tô de boa (parte 1.)

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Diego estava estranho, Amaury conseguia perceber isso e não sabia dizer porquê.

Tudo parecia caminhar muito bem entre eles, até o dia anterior, quando Amaury enviou uma mensagem de manhã e essa foi respondida com um “bom dia” pontuado, e as mensagens que se seguiram depois dessa também foram todas respondidas da mesma forma. Sempre assim, bem pontuadas e respostas das suas. Curtas e bastante diretas. Diego não puxou um assunto sequer durante o dia todo e o fazia agora também.

Enquanto todos se preparavam para mais uma apresentação, nenhuma provocação sequer tinha sido feita pelo mais novo e todas as realizadas por Amaury foram educadamente interrompidas por Diego, e isso era péssimo. Eles funcionavam à base de provocações, mostravam interesse dessa forma e orbitavam um do lado do outro usando as tais provocações como desculpa.

O elenco sabia disso.

Diego sabia disso.

Amaury sabia disso.

Em um mês de uma aproximação lenta e cuidadosa que ambos faziam, elas, as briguinhas entre os dois, eram a maior expressão de afeto que tinham e trocavam. Gostavam assim. Ou ao menos era o que dava a entender a todos.

Amaury jurava, inclusive, ter entendido o que significava aquele revirar de olhos que ganhava de Diego toda vez que irritava o mais novo, e se sentia ainda mais revigorado por saber que não era uma raiva real. Sabia disso porque o sorriso de lado denunciava Diego e porque, sozinhos, o ruivo o beijava de forma doce e ria abertamente de suas piadas sem graça sempre com as mãos em sua nuca, ocupadas, brincando com os fios de seus cabelos.

Antes, ele já imaginava que Diego não ficava verdadeiramente irritado, mas a confirmação dos fatos era muito melhor do que as quase certezas que tinha, e veio poucos dias depois do encontro que tiveram de maneira bem memorável. A lembrança se mantinha tão vívida quanto no dia que ocorreu e era a melhor certeza que Amaury tinha da funcionalidade estranha entre eles. 

Aquela sexta-feira certamente estava sendo o dia em que Amaury mais infernizou Diego. Ele criou apelidos para cada peça de roupa do personagem, reclamou das cantoras pops favoritas do rapaz imitando-as de maneira exagerada e não deu um segundo de paz.

Quando o assunto tornou-se minimamente sexual e as brincadeiras ganharam uma pitada de indecência – culpa de Valéria, Amaury insinuou com um sorriso travesso que o ruivo, de quem tanto o elenco falava sobre a beleza, apesar de bonito, era pequeno demais para “dar conta” de alguém grande. Um homem como ele.

“Te falta tamanho para garantir uma boa pegada, pequetito”, foi o que disse ao mais novo com um sorriso sacana, recebendo um dedo do meio em sua direção. E, enquanto ouvia os colegas rindo de toda a situação, se sentia completamente baqueado pelo sorriso discreto que dançava nos lábios de Diego.

Brincavam entre si. 

E a resposta que recebeu do ruivo despertou ainda mais risada do restante. Diego afirmou categoricamente que quando o assunto era sexo, do grupo todo, apenas Amaury parecia ter problemas para entregar uma boa performance, afinal, “depois de certa idade é difícil velho conseguir dar no coro”.

E okay, naquele momento nem mesmo ele foi capaz de conter a risada. Diego ganhou na provocação e não só Amaury não tinha uma resposta na ponta da língua para dar, como estava na hora de começar a peça.

Cada um foi para seus devidos lugares, a cortina abriu e o primeiro ato começou. Os olhos atentos do público estavam sob o palco, tudo corria como o planejado e Bárbara e Bruno dividiam a cena.

OS OPOSTOS n̶ã̶o̶ SE ATRAEMOnde histórias criam vida. Descubra agora