9 | 𝐏𝐈𝐏𝐄𝐑

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— Bom, vamos ver o que conseguimos fazer, não é? — disse, tentando manter um tom otimista. Precisávamos de um barco, claro, mas também precisávamos de um plano. A missão parecia estar começando a sério agora, e por mais que eu quisesse mostrar uma fachada tranquila, estava tão nervosa quanto Aria e Leo.

Caminhamos até o píer, onde diversos barcos estavam atracados, balançando suavemente com a maré. O cheiro salgado do mar invadia minhas narinas, e o som das gaivotas ao longe parecia quase relaxante, se não fosse pela situação em que estávamos.

— Certo, gente, precisamos achar um barco que possamos... "pegar emprestar" — sugeri, com um pequeno sorriso, tentando aliviar um pouco a tensão.

— Você quer dizer, "pegar emprestado sem perguntar"? — Leo respondeu, levantando uma sobrancelha, mas com um brilho de travessura nos olhos.

— Exato — concordei, rindo um pouco. — Mas precisamos ser rápidos e discretos.

Ariadne estava quieta, examinando os barcos com um olhar calculista. Eu sabia que ela estava pensando em algo, talvez já planejando como lidar com a Tritônia. Mas também sabia que ela estava preocupada. Essa missão estava se mostrando muito mais complexa do que qualquer uma de nós imaginava.

— Esse aqui parece bom — ela finalmente disse, apontando para um barco de pesca médio, com um motor que parecia em boas condições.

— Nada mal — comentou Leo, já se aproximando do barco para dar uma olhada mais de perto. — Acho que consigo fazer isso funcionar.

Enquanto Leo inspecionava o motor, me aproximei de Ariadne, que ainda parecia imersa em seus pensamentos. Coloquei a mão em seu ombro, tentando confortá-la.

— Ei, vamos conseguir — falei suavemente. — Já enfrentamos coisas bem piores antes.

Ela me olhou, e eu vi a determinação em seus olhos, mas também uma leve hesitação. Ariadne não era do tipo que mostrava fraqueza, mas eu sabia que, no fundo, ela estava preocupada com o que estava por vir.

— Eu sei, Piper — ela disse, respirando fundo. — Só precisamos ter cuidado.

Leo logo surgiu do lado de dentro do barco, com as mãos sujas de graxa e um sorriso confiante no rosto. Com o barco pronto para partir, subimos a bordo.

Enquanto o barco se afastava do píer, com o som do motor enchendo o ar, um arrepio percorreu minha espinha. Estávamos realmente fazendo isso. O Puget Sound se estendia à nossa frente, com suas águas escuras e aparentemente calmas. A Tritônia estava em algum lugar lá, e nossa missão era encontrá-la.

Ariadne, ao meu lado, observava o horizonte com uma expressão preocupada. Então, ela olhou para Leo e disse, meio incerta:

— Eu tinha alguns dólares guardados para alugar o barco... queria ter pago. Sabe, em vez de praticamente roubá-lo.

Leo deu de ombros, sem parecer se importar.

— Ah, economiza esse dinheiro. Vamos precisar dele para coisas mais úteis depois. Além disso, estamos em uma missão. Coisas assim acontecem. E não se preocupa, a gente sempre devolve no final.

Ariadne franziu o cenho, ainda desconfortável.

— Eu sei, mas é que... nunca fiz algo assim antes. Isso não pode dar polícia?

Antes que Leo pudesse responder, eu intervim com um sorriso tranquilizador.

— Tem uma chance, mas eu posso convencê-los a não nos culpar. Charme de Afrodite, entende? Confia em mim, já lidei com situações piores.

Ariadne suspirou, parecendo aceitar a situação, mesmo que a contragosto.

Leo, percebendo a hesitação dela, sorriu provocador.

𝐀𝐄𝐆𝐈𝐒 | 𝐿𝑒𝑜 𝑉𝑎𝑙𝑑𝑒𝑧Onde histórias criam vida. Descubra agora