- Já falei que não! - Sukuna gritou no meu rosto.
- Por que insiste em fugir quando pergunto as coisas? Para de se distanciar de mim... - Ele me olhou com mais raiva.
- Vocês humanos são nojentos, falam de nós, por atacarmos, mas vocês mesmo não respeitam os outros! Como pode ser difícil para você entender que se eu estou falando que não quero falar, não quero falar! - Nesse momento a dor refletia em seus olhos, mas parecia não entender o quanto isso me magoava também.
- Fala como se fosse comparativo! E outra coisa, você não vê que isso também me envolve? Quem é essa pessoa que falaram que eu estava substituindo? Era ela quando me falou que teve contato com humanos a muito tempo? Quem é Uraume? - Os tons da discussão aumentavam a cada minuto.
- Não fale o nome dela! - Sukuna colocou a mão sobre a boca, engolindo seco e caiu de joelho no chão - Acho melhor você ir embora...
Lágrimas acumularam no canto de seus olhos, ao escorrer das mesmas, ele virou de costas para mim, não me deixando mais ver seu rosto.
- Eu passei do ponto, me desculpe - Tentei me aproximar dele, ao apoiar a mão em seu ombro, ele fez um movimento para não encostar nele.
- Vá embora.
- Não precisa disso tudo, foi só um discussão boba, podemos conversar com calma e -
- Vá embora.
- Sukuna, por favor, vamos conversar com calma
- Vá - ele respirou fundo - embora.
- Mas -
- VÁ! - Sua voz ecoou por tudo e um vento forte subiu, criando uma forte pressão no local.
Me afastei dele, avisando que amanhã eu voltaria e fui embora, não chegando a olhar para trás.
Caminhando pela floresta, minha cabeça não parava de pensar nem sequer por um minuto em qual foi o momento em que passei do limite. Eu ainda estou com raiva, óbvio, afinal, o cara comparou essa pessoa comigo, mas parecia ser outro extremamente pessoal do Sukuna. Ele não tentou ver pelo meu lado, eu tenho direito de saber disso, não? Eu tinha que saber disso... Era tão difícil assim me contar as coisas?
Será que fui invasivo? Eu acho que não deveria ter mencionado o nome da menina, mas não sei se foi tanto ao ponto dele chorar, era um antigo amor? Talvez amigos muito próximos? Provavelmente fui realmente invasivo... Se tivesse parado quando ele falou para parar, igual ele parava de perguntar as coisas quando via que eu estava desconfortável em conversar sobre minha família. Seria uma situação que poderia ter nos gerado uma conexão maior entre nós dois...
Quanto mais caminhava, consequentemente ficando mais longe do Sukuna, mais frio ficava, como se ele fosse uma pequena fonte de calor para mim. Já não estava mais em sua proteção e sentia que poderia ser atacado a qualquer momento. Meu coração e meus passos aceleraram, enquanto tentava sair o mais rápido possível da floresta, via algumas criaturas começarem a dar as caras, provavelmente se preparando para me atacar.
Foi quando passei a correr, sentindo que algo me seguia, ele era mais rápido e por mais que minhas articulações doessem, enquanto atingia o máximo de velocidade, parecia que a distância não aumentava.
Meus olhos começaram a arder pelo suor que escorria, minha boca estava seca, as pontas dos meus dedos estavam geladas, pela adrenalina. Foi nesse momento que caí, eu escorreguei, olhando brevemente, vi meu pé no meio de um cervo morto, o que sobrou de sua carne já estava apodrecendo e suas entranhas estavam expostas. Não consegui olhar por muito mais tempo, ao ver uma criatura deformada correndo na minha direção. Levantei desesperado voltando a correr, mas não conseguia mais a mesma velocidade, tanto por ficar escorregando nos resto do cervo que ficou no meu pé, como também pela queda, que bateu diretamente meu joelho no chão.
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Me and The Devil
FanfictionMuito se fala sobre o demônio da floresta próxima da vila oeste, mas quantos viram o demônio? Quantos viram o estrago que ele pode fazer? Quem garante que estamos seguros com a besta a solta? AVISO!!! Essa história contem violência e descrição detal...