4°CAPITULO:A soberana da ilha

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Seis meses se passaram desde que Morgan despertou como um dragão imponente, e nesse tempo, ela se tornou uma criatura totalmente diferente daquela que um dia fora. A adaptação à sua nova vida foi rápida, quase natural. Seus instintos, antes humanos, haviam sido substituídos por um apetite voraz e um desejo incontrolável de dominar seu território. Ela, que antes era uma jovem confusa e assustada, agora se via como a soberana de uma ilha repleta de dragões menores, presas fáceis para suas habilidades de caça incomparáveis.

Morgan havia aprendido a usar suas habilidades únicas a seu favor. A "Canção do Destino Final", como ela chamava, era sua arma mais poderosa. Com essa melodia hipnótica, ela atraía os dragões desavisados, e com um jato preciso de âmbar líquido, os imobilizava de maneira impecável. O âmbar, ao entrar em contato com os corpos de suas presas, solidificava-se instantaneamente, transformando-se em uma prisão inescapável. Uma vez presos, os dragões não tinham chance contra a força brutal de Morgan. Ela os devorava com facilidade, quebrando o âmbar como se fosse uma fina camada de papel, revelando a carne que a sustentava e fortalecia.

A vida na ilha havia se tornado uma rotina para Morgan. Ela passava seus dias voando sobre florestas densas, montanhas escarpadas e rios caudalosos, garantindo que nenhuma outra criatura ousasse desafiar seu domínio. Seu momento favorito do dia era quando se banhava nas águas cristalinas do rio, permitindo que a cachoeira caísse sobre suas escamas vibrantes. A água corria por seu corpo, limpando o sangue de suas presas e refrescando-a depois de longas caçadas. Em alguns momentos, ela se permitia saborear uma fruta suculenta que encontrara na ilha, uma indulgência rara em meio à sua dieta carnívora.

Mas a paz que Morgan havia criado para si estava prestes a ser abalada.

Em um dia que começou como qualquer outro, Morgan estava explorando uma parte mais afastada da ilha quando avistou algo que chamou sua atenção. Era um dragão, mas não qualquer dragão. Ele era diferente de todos os que ela havia encontrado até então. Seu corpo era robusto, de um vermelho profundo como brasas ardentes. Seus olhos, que se moviam de maneira independente como os de um camaleão, pareciam estudar o ambiente ao seu redor, sempre vigilantes. O dragão não era grande, mas sua postura e a forma como se movia sugeriam uma força perigosa.

Curiosa e desconfiada, Morgan decidiu se aproximar, movendo-se cautelosamente entre as árvores densas. No entanto, seu tamanho colossal tornava difícil qualquer tentativa de furtividade. Um galho se partiu sob seu peso, e o som ecoou pela floresta, alertando o dragão vermelho de sua presença. Num piscar de olhos, a criatura alçou voo, girando no ar com uma agilidade surpreendente. Antes que Morgan pudesse reagir, ele lançou uma rajada de fogo na direção dela, seguido por um golpe violento com sua cauda espinhosa.

Morgan foi pega de surpresa. O fogo a envolveu, queimando suas escamas e penetrando em sua carne. A dor foi imediata, um choque que a paralisou por um breve momento. Nunca antes ela havia sentido algo assim ser a presa, em vez de a predadora. Mas essa sensação de vulnerabilidade rapidamente se transformou em fúria. Com um rugido que fez tremer as montanhas ao redor, Morgan se lançou ao ar, seus olhos queimando de raiva.

O dragão vermelho continuava a atacar, lançando chamas e se esquivando com destreza, mas Morgan não era facilmente derrotada. Ela concentrou-se, canalizando toda a sua força em um único disparo de âmbar. A substância pegajosa voou na direção do dragão, atingindo-o em pleno voo. Em segundos, o âmbar endureceu, transformando o dragão em uma estátua dourada, suspensa no ar. Morgan pousou com um estrondo, seu olhar fixo na presa agora indefesa. Sem hesitar, ela avançou, abrindo sua boca gigantesca e começando a devorar o dragão ainda preso no âmbar. Cada mordida era uma mistura de vingança e satisfação, o sabor do sangue aplacando sua raiva.

No entanto, antes que pudesse terminar sua refeição, algo fez Morgan parar. Uma sombra passou sobre ela, seguida por outras três. Erguendo o olhar, ela viu mais quatro dragões semelhantes ao que acabara de capturar, todos com a mesma coloração vermelha, voando em sua direção. Os olhos camaleônicos dos dragões estavam fixos nela, suas expressões revelando uma mistura de fúria e determinação.

