Capítulo 8

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— Ah, Gulf, acho que nossa carona chegou — Clary deixou que a cortina voltasse a cair em seu lugar. — Ou é isso ou um ditador de terceiro mundo que se perdeu em Caldwell.

Lee Dong se dirigiu para a janela.

— Uau — gesticulou ele. — Olhem essa Mercedes. Os vidros escuros parecem ser à prova de balas.

Os três deixaram a casa de Gulf e caminharam para o sedan. Um velhinho vestido de preto desceu do banco do motorista e foi saudá-los. Por incrível que pareça, era alegre e sorridente. Com a pele flácida no pescoço, orelhas de longos lóbulos e maçãs do rosto caídas, parecia estar derretendo, embora sua felicidade radiante sugerisse que a desintegração era um bom estado para se estar.

— Sou Fritz — disse ele, curvando-se profundamente. — Por favor, permitam-me conduzi-los.

Ele abriu a porta traseira e Gulf foi o primeira a deslizar para dentro. Lee Dong o seguiu e, quando Clary estava acomodada no assento, Fritz fechou a porta. Um segundo mais tarde, estavam a caminho.

Enquanto a Mercedes rodava, Clary tentou ver para onde iam, mas as janelas eram muito escuras. Achava que estavam indo para o norte. Mas, como saber?

— Onde fica esse lugar, Gulf? — perguntou.

— Não é longe — mas o omega não lhe pareceu muito convicto. Na verdade, estava com os nervos à flor da pele desde que Clary e Lee Dong tinham chegado.

— Sabe aonde nos levam?

— Oh, claro — Gulf sorriu e olhou para Lee Dong. — Vamos nos encontrar com alguns dos Alfas mais admiráveis que existem.

Alguma coisa dentro de Clary começou a emitir sinais de alerta.

— Meu Deus — ela desejou ter ido em seu próprio carro.

Vinte minutos mais tarde, a Mercedes parou. Avançou um pouco. Freou outra vez. Isso aconteceu várias vezes, em intervalos regulares. Então, Fritz baixou sua janela e falou numa espécie de interfone. Seguiram em frente por uns instantes e depois pararam. O motor foi desligado.

Clary tentou abrir a porta. Estava trancada.

— Os Mais Procurados da América, aqui vamos nós — pensou ela. Já conseguia imaginar suas fotos na TV, vítimas de um crime violento.

Mas o chofer, ainda com aquele sorriso no rosto, deixou-os sair imediatamente.

— Sigam-me, por gentileza.

Quando Clary desceu do carro, olhou ao seu redor. Estavam no que parecia ser um estacionamento subterrâneo, mas não havia outros carros. Só dois micro-ônibus, como os que são encontrados nos aeroportos.

Mantiveram-se perto de Fritz e passaram por espessas portas de metal que se abriam em um labirinto de corredores iluminados com luz fluorescente. Graças a Deus, o cara parecia saber por onde ir. Havia ramificações em todas as direções sem um planejamento racional, como se o lugar tivesse sido desenhado para deixar as pessoas perdidas e conservá-las assim.

Só que alguém sempre sabia onde o visitante estava, pensou ela. A cada dez metros havia um dispositivo no teto. Ela já os vira em shoppings e o hospital também os tinha. Câmeras de vigilância.

Afinal, entraram em uma saleta com uma parede de vidro espelhado, uma mesa e cinco cadeiras metálicas. Uma pequena câmera estava colocada no canto oposto à porta. Era exatamente como uma sala de interrogatório da polícia, como mostram nos seriados de TV.

— Não terão de esperar muito — disse Fritz, com uma pequena reverência. Assim que desapareceu, a porta se fechou sozinha.

Clary se aproximou e testou a maçaneta da porta, surpresa por encontrá-la destrancada. Não obstante, quem quer que fosse o responsável pelo lugar certamente não precisava se preocupar em perder o rastro de suas visitas.

Anjo EternoOnde histórias criam vida. Descubra agora