Capítulo 11: Confiança

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David não dormiu bem. Ele estava segurando Regina, acordando para cada soluço, gemido ou choro que escapava de seus lábios durante o sono. Ele não sabia com o que estava mais preocupado: os pesadelos que a faziam tremer violentamente e agarrar sua camisa ou o fato de que os pesadelos não pareciam acordá-la completamente.

O sol mal estava nascendo no horizonte quando ele saiu dos aposentos da Rainha. Ele queria se refrescar e falar com Blue antes da reunião do conselho matinal. Ele a encontrou na biblioteca, falando com Grumpy sobre o suprimento de pó mágico. Os anões estavam trabalhando horas extras para repor seu suprimento após o golpe orquestrado por George. Grumpy se levantou assim que percebeu a presença de David. "Vossa Majestade."

"Bom dia, Grumpy. Não pude deixar de ouvir que nosso suprimento de pó mágico está quase reabastecido." David deu ao anão o que esperava ser um sorriso encorajador. Embora seu comportamento com Regina tenha sido inapropriado, ele não quis machucá-la. E ele sabia que Regina teria que aprender a responder às críticas sem outro de seus "acidentes". "Se você nos der licença, preciso falar com Blue."

"Claro." Grumpy saiu da sala apressadamente.

Blue pairou perto dele. "O que posso fazer por você, Majestade?"

"Precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem."

Blue podia sentir sua raiva. "Eu pensei que ela fosse atacar Grumpy, eu reagi."

"Você sabe que ela não pode usar magia."

"Não significa que ela não possa causar dano." Blue estava apontando para a cicatriz acima da sobrancelha. David passou a mão sobre ela automaticamente.

"Ela está tentando mudar. E ter você usando magia contra ela não está ajudando."

"Ela nunca pode mudar. Uma vez que o coração é escurecido, ele nunca mais pode voltar." Blue recitou mecanicamente, como se não estivesse falando de um ser humano, mas de um cachorro enfurecido que deveria ter sido sacrificado.

David ficou chocado com o tom de voz dela. "Então por que você a ajudou?"

"Ajudá-la? É contra as leis uma fada ajudar o mal. Há uma razão para chamá-la de 'Rainha Má'." Ela estava pairando em círculos mais rápidos agora, o bater de seus ventos era o único som que podia ser ouvido na grande biblioteca.

David engasgou ao entender que tinha sido manipulado e usado contra Regina. "Por que você lançou o feitiço? Por que você a salvou em sua execução?"

"Porque meu dever como fada é preservar a vida, incluindo a de Regina. Quando você mudou de ideia sobre matá-la, a lei que eu obedeço exigiu que eu tentasse salvá-la. Mas ela precisava ser parada e você parecia ansioso para suprimir sua magia e a convenceu com sucesso a fazer isso. Minha consciência me disse que era o curso de ação mais seguro."

David desabou em uma cadeira próxima. "Então você mentiu para nós? Ela nunca vai conseguir remover os pingentes?"

Blue pousou na mesa ao lado do Rei. "Fadas não mentem. O Amor Verdadeiro quebrará o feitiço. No entanto, é improvável que a Rainha tenha Amor Verdadeiro."

David enterrou o rosto nas mãos e respirou fundo antes de responder. "Por quê? Porque ninguém nunca a amará?" As palavras de Regina ecoaram em sua mente. Ele tinha sido tolo em acreditar na Fada Azul. E Regina tinha depositado toda a sua confiança na tolice dele.

"Não, porque o Amor Verdadeiro precisa ser compartilhado por duas pessoas. Mas nunca se pode amar verdadeiramente alguém sem amar a si mesmo primeiro."

David olhou lentamente para a Fada Azul. Sua mente tentava lutar contra as palavras dela, mas no fundo, ele sabia que ela estava certa. Ele tinha visto o medo em seus olhos, ele a segurou durante seus pesadelos. A vida a havia destruído a ponto de ela não poder amar a mulher quebrada e raivosa que ela havia se tornado. Ele ficou em silêncio por um longo tempo. Tempo suficiente para a Fada Azul começar a pairar em sua direção. "Vossa Majestade?"

A Rainha Está Morta, Viva a RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora