Você é o meu lar

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Algo mudou.

Algo mudou desde que Jenni saiu do hospital a 10 dias.

Algo mudou muito entre ela e Alexia.

Naquela tarde que tomaram café juntas na varanda do quarto, elas trocaram longos abraços, conversaram sobre coisas muito positivas, elas se beijaram.

Alexia saiu do hospital flutuando naquela noite. Não poderia ser diferente.

Depois de sentir os lábios de Jenni delicadamente sobre os seus, não apenas uma vez durante aquele encontro, Alexia sentiu seu corpo pairando nas nuvens, como a muito tempo não acontecia.

Quando se despediram, foi a própria Jenni quem teve a iniciativa de beijá-la. Não um beijo profundo e demorado, mas depois de tudo que aconteceu, Alexia não poderia estar mais feliz com aquele contato tão íntimo. Pensar que havia sido em um avanço de Jenni e não dela, fazia tudo ter um sabor ainda mais incrível.

Porém, desde que a morena saiu do hospital, algo mudou.

E não foi para melhor.

Alguma coisa deixou de acontecer entre elas no momento em que Jenni recebeu alta médica.

Alexia se mantinha positiva, mas ela não conseguia entender porque teve ignorado todos os seus pedidos para ir visitá-la, sendo que quando estava no hospital, até mesmo naquele momento em que Alexia acidentalmente revelou a verdade, Jenni quis a sua presença. Mas agora que saiu e começava a parte pesada da recuperação física, tudo que recebeu foram algumas mensagens genéricas antes de dormir, como se Jenni estivesse ocupada demais durante o dia para poder atendê-la.

E aparentemente, ninguém que estava próximo à morena se encontrava muito disponível para Alexia também.

Irene era a única que a atualizava sem que ela precisasse pedir, essa era a primeira coisa que ela fazia quando a encontrava no clube. Parecia que a defensora sabia o labirinto de dúvidas que sua mente se encontrava.

Blanca era sempre muito gentil, mas dizia apenas que tudo estava acontecendo no tempo de Jenni e não fornecia nenhuma informação das muitas perguntas que Alexia fazia.

Lucia também não dizia muito. Ela era muito fiel a Irene e Jenni, e jamais falaria alguma coisa que elas não quisessem. Apesar disso, ela havia entregado a Alexia a chave reserva do apartamento de Jenni, para que ela pudesse estar por perto sempre que sentisse vontade.

Alexia passou algumas noites naquele apartamento que nunca foi o seu lugar favorito, porque no quarto ela ainda conseguia sentir um pouco do cheiro de Jenni e de alguma forma isso a acalmava e ajudava a dormir. No banheiro ainda tinha um pouco do shampoo que perfumava aquele cabelo longo e impecavelmente preto aonde Alexia enterrou o nariz tantas e tantas vezes. E do terraço também era possível ver a casa de Irene aonde Jenni estava ficando nesse início de recuperação e essa era a maior razão pela qual Alexia passou algumas noites lá. Ela esperava todas as luzes se apagarem na casa da amiga antes de ir para o sofá que presenciou uma noite inteira de amor delas naquela volta que parecia tão longe e tão perto na mente da loira.

E por ironia do destino, quando estava naquele apartamento que ela odiou na primeira vez que entrou porque nele não tinha vida, ela se sentia mais perto de Jenni. Mais conectada ao pulsar do coração da mulher que a oito anos transformou a sua vida.

Então Alexia se mantinha confiante apesar de se sentir tão perdida. Ela não podia negar que a terapia estava ajudando muito, mas em noites como hoje, era difícil acreditar que as coisas realmente estavam avançando. Tudo parecia uma grande folha em branco e a caneta longe demais para ela escrever alguma coisa.

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