Capítulo 11

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  Clary estacionou no T.G.I. Friday's. Olhando para os carros e caminhonetes ao redor, perguntou-se como diabos havia concordado em se encontrar com um Alfa para jantar. 

Pelo que podia recordar, Gulf ligara para ela naquela manhã falando sobre isso, mas o problema era que não se lembrava de detalhes algum.Na verdade, não estava conseguindo se lembrar de muitas coisas. 

A consulta de retorno estava marcada para a manhã seguinte, e com isso pairando sobre ela, sentia-se aturdida. Como na noite anterior, por exemplo. Poderia jurar que fora a algum lugar com Lee Dong e Gulf, mas, com exceção do começo da noite, o restante era um grande ponto de interrogação.

 No trabalho, a mesma coisa. Passara o dia no escritório de advocacia cometendo erros bobos, com o olhar perdido.Quando saiu do Civic, lutou para se concentrar o melhor que pôde. Devia ao homem com quem iria se encontrar um esforço para manter-se alerta; entretanto, não se sentia obrigada a absolutamente nada além disso. Deixara claro com Gulf que seria um mero encontro de amigos. Rachariam a conta. Foi um prazer conhecer você, a gente se vê. 

Que teria sido a sua atitude mesmo se não estivesse distraída com a ameaça da loteria médica? Além do fato de que poderia estar doente outra vez, estava sem prática na rotina de encontros e sem a menor vontade de readquiri-la. Para que procurar sarna para se coçar? A maioria dos solteiros de trinta e poucos anos ainda andavam atrás de diversão ou já estavam casados, e farra não era com Clary. 

Séria por natureza, ainda por cima trazia a bagagem de um passado sofrido. E sua aparência sublinhava isso. O cabelo nada vistoso estava preso para trás, num rabo de cavalo. O suéter bege que usava era folgado e quente. As calças cáqui eram confortáveis, os sapatos, baixos, marrons e ralados nos dedos dos pés. Provavelmente, aparentava ser o que nunca seria, uma mãe.

 Quando entrou no restaurante, dirigiu-se à hostess e foi encaminhada para uma mesa no canto dos fundos. Deixando a bolsa de lado, sentiu o cheiro de pimentões e cebolas e olhou para cima. Uma garçonete passou apressada com uma chapa de ferro quente.O restaurante estava cheio, uma grande cacofonia resultava do todo. 

Enquanto os garçons zanzavam com bandejas de comida fumegante ou pilhas de pratos usados, famílias, casais e grupos de amigos riam, conversavam, discutiam. O louco caos a impressionou mais do que o normal, e, sentada ali sozinha, sentiu-se completamente à margem, uma farsante entre as pessoas de verdade.Todos eles tinham futuros felizes. Ela tinha... mais consultas médicas pela frente.Com uma maldição, reprimiu suas emoções, o pânico e todos os pensamentos funestos, deixando tudo de lado, exceto a determinação de não ficar lembrando da Dra. Della Croce o tempo todo naquela noite.

 Clary pensou em coisas mais amenas e sorriu um pouco, uma garçonete aproximou-se da mesa, onde depositou um copo de plástico com água, derrubando um pouco. 

 - Está esperando alguém? - perguntou a garçonete. 

 - Sim, estou. 

 - Deseja beber algo? 

 - Por enquanto, só isso. Obrigada.Quando a garçonete se foi, Clary bebericou a água, que tinha um gosto metálico, e afastou o copo. Pelo canto do olho percebeu uma movimentação na porta principal.Meu Deus... Uau.Um homem havia entrado no restaurante. Um Homem muito, muito... lindo de verdade.

Um Alfa loiro, uma beleza digna de um astro de cinema, entrou no restaurante. Monumental em seu casaco de couro preto, seus ombros eram tão largos quanto a porta que acabara de atravessar, e suas pernas eram tão longas que ele era mais alto do que qualquer pessoa no local.

 Enquanto caminhava a passos largos entre as pessoas na entrada, os outros homens olhavam para baixo, para longe, ou para seus relógios de pulso, cientes de que não eram páreo para ele.

Anjo EternoOnde histórias criam vida. Descubra agora