16. Obcecado

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Era surpreendente ver Fritz apavorado

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Era surpreendente ver Fritz apavorado. Ele não exteriorizou, inicialmente, o quanto estava tenso; mas era evidente através de suas orbes verdes, sempre estáveis, agora trêmulas, oscilando perante a possibilidade de ir preso.

Eu temi por ele. Algo me fez hesitar, ao encontrar fagulhas de apreensão em um assassino em série, porque pela primeira vez percebi que ele era humano e também sentia medo.

A campainha tocava, insistente. As sirenes ecoavam pro interior da casa. De cueca, e olhos arregalados, avançou pra cima de mim, agarrou meu pulso - nunca havia me segurado de forma bruta, mas no desespero, senti um por cento de sua força - e sem perda de tempo me arrastou escadas acima.

- O que tá fazendo? O que... - tentei falar, ao ser levada pro seu quarto.

- Quieta!! - gritou com urgência.

Logo, atravessou o cômodo, abriu a porta do closet e me jogou pra dentro. Eu quase caí, me agarrei em seus casacos pendurados e o fitei confusa.

- Você vai ficar aqui, quietinha, Chelsea! Se der um mínimo gemido que seja, eu vou arrancar a sua língua e te forçar a engolir, não duvide disso. - alertou com o indicador apontado pra mim e uma feição de dar calafrios.

Fechou o closet e trancou por fora. Eu fiquei estática, assustada demais para pensar no que fazer ou não fazer. Ouvi outra porta sendo trancada, devia ser a do quarto. Meu fôlego saia entrecortado. Meu deus... era a polícia... Como Fritz iria se livrar deles?? Tinha ossos de gente exumados lá fora, uma cova aberta no jardim, ele estava só de cueca e sujo, e minhas roupas estavam jogadas à entrada! Era óbvio que ia dar merda!! Comecei a ficar sufocada e não podia gritar por socorro, porque prezava pela minha língua.

Inspirei e expirei o oxigênio breve, fechei os olhos e procurei manter a calma. Ao abrir os olhos, me vi no espelho do closet. Estava de calcinha e imunda. Havia transpirado muito e fedia a cadáver desenterrado. Peguei uma blusa de moletom que vi por ali, e vesti para cobrir parte da nudez. Ficou enorme, na altura das coxas, e o tecido cheirava a perfume masculino. Muito melhor do que o cheiro de morte que eu estava exalando.

Me sentei no canto e abracei as pernas, só me restava esperar. Por Fritz ou por algum investigador, policial, seja lá o que for... Era inevitável, me perguntava o que aconteceria se ele fosse levado... Eu o veria de novo? Ele seria condenado à morte? Eu teria que enfrentar tribunal e essas coisas?? Imaginei que deveriam estar me procurando, pois a última vez que fui vista, estava na sua companhia.

De repente, ouvi algo que fez meu coração parar por segundos. Um barulho repentino e estralado de estopim repercutiu no andar de baixo. Um arrepio gélido e sombrio passou pela minha pele ao identificar... Foi um tiro!

Me coloquei de pé e me aproximei da porta, grudei o ouvido para escutar melhor e, abafado e distante, distingui alguns gritos graves seguidos de mais tiros. A cada disparo, minha caixa torácica doía de agonia. Pelo que contei, foram quatro tiros e então o silêncio...

SERÁ RETIRADO 10/12Onde histórias criam vida. Descubra agora