Chapter XI - One

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A calmaria e o barulho das ondas se quebrando na praia acalmavam Michael que nos últimos dias têm tido surtos psicológicos, tremores, febres e dores.

Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, mas não sentia que era algo bom.

Sentia-se confuso agora, lembrava-se de estar no quarto enterrado em cobertas e de sentir seu corpo abafado por tanto tecido, sua testa coberta por uma fina camada de suor e unhas fincadas nas palmas das próprias mãos com força de maneira a machucar.

Vivia lembranças que nunca lembrara de ter, sentia coisas que jamais sentiu igual, uma saudade por algo desconhecido que nunca era cessada.

Seu rosto estava apoiado nos joelhos dobrados e encolhidos, seus dedinhos afundados na areia fina e seus grandes olhos verdes focados nas ondas.

-Precisamos conversar. - Luke disse, aparecendo de repente.

Michael não se esforçou para dar uma resposta audível, murmurou qualquer coisa e o demônio suspirou.

-Como você se sente?

O garoto de olhos verdes balançou a cabeça negativamente mostrando que seja lá o que ele estava sentindo não era algo bom.

-Okay, será que você pode me responder com palavras? - Luke estava levemente irritado e trincou o maxilar quando recebeu outra resposta muda ao balançar de cabeça do mais novo.

-Michael... - Sua voz passou a ser dura e Michael se encolheu mais como pode. - Me responde com palavras.

Michael queria dizer alguma coisa, mas simplesmente não conseguia. Sua garganta estava seca demais e a saliva parecia cola. Era como se ele estivesse esquecido como se pronuncia as palavras.

-D-desc-culp-p...

Não conseguiu completar a palavra, seu olhar encontrou a areia macia e ali permaneceu.

-Olhe para mim, por favor, babe. - Sentiu seu queixo ser levantado e finalmente encarou os olhos azuis de Hemmings. - Você sabe como veio parar aqui?

Negou rapidamente com a cabeça depois se lembrando de que Luke queria respostas verbais.

-N-não-o. - Sua voz estava rouca pela falta de uso.

-Vamos para casa, sim? - Luke disse e Michael negou. - Michael, levante-se, vamos! - Luke segurou a mão do garoto que involuntariamente se levantou. Por mais que negasse ainda sentia medo de Luke.

Tudo era extremamente exaustivo para o mais novo. Emocionalmente e fisicamente.

Luke conseguia ver as costelas cruelmente marcadas pela pele alva de Michael, os dias sem comer ou sequer beber algo fizeram isso com ele. Bolsas negras rodeava-lhe os olhos que pareciam perdidos e implorando por ajuda. Os cabelos perderam a cor, estavam brancos com as raízes escuras aparecendo, seus lábios eram mastigados sem piedade, com machucados de cor escarlate autoinfligidos.

Já não existia mais uma pessoa ali, pelo menos não um ser humano.

O coração do menino tamborilou quando sentiu a água fria cair sobre suas costas, os dentes batiam uns nos outros com tanta força que Luke chegou a pensar que podiam rachar ou quebrar, o corpo tremia violentamente, porém mesmo com a água rigorosamente gelada o pequeno corpo encolhido continuava quente.

Faltava uma dolorosa semana para dia 20 de novembro.

Luke se irritava com facilidade, mas tentava se controlar, tinha que cuidar de Michael e irritado mal conseguia fazer uma pergunta sem ser rude ou incrivelmente seco.

Quando o chuveiro foi desligado Luke pegou com cuidado Michael no colo, enrolou-o em uma toalha preta e felpuda.

Sentou o garoto que ainda tremia na tampa da privada e buscou pela escova de dente.

Nasúltimas semanas Michael não havia tido nenhum cuidado com sua higiene pessoal, isso não importava no momento, a confusão que estava sua mente fazia isso parecer irrelevante.

Luke fazia tudo gentilmente, não parecia nada com a sua postura ou com sua personalidade tipicamente cruel.

Uma grande xícara de café preto e um prato com panquecas cobertas por xarope de milho foi servido por Luke para Michael, esse que fez cara feia e se negou a comer mas a paciência quase esgotada do outro conseguiu convencer que seria melhor que comesse pelo menos algumas garfadas.

A aparência do de olhos verdes já demonstrava diferenças notáveis, o rosto menos pálido; os cabelos úmidos perderam o brilho atribuído pela sujeira e oleosidade, agora tinham um cheiro bom e o platinado estava mais vivo; as olheiras negras continuavam ali porém pareciam mais aliviadas; o olhar perdido parecia ter encontrado um rumo e estavam mais focados.

-Obrigado. - Agradeceu Michael, afastando o prato e encolhendo-se na cadeira. Os pés estavam juntos em cima da mesma, as coxas pressionadas contra o peito quase de modo a sufocá-lo.

Com as unhas um pouco maiores que o normal ele cutucava o próprio joelho vendo formas vermelhas se formarem.

-Michael, eu preciso conversar com você. - Luke disse e se sentou.

Michael o olhou culpado, queria pedir desculpas por estar se comportando assim, mas não sabia como, e não teria explicações para o porque do comportamento anormal. Ele simplesmente não sabia o que estava acontecendo.

-Quero que preste atenção em mim, tudo bem? Tente guardar tudo o que eu falar aqui e agora, não se esqueça de nada, tudo será importante. - O menor assentiu e finalmente parou de machucar o próprio joelho.

-No terceiro cômodo do segundo corredor há uma salada pequena com uma estante de livros, um sofá de couro e uma mesa de vidro como as padrão do prédio. Atrás da estante tem um cofre, a combinação é simples, se você prestar atenção encontra o número nos livros, depois da próxima semana eu preciso que encontre essa combinação. Lá dentro terá tudo o que precisa, absolutamente tudo, está me entendendo? Lá dentro terão mais instruções, tudo bem? Siga-as e tudo ficará bem.

-Porque está me dizendo isso? Você vai me abandonar? Me desculpa Luke, eu não queria estar agindo assim, mas eu não sei o que está havendo comigo... Talvez eu esteja enlouquecendo, ou...

-Eu não vou te abandonar!

Ambos sabiam que não era verdade, Michael podia sentir, já Luke tinha certeza.





-x-

Oi, oi gente! Demorei né? Então meu celular ainda não tá pronto, e eu não tive tempo de pegar o computador e escrever, porque eu tô em semana de prova e trabalho, no técnico e no ensino médio, não é fácil galerô! Mas taê metade do capitulo, eu dividi em dois pra não deixar vocês sem atualização aqui por mais tempo. 

Logo atualizo as outras okay? Não se esqueçam de me seguir no twitter é c0lorfulw0rld e amendoirwin. E ah, não se esqueçam de votar na sua capa preferida pra Broken Records.

Beijos galácticos, Madd.


Black Eyes [Muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora