Chapter II

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O de cabelos coloridos estava sentado em um bar, com um copo de uísque na mão. Ele estava surtando, o que era esperado para um garoto que aguentou a rotina dele por nada mais nada menos do que dois longos anos. Uma hora isso iria acontecer, ele teria que extravasar de algum jeito e o melhor em sua concepção era ficar bêbado até perder os sentidos.
O líquido dourado em seu copo era balançado pelas mãos pequenas, seus olhos não se focavam em nada específico, seu olhar era perdido e de certa forma desesperado, algumas lágrimas teimavam em escorrer por seu rosto. Ele ignorava a tudo e todos ao seu redor, era como se ele estivesse paralisado, e tudo à sua volta estava se movendo, ele não conseguia acompanhar. Não conseguia acompanhar a conversas das pessoa ao seu redor. Não conseguia acompanhar as garrafas de cerveja que deslizavam pelo balcão do bar. Nem a música que tocava ao fundo. Muito menos o loiro sentando ao seu lado, observando o atentamente com os olhos agora azuis.
O rapaz de cabelos dourados sentando ao seu lado tinha um típico jeito de bad boy com aquela jaqueta de couro, os jeans rasgados, o coturno de couro e a chave da moto rodando entre seus dedos. O olhar frio ajudava a manter sua aparência seria, junto com seu maxilar bem definido e os lábios nem grossos, tão pouco finos, em um linha reta e inexpressiva.
-Dia difícil? - Perguntou a Clifford, que ao menos se mexeu, continuou a encarar seu copo agora vazio. O de olhos azuis tocou-lhe o ombro fazendo o mais novo olhá-lo minimamente. Os olhos verdes encontraram o de cor azulada, Michael sentiu se fora de órbita por alguns segundos, se perdeu naquela cor e depois na estatura do homem a sua frente. Clifford olhava cada detalhe atentamente afim de guardar aquela figura que ao seu ponto de vista era incrivelmente linda. O outro percebeu o que ele fazia, apenas mostrou um mínimo sorriso.
-Posso te pagar outra bebida? -Perguntou o típico bad boy com sua voz rouca.
Michael o olhou desconfiado -Por que você me pagaria outra bebida?
O mais velho sorriu. -Porque a sua acabou. - Disse por fim chamando o garçom e dizendo-lhe o que queria, não demorou para que suas bebidas estivessem prontas e a frente deles naquele balcão marrom cheio de marcas de copos.
-Como é o seu nome? - O loiro perguntou mesmo já sabendo.
-Michael e o seu?
-Luke. - Respondeu simples bebendo de seu copo. - O que faz aqui?
Para ele era estranho ver o menino de cabelos coloridos com aparência inocente que passava todos dos dias por volta das sete da noite na encruzilhada aqui no bar. Ao olhos de Luke, Michael parecia inocente, beirando a infantilidade, com seu lindo sorriso pouco visto mas que existia, com cada traço de seu rosto "esculpido a mão" pensava ele, que tinha mais problemas do que realmente deveria ter.
-Bebendo. - Michael lhe respondeu virando o copo com a bebida.
-E por que está bebendo? - Ele sabia o porquê, mas mesmo assim precisava ouvir da boca do menino.
-Perguntas de mais. - Michael disse levantando-se. - Obrigada pela bebida. - Sussurrou no ouvido do mais velho deixando sua "inocência" desaparecer. - Até algum dia. - Disse rumando a saída, porém foi parado pela mão de Luke segurando seu pulso.
-Deixa eu te levar para casa.
-Isso foi uma pergunta? - O de olhos verdes perguntou com as sobrancelhas erguidas.
-Não. - Respondeu-lhe simples outra vez, levando o finalmente para fora daquele bar.
-Eu não vou te dizer onde moro, eu nem te conheço direito.
-Conhece sim, sou Luke.
Michael não precisava dizer onde morava a Luke, pois o mesmo sabia, de cor e salteado.
-Anda, sobe.
-Por que eu deveria subir na moto de um estranho?
-Porque eu sou sua única carona e já são duas e treze da manhã.
Michael deu se por vencido subindo na moto antiga do homem, agarrou-lhe a cintura sem receio algum, encostou sua cabeça nas costas dele.
Sentia o vento batendo em seu cabelo a medida que a moto se movia rápido pela rua, porém a moto foi parada rapidamente na encruzilhada.
-Por que paramos? - Michael perguntou sentindo um fio de medo lhe percorrer.
-Fique calmo. - Disse o outro descendo da moto fazendo com que Michael também descesse. - Você está com problemas não está Michael? - O questionado não respondeu assim como não moveu um músculo, apenas encarava o homem a sua frente que tinha uma expressão serena. - Sua mãe está no hospital não está? Você vai ser despejado e o Senhor Phillips está a um passo de te demitir do café onde você trabalha.
-C-como você sabe? - Perguntou o mais novo com seus olhos marejados.
-Eu posso te ajudar Michael... - Disse o loiro piscando e revelando seus olhos totalmente e completamente negros.
-V-você...
-Sim, Mikey. - Afirmou tirando todas as dúvidas do mais novo. Luke era um demônio e agora queria negociar.
-Se é minha alma que você quer, pode esquecer! - Michael tratou de ser rápido.
O demônio riu. -Você é esperto... - Caminhou em passos lentos até Michael que permanecia imóvel, como se seus pés estivessem colados no chão. - Sua alma é... - O mais velho cheirou o pescoço de Michael causando um arrepio no mesmo. - Pura. - Disse com os olhos brilhando. - Mas eu não a quero. Não posso lidar com almas tão puras como a sua Michael.
-O que você quer?
-Então você também está disposto a negociar?
-Minha mãe vai ficar bem? - Perguntou receoso e viu o outro assentir. - Então podemos negociar.
Era tudo o que Luke queria ouvir, ele sorriu friamente. -Sabe o que eu quero Clifford? - Perguntou passando os dedos pela bochecha do outro, os dedos gelados em contado com a pele quente fazendo um contraste bom. Michael negou sobre a pergunta do outro então Luke prosseguiu. -Eu quero hm... - Gemeu, e chegou mais perto colando seus corpos, agarrando a cintura do outro, que era alguns centímetros mais baixo, desceu suas mãos até as nádegas alheias ali apertando, fazendo o mais novo arfar em aprovação. - Sua virgindade Michael.
-Pelo que exatamente? - Michael conseguiu perguntar enquanto estava praticamente entregue aos toques do moreno em sua bunda, que subiu as mãos encontrando o cós da calça assim fazendo as mãos adentrarem o jeans apertado e a boxer de Michael, encontrando ali a pele macia de Michael, que era apertada por seus dedos.
-Sua mãe, livre do câncer e... Dinheiro.
-Quanto? - Perguntou num fio de voz.
-Quanto eu achar que merece.
Era uma proposta tentadora, Michael queria ver sua mãe bem e precisava de dinheiro. Ele só teria que se entregar. Em sua mente tudo era tentador, parecendo a saída mais fácil de livrar dos seus problemas, mal ele pensou que assim poderia estar se enfiando em mais problemas. A vida de sua mãe a única pessoa que tinha era a única coisa que lhe importava antes do mesmo perguntar.
-Onde eu assino?
-Não trabalho com papel. - Disse o de olhos azuis antes de juntar seus lábios, assim selando o contrato.

Black Eyes [Muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora