55. Rastros que se combinam

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Tasya

— Não é o que eu imaginei? — pergunto a Elina, que continua digitando rapidamente em seu teclado sem se importar demais com o que pergunto, sabe que eu não tenho como acompanhar o raciocínio de seus dedos, trabalham com muita vontade por contra própria.

— Você encontrou a porra de um buraco gigante, pelo visto — me diz, movendo a tela para o símbolo ficar um pouco mais visível para mim sem que precise fazer muito esforço.

O ouroboros vai sendo mostrado repetidamente com uma dezena de fotos tiradas em locais diferentes.

Algumas mostram que muitas mulheres encontradas mortas tinham a tatuagem em alguma parte de seu corpo. Não somente ela, está relacionada com o tráfico de órgãos também, dado a quantidade de indivíduos mortos.

— A menina que encontraram tinha uma? — pergunta Elina. E eu me lembro claramente do que estava tatuado em seu pescoço.

Tivemos que a acompanhar enquanto passava por sua consulta médica, estava com medo demais de que alguém tocasse nela, precisou olhar para a gente por todo o tempo que durou.

— Se tinha, você trouxe a mercadoria deles — fala, apontando para o nome grifado em uma reportagem. — Os Bloody body são perigosos, a polícia está no rastro deles há muito tempo, mas nunca conseguem encontrar alguém vivo que auxilie nas investigações.

— Depois de tantos anos, ainda não puderam fazer nada, mesmo que a quantidade de vítimas não tenha diminuído — reclamo. Além disso, não são pessoas que se escondem, dado que marcam tudo que veem como parte de seus pertences, assim é fácil ligar uma pessoa morta a outra pela tatuagem em seus corpos.

— São escorregadios, não trabalham em um único lugar, não possuem um padrão, não é fácil identificar onde atacarão em seguida — explica Elina, mas não por defender a polícia e sim porque entende que essas são dificuldades que vamos enfrentar se formos atrás deles. — Quer que dê uma olhada nisso?

— Você pode?

— Eu não gosto de dormir mesmo — zomba depois de ver que estou prestes a sair. — Diga para o Niki que não parei de ver o caso da sua irmã.

— Ele já deve saber, eu não deixaria o que disse de lado — profiro e apenas dá um aceno rápido de cabeça, com os cabelos ruivos balançando continuamente.

Antes de sair, posso ver como procura por algo com o qual possa amarrá-lo. Se Elina amarra o seu cabelo, é porque uma catástrofe será criada por ela.

— Ao menos livramos uma das mãos dele, se tiver alguma informação, nós iremos saber.

***

— Não deveria estar organizando o seu casamento? — me pergunta Evva, que mantém os braços abaixados devido ao cansaço dos músculos. Niki dá um sorriso de lado, como se lhe avisasse que esse não é o melhor assunto a ser comentado no momento.

— Todo mundo parece preocupado com o meu casamento.

— Eu só quero uma folga — confessa Evva.

Tem sido um pouco melhor para ela agora que conseguiu voltar a morar na sua casa, tendo outra vez contato com seus familiares, mas é claro que a relação entre eles mudou. Não tinha como não acontecer depois do que vivenciou.

— Não vejo a hora de me formar — fala, ficando em posição para atacar assim que percebe o meu movimento. — Pode pedir para ela pegar um pouco mais leve?

— Por que acha que ela me ouviria? — pergunta Niki.

— Exercício físico é ótimo para a condição do meu coração, preciso ficar com a saúde em dia para a doação de medula — profiro, peço com um movimento dos dedos que venham até mim, que parem apenas de conversar como duas crianças que não querem fazer suas tarefas de casa.

Contrato de honra - Série Família Sokolov - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora