Contrato de honra - Série Família Sokolov - Livro 2

19. Ninguém sai impune

Tasya

Desde quando fazer um questionamento mostra que sou uma pessoa diferente? Porque é como se eu visse as palavras escapulindo de suas caras através do modo que miram em mim. Soou tão estranho? Não é como se eu evitasse a opinião das pessoas.

Ou é por ter meio que deixado de lado a opção de receber ajuda?

Não é uma coisa que eu possa mudar, também tinha os meus receios. Ainda tenho, porém, agora que Dimitri se mostrou como alguém que não largará o osso até que as coisas sejam finalizadas da pior maneira possível, eu não posso ignorar o que vem.

Ponderar somente sobre o que vai me atingir seria egoísmo, dado que agora também sabem que os Sokolov estão envolvidos no meio do meu problema. Jamais pensei que a minha vida acabaria atingindo a de Aleksandra dessa forma. Estamos juntas para tudo, mas não é o que eu esperava dar em troca da nossa amizade.

Como eu poderia ser egoísta nesse instante e não pedir a sua opinião?

— Creio que ele vai parar por um minuto somente para ajuizar melhor sobre o que fazer em seguida — articula Valentina. — Sua ligação com os Sokolov deu a ele o que pensar, já que apenas sabia sobre o seu trabalho na Paradise e estava considerando o que poderia acontecer a partir disso. — diz.

Não é estranho que somente essa parte da minha vida seja levada em consideração quando eu não tenho muito a mostrar no currículo, para a maioria apenas sai de um prostíbulo para o outro, ainda que tenha deixado para trás há muito tempo a obrigação de ter que transar para viver.

— É melhor termos opções de contenção, não sabemos em quanto tempo ele se recuperará do golpe de saber mais de perto quem ela é — profere Tolya. — Se seus motivos são tão importantes para não desistir mesmo sabendo que a nossa família estará do lado dela, é porque não tem medo de perder muitas coisas.

— Pode estar desesperado ao invés de preparado — fala Valentina. — Sem saber o porquê por trás desse desejo repentino de ter a menina com eles, não podemos concluir que está dentro das suas capacidades mentais.

— Você está certa, mas temer uma pessoa sã e uma louca é diferente, então consideramos que os riscos são nível preto e seguimos com estratégias que garantam a segurança da nossa sobrinha — discorre Tolya me olhando.

Me questiona por que estou o encarando desse jeito, mas não percebe que acabou de dizer que a Jasmine é sua sobrinha? Será que não liga para que tipo de coisa essa frase acaba implicando?

— Ela é muito novinha, não vai entender um bocado de coisas que poderíamos lhe ensinar — murmura Valentina, mostrando que sou a única que parece se importar com estar sendo incluída na família tão rapidamente.

Onde foi que eu errei? Dei uma brecha tão grande assim? O pior é ver que Egor me olha como se estivesse orgulhoso de si próprio, dado que não falei nada para parar o seu irmão, mas seria possível?

Os Sokolov aparentemente não se importam com quantas vezes você ameace cortar as suas línguas. Se isto não torna a minha tarefa mais difícil automaticamente, não sei mais o que poderia ferrar comigo.

— Por sorte temos o Andrei na mesma escola que ela — comenta Aleksandra. — Não é uma coisa que eu queria inserir na vida dele agora, mas nos dará alguma vantagem.

— A proximidade deles já é uma vantagem — completa Nikolai. — Foi bom termos colocado ele em um mesmo ambiente. Jasmine também pode se sentir mais segura sabendo que pode chamar por Andrei se precisar.

— A noite pode não ter sido divertida como o esperado, mas aparentemente rendeu alguma coisa — conclui Egor. — Vamos verificar o que Dimitri tem feito nos últimos tempos, com quem tem conversado e depois resolvemos o primeiro passo a dar.