Morgan sentiu o coração acelerar. Ela estava cercada. Os dragões formaram um círculo ao seu redor, suas bocas brilhando com a ameaça de fogo iminente. E então, todos atacaram ao mesmo tempo.

Morgan sentiu o coração acelerar. Ela estava cercada. Os dragões formaram um círculo ao seu redor, suas bocas brilhando com a ameaça de fogo iminente. E então, todos atacaram ao mesmo tempo.

As chamas que saíram de suas bocas eram intensas, engolindo Morgan em um mar de fogo. Ela gritou de dor, mas sabia que ceder não era uma opção. Precisava lutar, precisava sobreviver. Com um esforço colossal, Morgan abriu suas asas e lançou-se ao ar, tentando escapar da tempestade de fogo. Ela girou no ar, atirando âmbar na direção dos dragões, mas o calor das chamas era implacável. Por um momento, Morgan sentiu que poderia não sair viva dessa batalha.

Entretanto, sua determinação era mais forte que qualquer dor. Com um rugido que sacudiu o céu, Morgan focou em um dos dragões. Ela mergulhou na direção dele, sua enorme massa corporal atingindo-o com força suficiente para atordoá-lo. O dragão cambaleou, e Morgan não perdeu tempo; lançou âmbar nele, imobilizando-o antes que pudesse se recuperar. Um a menos.

Ela repetiu a tática com o segundo dragão, mas não sem sofrer mais danos. As chamas o atingiram novamente, queimando suas asas, mas Morgan persistiu. Conseguiu imobilizar o segundo dragão, virando-se imediatamente para os outros dois. Suas forças estavam no limite, mas a ideia de ser derrotada por esses dragões a impulsionava. Ela sabia que, se não terminasse a luta agora, não haveria um amanhã para ela.

Com um esforço final, Morgan concentrou toda a sua energia em um disparo de âmbar duplo. O líquido voou pelo ar, atingindo os dois dragões restantes quase simultaneamente. Eles lutaram, tentaram escapar, mas o âmbar solidificou-se rapidamente, prendendo-os em uma prisão dourada.

Com a respiração pesada, Morgan desceu ao chão, exausta, mas triunfante. Ela observou os dragões imobilizados, seus olhos agora cheios de uma frieza calculada. Sem hesitar, ela avançou sobre o primeiro deles, rasgando sua carne com suas presas. A batalha havia despertado algo novo nela, uma crueldade que antes não existia. Cada mordida era um lembrete de sua vitória, uma prova de que ela era a soberana daquele território.

Enquanto devorava os dragões, uma antiga lembrança surgiu em sua mente. Um provérbio que ouvira em sua vida passada: "Eu comerei a carne e beberei o sangue do meu inimigo, e usarei sua cabeça como troféu." Nunca antes essas palavras haviam feito tanto sentido quanto agora. Elas ecoavam em sua mente, ressoando com cada mordida que ela dava, com cada osso que ela quebrava.

Satisfeita, mas ainda sentindo a dor das queimaduras, Morgan decidiu que era hora de voltar à sua caverna. Antes, porém, ela parou no rio. As águas frescas aliviaram suas feridas, lavando o sangue e as cinzas que cobriam suas escamas. Por um momento, ela fechou os olhos, deixando que a sensação de alívio tomasse conta. Mas sua mente estava longe de descansar.

Chegando à sua caverna, Morgan usou o âmbar para selar as entradas, como fazia todas as noites. Dessa vez, porém, ela sentiu uma necessidade ainda maior de proteção. A batalha havia sido um lembrete de que, por mais forte que fosse, sempre haveria ameaças à espreita.

Enquanto se acomodava no fundo da caverna, envolta pela escuridão e pelo calor de suas próprias chamas internas, Morgan pensou no que faria a seguir. Ela sabia que não precisaria caçar por alguns dias, graças à grande refeição que acabara de fazer. Mas também sabia que, se encontrasse outro dragão como aqueles, não hesitaria. "Se eu vir outro dragão como aquele... eu o matarei à primeira vista."

Com essa promessa em mente, Morgan fechou os olhos, permitindo-se descansar. Ela sabia que o futuro traria mais desafios, mais batalhas, mas também mais vitórias. E, enquanto seus pensamentos vagavam para o que o amanhã poderia trazer, ela adormeceu, pronta para enfrentar qualquer coisa que viesse em seu caminho.

A jornada de Morgan O Terror âmbar Onde histórias criam vida. Descubra agora