A Rainha Está Morta, Viva a Rainha

Capítulo 18: Mães

Regina estava brava com ele novamente. Embora dessa vez, David não tivesse ideia do que tinha feito para merecer a ira dela. Quando Regina saiu da casa de Mal para encontrá-lo no pátio, ela puxou as rédeas do cavalo para longe dele e montou sem dizer uma palavra. Eles estavam cavalgando em silêncio pesado por várias horas agora e ele estava se abstendo de fazer as temidas perguntas. Mas ele não conseguia mais suportar a tensão entre eles. "Regina?"

Após alguns minutos de silêncio da Rainha, o Rei posicionou seu cavalo ao lado do dela. "O que há de errado?"

"Nada." Regina evitou seu olhar propositalmente. Ele merecia saber o que a estava incomodando, mas ela precisava de um tempo para se recompor antes de falar com ele. Ela não queria brigar com ele e precisava controlar a raiva fervendo perto da superfície. "Vamos cavalgar o mais longe que pudermos hoje."

David franziu a testa, mas não a pressionou. "Ok". Se ao menos ele soubesse para onde estava indo. Ele se consolou com o fato de que Regina pode estar brava, mas ela não estava desesperada. Eles tinham um plano e um destino. Um que ele não sabia nada sobre, no entanto.

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Eles cavalgaram por mais vinte minutos antes de David quebrar o silêncio novamente. "Você poderia me dizer o que está te incomodando?"

Regina gemeu. Antes que pudesse controlar as palavras que saíram de sua boca, ela começou a gritar com o Rei. "Você matou o companheiro dela! Você só tinha que ser o príncipe corajoso que mataria um dragão. Já lhe ocorreu que o dragão pode ter protegido sua família de você e dos soldados? Que ele protegeu a entrada da caverna que seu companheiro precisava para nutrir seu ovo com segurança? Não, claro que não! A única coisa que importava para você era que você pudesse bancar o herói." Ela estava respirando com dificuldade.

David engasgou. O único dragão que ele já havia matado estava protegendo seu filho não nascido. O filho de Malévola. Suas bochechas estavam vermelhas de culpa. "Eu... eu não sabia."

"Claro que não. Heróis raramente pensam nos sentimentos dos vilões." Ela olhou para baixo e sua voz suavizou. "Não preciso te dizer como é perder a pessoa que você ama. Se ela cruzar seu caminho novamente, ela vai te matar." Regina olhou para cima para encontrar os olhos de David.

O Rei estava segurando suas próprias lágrimas. Sim, ele sabia como Malévola se sentia em relação a ele. Ele tinha os mesmos sentimentos em relação a Regina há muito tempo. Ele quase executou seus planos de matá-la. "Obrigado por não deixá-la me matar."

"Eu fiz isso por ela." Os olhos de David se arregalaram de surpresa enquanto Regina continuava. "A vingança é boa no começo, mas não ajuda a preencher o vazio interior."

David percebeu que ela estava falando sobre sua própria rixa com Snow. Ele sabia que ela não estava pronta para lhe contar tudo, então ele não a pressionou mais. "Não, não é. Mas me afastar da vingança é uma das coisas mais difíceis que já tive que fazer."

Regina engoliu em seco. Essa era a diferença entre heróis e vilões. Ele havia lhe dado uma segunda chance. Mas ela não tinha sido capaz de perdoar o erro de uma criança. Ela ainda não era capaz de fazê-lo. "Por que... por que você me poupou?"

David ficou surpreso com a pergunta dela. Ele lentamente percebeu que ela havia interpretado suas respostas anteriores como se ele a tivesse poupado depois que ela matou Snow. Não foi isso que ele quis dizer, mas Regina merecia uma resposta mesmo assim. "Eu fiz uma promessa a Snow de te dar uma segunda chance. Quando ela estava deitada em meus braços e você mal respirava a alguns metros de distância, tudo o que eu queria fazer era te matar. Mas um olhar para Snow me lembrou dessa promessa. Quando trouxemos você de volta ao acampamento, desejei que você morresse de perda de sangue ou de uma infecção. Não estou orgulhoso disso." David engoliu as lágrimas, mas continuou. "Mas quando eu vi você com medo e vulnerável naquele catre, percebi que Snow estava certa. Havia mais em você do que apenas a Rainha Má. Não tenho certeza se realmente lhe dei uma chance, mas você mudou. Eu queria vingança contra a Rainha Má. Mas aquela mulher não existia de verdade. Ela era apenas uma máscara e não quem você realmente é, quem você era mesmo naquela época. Quando estávamos prestes a executá-la, percebi que sua morte não me daria minha vingança, ou mesmo justiça. Se alguma coisa, eu deveria agradecer por derrotar a Rainha Má."