Capítulo 1- Um loiro e uma encrenca.

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"As vezes você passa anos encontrando pessoas erradas, para encontrar a pessoa certa, no momento errado."

Cecília narrando-

O maldito despertador toca, atrapalhando meu delicioso soninho. Gostaria de saber quem foi o gênio que inventou um troço desse. Queria voltar ao passado,exatamente no dia que o cara resolveu criar esse objeto, eu iria pegar na mãozinha desse homem, colocaria ele sentado em um banquinho e diria:

-Amigo, não crie um instrumento de tortura como esse. Pense bem, várias pessoas odiaram você por conta disso. Estou dando mais uma chance de você pensar melhor e não criar esse maldito despertador. Respeite a lei dos cinco minutinhos.

Ao terminar, iria traze-lo para o futuro e mostrar como ele fazia as pessoas sofrerem todos os dias.

Vamos Cecília, não existe outra opção, você precisa levantar essa cabeça e lembrar que tem trabalho. Tenho vinte e dois anos, moro com minha mãe Dafne e os meus irmãos: Caíque e Maicon. Meu pai foi embora quando descobriu que mamãe estava grávida do meu irmão mais novo. Ao ir embora, ele deixou várias dívidas pendentes.
Trabalho em uma lanchonete aqui perto de casa. A dona da lanchonete é a mãe de Lívia, minha melhor amiga. Tenho um melhor amigo que se chama Nathan, ele sempre foi muito apaixonado pela Lívia mas é muito tímido e nunca teve coragem de expressar seus sentimentos.
Namoro o Caio, sinto um carinho enorme por ele e às vezes me culpo por não conseguir corresponder os sentimentos que ele tem por mim. Não vou mentir, estou nesse relacionamento apenas porquê eu sei que ele me ama e não quero machucar os seus sentimentos. Estudo direito e como não tenho dinheiro de pagar uma universidade particular, acabei optando por estudar em uma pública. Minha rotina é muito corrida, trabalho das sete da manhã até as quatro da tarde. Quando chego em casa, tomo um banho, faço um lanche e vou direto para a estação de trem. Chego em casa um pouco mais das onze horas, isso quando o Caio consegue ir me buscar de moto. Tomo um banho e vou direto para cama, já que no outro dia a rotina volta a ser a mesma. Não reclamo da minha vida, mesmo com todas as dificuldades nós somos bem unidos. E isso é o que me faz feliz e o que me ajuda a levantar todo dia de manhã.

-Sua preguiçosa, já passou da hora de levantar dessa cama- Liv diz entrando no meu quarto, me fazendo despertar completamente.

-Estou com tanto sono- Sento um pouco sonolenta. -O que você está fazendo aqui? -Pergunto me espreguiçando.

-Hoje é segunda, esqueceu bonitinha? -Cruza os braços. -Sabe o que isso significa? -Senta do meu lado na cama. -Dia de trabalho e de universidade. Vamos acordar para vida meu amor- Beija o topo da minha cabeça e levanta novamente.

-O final de semana passou tão rápido- Suspiro. -Eu e o Caio aproveitamos muito esses dias-Pisco para minha melhor amiga, que dá um sorriso malicioso.

-Você não presta, sua safadinha- Ela ri. -Pode levantar logo dessa cama e ir tomar banho- Ordena como se eu fosse seu animal de estimação.

-Ok, estou indo mamãe- Reviro os olhos.

Levanto da cama, pego minha toalha e vou para o banheiro. Depois de um delicioso banho vou para o quarto, onde encontro minha amiga vasculhando meus livros.

-Não sei como você consegue ler tudo isso- Ela diz ao perceber minha presença. -Eu nunca gostei de ler-Confessa fazendo careta.

-O problema é que você é muito agitada, não consegue parar quieta- Digo indo em direção ao guarda-roupa. -Será que a senhorita poderia me dar licença, para que eu possa trocar de roupa? -Pergunto me virando para ela.

-Claro- Ela ri e sai.

Vesti minha roupa e em seguida sai do meu quarto. Fui em direção a cozinha, onde minha família e a Liv já estavam sentados na mesa. Nós tomámos café conversando enquanto Lívia contava uma de suas histórias malucas.

-Vamos loira? -Pergunto a minha amiga assim que acabamos de comer.

-Vamos morena- Pisca para mim e levanta.

***

Ao chegarmos no trabalho, a lanchonete já estava com uma grande quantidade de cliente que costumavam ir lá diariamente para tomar café antes de ir pro trabalho. Fomos direto para cozinha, o dia parecia ser longo. Antes que eu pudesse terminar de amarrar o avental, a mãe de Lívia entra na cozinha com vários pedidos.

-Cecília, um pedaço de bolo de laranja para mesa sete- Ela diz jogando os pedidos em cima do balcão. Vou até a vitrine e retiro um pedaço do bolo, que parecia estar uma delícia.

-O bolo da mesa sete-Grito para que algum garçom pudesse vim buscar o pedido.

-Não tem como eu servir, faça isso por mim- A tia Claudia diz ao correr de uma mesa para outra

-Ok- Suspiro. -Vamos lá- Pego o pedido e vou em direção a mesa.

Não precisei completar todo o trajeto para perceber quem era o rapaz.

-Olha só, posso saber o que o senhor está fazendo aqui? -Pergunto ao entregar o pedido ao Nathan.

-Vim ver minha amada melhor amiga-Ele sorri cínico.

-Vamos cara, diga logo o que está fazendo aqui? -Provoco cruzando os braços.

-Já disse, eu vim ver você-Ele afirma.

-Querido amigo, não minta para mim, sei muito bem que você veio aqui só para ver a Lívia- Me divirto com a cara que ele faz.

-O que vocês estão falando sobre mim? -Lívia pergunta ao sentar em uma cadeira ao meu lado.

-É que o Nathan...- Começo a dizer, mas meu amigo me interrompe.

-É que a Ceci esqueceu meu suco de laranja- Ele mente. -Aí eu já ia chamar você para pedir.

Não consigo entender como a minha amiga nunca percebeu o quanto o Nathan é apaixonado por ela.

-Está bem, já vou pegar- Ela levanta novamente e em seguida vai pegar o suco.

-Sinceramente, eu acho que você já deveria ter falado pra ela o que sente- Encaro meu amigo.

-Eu tenho vergonha- Entorta os lábios.

-Vergonha? Pelo amor de Deus, você já é um homem crescido- Aquele fricote dele me deixava irritada.

Ele suspira. Lívia logo volta com o pedido.

-Aqui- Entrega o copo de suco ao Nathan.

-Obrigada- Ele agradece.

Antes de sair ela beija a bochecha de meu amigo, fazendo ele corar. Quando minha amiga já estava longe de nós, Nathan se pronuncia:

-Viu isso Ceci? -Era inevitável não perceber a animação em sua voz.-Estou tão apaixonado por ela- Suspira.

-Eu sei disso- Comento com ironia. -Agora tchau, preciso voltar ao trabalho-levanto.

Estava quase colocando a cadeira no lugar quando um carro bem chique, diferente do que costumamos encontrar por aqui, para em frente a lanchonete.

Um homem loiro e muito elegante, sai de dentro do carro. Roubando a atenção e os suspiros de diversas moças que estavam por ali.

-Quem é esse? -Nathan pergunta.

Acho que todos alí se perguntavam a mesma coisa. Um homem tão bonito e bem vestido, era difícil de se encontrar em nosso bairro. Passo as mãos em meu cabelo, para arrumar os fios rebeldes e saio da lanchonete indo em direção aquele homem que tinha roubado o coração de todas as moças naquele ambiente.

-Bom dia, posso ajudar? -Digo ao parar de frente a ele.

-Bom dia, eu estou procurando...-Olha alguma coisa em um papel. -Estou procurando Cecília Motta, ela se encontra? - Ele cruza os braços, voltando sua atenção para mim.

Podia pressentir que algo ruim estava para acontecer. O que um homem tão rico iria querer com alguém tão pobre como eu? Encrenca na certa.

-Você está falando com ela- Engulo em seco.

Meu coração estava acelerado.

-Quem é você? -Ergo as sobrancelhas.

-Eu sou Vinícius Meireles, filho de um dos maiores banqueiros do país- Ele arruma a gravata.

-E o que você quer comigo? -Pergunto desconfiada.

O Contrato Que Mudou Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora