tá tudo bem (parte 2.)

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ATO II cena 9

Damen tinha pensado que ele iria embora, como tinha feito da outra vez, desaparecido como um sonho. A intimidade da noite anterior podia ter sido demais para algum deles – ou para os dois.
Ele ergueu a mão para acariciar o rosto de Laurent, sorrindo. Laurent estava abrindo os olhos.
— Damen — disse ele.
O coração de Damen se moveu em seu peito, porque o modo como Laurent disse seu nome foi quieto, feliz, um pouco tímido. Laurent dissera antes apenas uma vez, na noite anterior.
— Laurent — disse Damen.
Eles olharam um para o outro, para o deleite de Damen. Laurent estendeu a mão para deslizá-la por seu corpo. Laurent estava olhando para ele como se não conseguisse acreditar direito que ele fosse real, como se nem o toque pudesse confirmá-lo.
— O quê?  — Damen estava sorrindo.
— Você é muito… — começou Laurent, em seguida enrubescer. — Atraente.
— Sério? — perguntou Damen com a voz agradável e quente.
— Sim.
— O sorriso de Damen se abriu, e ele se encostou nos lençóis e apenas saboreou a ideia, sentindo-se ridiculamente satisfeito.
— Bom – disse, voltando novamente a cabeça para Laurent —, você também é.
Laurente inclinou de leve a cabeça, prestes a rir, e disse, com ternura absurda:
— A maior parte das pessoas me diz isso imediatamente.
Era a primeira vez que ele dizia isso?  Damen olhou para Laurent, agora deitado de lado, seu cabelo loiro um pouco despenteado, os olhos cheios de luz provocante. Doce e simples pela manhã, a beleza de Laurent era impressionante.
— Eu teria dito — Disse Damen — se tivesse tido a chance de cortejá-lo adequadamente. Se tivesse falado com seu pai oficialmente. Se houvesse uma chance de nossos países serem… — Amigos. Ele sentiu o estado de ânimo mudar, pensando no passado. Laurente não pareceu perceber.
— Obrigado, mas sei exatamente como teria sido. Você e Auguste ficariam dando tapinhas nas costas um do outro e assistindo a torneios, e eu andaria atrás puxando sua manga, tentando captar um olhar enviesado.
Damen se manteve imóvel. Aquele jeito relaxado de falar de Auguste era novo, e ele não queria perturbá-lo.
Depois de um momento, Laurent disse:
— Ele teria gostado de você.
— Mesmo depois que eu começasse a cortejar seu irmão menor? — perguntou Damen com cuidado.
Ele observou Laurente hesitar, do jeito que ele fazia quando era tomado por surpresa, e erguer os olhos para encontrar os de Damen.
— Sim — disse Laurent com delicadeza, suas bochechas um pouco coradas.
O beijo aconteceu porque eles não puderam evitá-lo, e foi tão doce e certo que Damen sentiu uma espécie de dor. Ele se afastou A realidade do mundo exterior parecia pressioná-lo.
— Eu… – Ele não conseguiu dizer.
— Não. Escute-me. — Não vou deixar que meu tio machuque você. — O olhar de Laurent estava calmo e forte, como se ele estivesse tomando uma decisão e quisesse que Damen soubesse. — Foi isso que vim aqui falar ontem a noite. Eu vou cuidar disso.
Damen se ouviu dizer:
— Prometa, prometa que não vamos deixá-lo…
— Eu prometo.
Laurent falou sério, com voz honesta; não era nenhum jogo, apenas a verdade. Damen assentiu, enquanto puxava Laurent para si. Desta vez, o beijo beijo tinha um eco de desespero da noite anterior, uma necessidade de bloquear o mundo exterior e ficar por um momento a mais naquele casulo, os braços de Laurent enrolados em torno de seu pescoço. Damen rolou sobre ele, corpo se encaixando e, corpo. O lençol caiu. O balanço lento começou a transformar o beijo em outra coisa.
Houve uma batida na porta.

— E fim de cena! — Enrique chamou a atenção de todos.

As palmas animadas coroaram a cena, e, enquanto se abraçavam e comemoravam uma sequência perfeita, Diego e Amaury se olhavam estáticos. Amaury foi o primeiro a se afastar depois de uma singelo “Fizemos um bom trabalho” dito baixo e em comemoração. Diego concordou, aproveitando a distração de todos sair do galpão um pouco.

Ele precisa de ar.
Ele definitivamente precisava  de ar.

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OS OPOSTOS n̶ã̶o̶ SE ATRAEMOnde histórias criam vida. Descubra agora