agora, mas contando com o tempo que se dá até conseguir comprar comida... sim.

Riu. - Ok. - se levantou. - Vou comprar algo para comer. Já volto. - deu um beijo no topo da minha cabeça e saiu.

Me aconcheguei mais e suspirei cruzando as
pernas. Me coloquei a apenas relaxar enquanto esperava por Johnny.

Quando mais nova sempre idealizei que teria uma vida muito agitada e difícil depois da faculdade, mas fico feliz que eu estava completamente enganada.

Pelo tédio de ter que esperar, abri os olhos novamente e comecei a observar as coisas ao meu redor.
Já outubro - dia 10 especificamente - e de forma totalmente adiantada, alguns lugares da cidade já está decorado. A fonte no centro do parque tem abóboras com lanternas dentro, teias de aranha de plástico e um chapéu de bruxa bem na cabeça do anjo de pedra que ficava no centro.

Uma dor de estômago tirou minha concentração nas decorações e rapidamente coloquei a mão na boca pelo susto.

- Amor! Voltei. - Johnny disse se aproximando segurando dois baldes de batata frita. - Está tudo bem? - se sentou ao meu lado novamente.

- Acho que sim. Só senti um enjoo... imagino que seja o estômago vazio. - sorri e peguei uma das batatas.

- Verdade. - sorriu. -Pode comer.

Ficamos ali até o sol começar a se pôr e o céu se alaranjar.

Tomei um banho e coloquei meu pijama logo descendo até a sala de estar onde Johnny já se encontrava jogado no sofá com a TV ligada.

- O que vamos ver? - perguntei me deitando de conchinha com ele.

- Está passando Clube dos Cinco. - Johnny mencionou com a voz cantada por saber que eu amava esse filme.

- Pois vamos ver! - sorri animada.

Eu estava completamente concentrada naquele filme que já sabia as falas de tanto assistir.
Acho que mais para o meio do filme, senti aquela mesma dor de estômago de hoje mais cedo, mas dessa vez parecia muito mais forte. Me levantei rapidamente e fui correndo até o banheiro com a mão na boca. Me ajoelhei em frente a privada e vomitei.

Eu estava ignorando desde a primeira dor de estômago de hoje mais cedo até algumas cólicas sequer cogitando numa virose ou que poderia realmente ser algo. Saí dos meus pensamentos quando Johnny se abaixou do meu lado e apertou meu ombro de forma acolhedora.

- Amor? - segurou meu cabelo tirando os fios perdidos do meu rosto. - O que foi? Tá tudo bem?!

- E-eu não sei. - gaguejei pensando em possibilidades enquanto tinha o olhar desviado do seu. - E se... - arregalou os olhos esperando uma resposta. - E se eu estou grávida, Johnny?

- ☆⁎⋆✫ -

Após 3 meses de gravidez eu já podia perceber um pequeno volume que já me causava uma conexão enorme com a criaturinha ali dentro.

Daniel e Kumiko nos presentearam com um berço lindo completamente de madeira clara e véu branco, e papai nos deu carrinhos e bonecas.
Por eu não estar indo trabalhar, Johnny sempre ligava perguntando se eu estava bem - mesmo que na casa haja funcionários que poderiam me ajudar com qualquer imprevisto -, além de que papai sempre que podia atravessava a rua para me visitar.

O quarto do bebê já estava sendo decorado, e em vários momentos do dia eu ia até ele rever todos os brinquedos e até o papel de parede que parte havia sido colocado enquanto outra estava no chão.

Nunca cogitei que seria mãe e muito menos que eu teria prazer em poder dizer que gero uma criança nesse momento, mas agora meu peito se enche de felicidade.
Fico pensando se mamãe também sentia isso enquanto estava grávida de mim...

Depois que descobrimos a gravidez, Johnny me pediu em casamento, e agora estamos noivos.

- Srta. Shields. - uma voz atrás de mim me chamou.

- Sim, Carmen? - perguntei para a governanta.

- Está na hora do café da tarde, a mesa está posta.

- Por que não me chamou antes? Sabe que amo arrumar a comida e a mesa. - fui até a mulher de meia idade e entrelacei nossos braços pegando caminho até a mesa do quintal.

- Me desculpa por isso. - riu fraco sem jeito. - Estou nisso de governanta a anos, e fui treinada para ter essas atitudes.

- Não precisa se desculpar. Com o tempo você se acostuma!

...

Two of Hearts | Johnny LawrenceOnde histórias criam vida. Descubra agora