A Rainha Está Morta, Viva a Rainha

Capítulo 2: Precipitação

Três meses se passaram desde a captura da Rainha. O inverno estava chegando e havia muito trabalho a ser feito para garantir que comida e suprimentos fossem distribuídos por todo o Reino. Após o funeral de Snow, as famílias nobres foram reunidas para legitimar o acesso de David ao trono. Era uma formalidade, já que nenhum dos nobres desejava lidar com a antiga Rainha, atualmente mantida em cativeiro no donjon.

Desde então, David estava se ocupando com a administração diária do Reino. Para um garoto pobre impulsionado de pastor a príncipe e rei em questão de meses, ele estava aprendendo a tarefa rapidamente. O fato de Regina estar governando seu reino com eficiência certamente o ajudou. Ele agora estava descendo o corredor que levava à Câmara do Conselho, silenciosamente revisando os assuntos que precisavam de sua atenção imediata.

Ele entrou na Câmara e olhou cada um dos seus membros nos olhos (tanto quanto pôde): Grilo Falante, a Fada Azul, Zangado, Vovó e sua neta, e o Caçador, que decidiu ficar como chefe de sua guarda pessoal.

"Bom dia a todos! Esta deve ser uma reunião curta, apenas dois itens." Ele anunciou enquanto se sentava à mesa. "Primeiro, sobre os tumultos no Reino do Norte." Ele voltou sua atenção para o Huntsman, que explicou a situação.

"Os aldeões sempre foram fiéis à Rainha. Como a Princesa nunca se escondeu naquelas partes, a Rainha não tinha razão para queimar suas aldeias. Como você sabe, ela tem sido uma governante eficiente e os aldeões estão preocupados com a transição."

"Visitarei as aldeias na próxima semana para apaziguar seus medos."

"Acho que seria uma decisão sábia, Vossa Majestade." Grilo estava pairando sobre a mesa. "No entanto, pode ser mais seguro enviar um representante".

"Não, eu mesmo irei." Sua decisão final chegou, ele se virou para a Fada Azul e o anão. "Como está nosso suprimento de Pó de Pixie?"

"Graças ao trabalho extraordinário dos anões, temos magia suficiente para ajudar no esforço de reconstrução. No mês que vem, devemos conseguir guardar alguns de nossos suprimentos para emergências futuras."

O Rei assentiu em aprovação. "Muito bem, é tudo por hoje…"

"Vossa Majestade, há outro assunto que desejo trazer à sua atenção." Vovó se levantou. David sabia qual era o problema. Regina. Ela não havia feito pedidos irracionais nos últimos três meses. No entanto, nas últimas duas semanas, ela vinha pedindo algo que ele não podia lhe conceder. "Ela pediu para ver o pai."

David suspirou ao ouvir o pedido. "Como já expliquei a você antes, não estou concedendo uma visita até depois do julgamento."

"E eu repassei suas palavras para ela." Vovó hesitou. David cutucou a cabeça em sua direção, encorajando-a a continuar. "Ela está sozinha, Vossa Majestade. Você sabe o que acontece com animais selvagens presos sozinhos no escuro?" Vovó fez uma pausa. "Eles enlouquecem e atacam".

David segurou o olhar penetrante de Granny por um longo tempo. "Não posso conceder a ela uma visita antes do julgamento."

"E quando será, Majestade?"

David soltou a respiração que não sabia que estava segurando. Ele sabia que tinha que tomar uma decisão. Ele estava tentando evitar o assunto Regina. Ainda era muito doloroso. "Daqui a seis meses. Quero que todos tenham a chance de falar no julgamento dela." Ele se virou para o Huntsman. "Envie mensageiros por todo o Reino".

Vovó fez menção de sair da sala. "Vou informar a Rainha".

"Não, eu vou falar com Regina." Ele saiu da sala e caminhou em direção ao calabouço. Seu coração batia forte no peito ao pensar na mulher. Ele deveria odiá-la. Ele a odiava quando ela matou Snow. Mas ele também viu a vulnerabilidade por trás da máscara da Rainha. Ele teve um vislumbre da pessoa que sua querida Snow queria salvar. Sua raiva foi gradualmente substituída pela tristeza pela perda de uma alma inocente. Aquela alma havia sido perdida antes mesmo que ele a conhecesse, mas ele já sabia o resultado do julgamento. Ele não conseguia se obrigar a ordenar a construção da forca. Mas ele também não conseguia se obrigar a perdoá-la.