22 | 𝐋𝐄𝐎

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Caídos na grama, parecia que tínhamos sido lançados do céu como sacos de batata. Meu corpo inteiro doía da batalha, e o cansaço pesava sobre mim como se eu tivesse corrido uma maratona. Uma das minhas pernas formigava, e meu braço latejava onde Ares me acertara. Mas o que mais me chamou a atenção foi o cheiro.

Era o cheiro de morangos frescos. O mesmo aroma que costumava invadir o Acampamento Meio-Sangue nas manhãs preguiçosas de verão. Isso só me deixou mais confuso.

Afrodite tinha estalado os dedos, e agora não estávamos mais no templo de Ares. Onde diabos estávamos?

Olhei ao redor, tentando processar o que estava acontecendo. Piper estava de pé, ainda olhando em volta, mas sua postura mostrava que ela também não tinha ideia de onde estávamos. Eu me sentei com dificuldade, a cabeça girando um pouco por conta do teletransporte, mas, de repente, uma coisa tirou qualquer tontura que eu pudesse estar sentindo.

Ariadne.

Ela estava deitada na grama, reta, os braços estendidos ao lado do corpo como se tivesse sido derrotada. Ela cobria o rosto com as mãos, mas eu podia ouvir claramente seus soluços. Ela chorava desesperadamente, e a visão dela assim partiu meu coração. Aria sempre era tão forte, sempre a estrategista, a que tinha tudo sob controle. Vê-la daquele jeito... era como assistir o herói de um filme perder, a tragédia final.

Piper estava ao lado dela, acariciando seu cabelo de um jeito reconfortante, mas Ariadne não parava de chorar. Seu corpo tremia, e cada soluço que ela soltava parecia ecoar dentro de mim, me fazendo querer fazer alguma coisa — qualquer coisa — para ajudá-la.

Eu me levantei, mesmo com as pernas ainda um pouco bambas, e me aproximei. Meu coração apertava ao vê-la assim. E, se eu já não tivesse certeza dos meus sentimentos antes, agora eles estavam mais claros do que nunca.

Eu a amava.

— Me desculpem — Ariadne murmurava entre os soluços, as palavras mal saindo de sua boca por causa do choro. Mais lágrimas escorriam de suas bochechas, encharcando a grama abaixo dela. — Isso tudo é culpa minha. Estraguei a nossa missão!

Ela não conseguia parar. O desespero na sua voz era evidente. Ela realmente acreditava que havia estragado tudo. E, honestamente? Sim, nossa missão tinha sido um desastre. Não conseguimos provar nada a Ares ou Afrodite. Não trouxemos o Aegis. E, para completar, eu ainda estava sem saber se Ariadne sentia o mesmo por mim.

Mas, de jeito nenhum, aquilo era culpa dela.

— Aria — eu disse calmamente, ajoelhando ao lado dela. Peguei seu queixo com cuidado e comecei a limpar as lágrimas que escorriam em seu rosto. — Sei que você não vai acreditar em mim, mas... não foi você que causou isso. Não estamos bravos, nem tristes com você. Sabemos como essa missão era importante para você.

Ela afastou as mãos do rosto, e seus olhos finalmente se encontraram com os meus. Estavam vermelhos e inchados, mas, mesmo assim, algo neles brilhava. Talvez fosse o reflexo das lágrimas, mas seus olhos pareciam ainda mais laranjas agora, e, por um momento, eu me perdi naquele brilho.

— Obrigada, Leo, de verdade — ela sussurrou, a voz ainda trêmula. — Mas não é só sobre... nós. É sobre esse acampamento inteiro. Ninguém nunca saberá a verdade. E, além do mais... essa missão toda só provou o quanto eu não sou tão boa quanto Annabeth.

Ela disse aquilo com tanta convicção que me deixou irritado. Eu franzi o cenho, me inclinando um pouco mais para perto.

— Escuta aqui, Chase. Nunca mais repita isso! — minha voz saiu mais dura do que eu esperava, mas eu não me importei. Ela precisava ouvir aquilo.

𝐀𝐄𝐆𝐈𝐒 | 𝐿𝑒𝑜 𝑉𝑎𝑙𝑑𝑒𝑧Onde histórias criam vida. Descubra agora