Capítulo 4

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Na manhã seguinte, Janja acordou tarde, sentindo um ódio, já que seu despertador não tocou. Era segunda-feira, e hoje teria que ir ao escritório para uma reunião importante com um cliente. Apesar de preferir trabalhar de casa, onde poderia se concentrar melhor, algumas atividades exigiam sua presença física. Como consultora de negócios especializada em marketing, havia momentos em que o trabalho remoto não bastava; a presença física era essencial para entender melhor as necessidades do cliente e alinhar estratégias.

Ela se vestiu rapidamente, optando por um look elegante, mas confortável. A roupa caia muito bem sobre ela, combinava com sua pela bronzeada e cabelo loiro escuro.

 A roupa caia muito bem sobre ela, combinava com sua pela bronzeada e cabelo loiro escuro

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Antes de sair, encheu a tigela de ração do gato. Quando fechou a porta do apartamento, ouviu o som do elevador se fechando. "Droga!", pensou, apressando o passo. Mas, para sua surpresa, as portas se abriram novamente. Luiz estava lá dentro, com um sorriso brincalhão no rosto.

— Eu não seria maldoso de deixar o elevador fechar na sua cara — ele disse, em um tom provocativo.

Janja entrou em silêncio, percebendo que Luiz estava impecavelmente vestido, com um terno bem passado e uma gravata que combinava perfeitamente. Ele parecia completamente diferente da imagem de cara festeiro que ela tinha formado no dia anterior.

Ele a olhou de cima a baixo, fazendo uma rápida avaliação, e então quebrou o silêncio.

— Vai trabalhar? — ele perguntou curioso, quebrando o silêncio.

Janja apenas acenou que sim, mantendo um tom profissional..

— E você? — perguntou, sem muita vontade de puxar papo, mas sentindo que era educado fazê-lo.

— Também. Sou advogado. — Ele respondeu com naturalidade.

Ela ergueu uma sobrancelha, surpresa. Ele não tinha o perfil típico de um advogado sério e formal.

— Mesmo? — Ela não pôde deixar de perguntar.

— E por que não? — Luiz sorriu de canto. — Não pareço sério o suficiente?

Ela deu de ombros, ainda sem conseguir encaixar a imagem descontraída que tinha dele com a de um advogado. — Sei lá, você não tem muito cara de advogado.

Ele riu. — Acho que gosto de surpreender. E você, o que faz?

— Sou consultora de negócios especializada em marketing — ela respondeu, enquanto o elevador chegava ao andar da garagem.

As portas se abriram, e eles saíram, cada um seguindo para direções opostas.

— Parece que temos mais em comum do que imaginávamos. — Luiz comentou, enquanto se afastava,  lançando um último olhar a Janja — você também não tem cara de Consultora de Marketing.

Ela apenas balançou a cabeça, tentando afastar a estranha mistura de curiosidade e irritação que ele conseguia despertar nela. Sem mais delongas, entrou em seu carro e seguiu para o escritório.

...

Luiz estava esparramado no sofá, focado na tela da TV enquanto jogava videogame. Mesmo com quase 40 anos, seu espírito jovem ainda dominava suas noites. Estava a poucos segundos de vencer a partida quando, de repente, o controle parou de funcionar.

"Ah, não acredito!" Luiz bufou de raiva, abrindo o compartimento de pilhas do controle. As pilhas estavam completamente descarregadas. Ele se levantou, revirou algumas gavetas em busca de novas pilhas, mas nada. Sem pensar muito, ele saiu do apartamento e foi direto até a porta de Janja. Eram 19h, e ele imaginou que ela ainda estivesse acordada.

Apertou a campainha uma, duas, três vezes... até que a porta se abriu, revelando Janja, de camisola. Luiz ficou momentaneamente sem palavras. Ela o encarou, tentando entender o motivo daquela visita inesperada.

— O que você quer? — ela perguntou, com uma voz que misturava cansaço e curiosidade.

— Você... tem pilhas? — Ele respondeu, quase implorando. — Por favor, me diz que você tem.

Janja ergueu uma sobrancelha, achando graça na situação, embora mantivesse sua expressão séria. — Tenho, sim. Vou pegar.

Enquanto ela ia buscar as pilhas, Luiz espiava o interior do apartamento. Era decorado de forma elegante e acolhedora, com um aroma doce no ar. Quando Janja voltou, entregou-lhe as pilhas, e seus dedos se tocaram brevemente, provocando uma pequena eletricidade entre os dois.

— Só tenho dessas mais finas, espero que sirvam — disse ela, interrompendo o momento.

— Servem, sim. Obrigado, você salvou minha noite.

De repente, Thor, o gato de Janja, disparou do apartamento direto para o de Luiz. Janja suspirou, começando a chamá-lo, mas o gato não ouvia.

— Thor, volta aqui! — Janja seguiu o gato, sem se preocupar em esperar por um convite.

Luiz a seguiu, e ao entrarem no apartamento, viram Thor sobre a mesinha de centro, lambendo uma fatia de pizza que ainda estava na caixa.

— Acho que ele gostou do cheiro. É de atum — Luiz riu, observando a cena.

Janja pegou o gato no colo e deu uma olhada ao redor. O apartamento estava em meio a uma pequena bagunça, com algumas ferramentas e caixas espalhadas.

— Você deveria arrumar isso aqui — comentou ela, tentando disfarçar o fato de que estava observando Luiz mais do que deveria.

— Estou terminando umas obras — respondeu ele, rindo. — Mas estou tentando me ajeitar.

Ela o encarou por mais alguns segundos, notando o corpo do homem, que ele não se preocupava em esconder só com um short. Sentindo o calor subir em suas bochechas, desviou o olhar rapidamente.

— Preciso ir. — Janja se virou para sair com Thor nos braços, caminhando apressadamente até a porta e fechando-a atrás de si ao entrar no próprio apartamento, sentindo o coração bater um pouco mais rápido do que o normal.

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