Capítulo 3

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Luiz estava no meio do jogo de vôlei, quando seus olhos encontraram Janja deitada na areia. Ela usava um biquíni que destacava suas curvas, e mesmo à distância, ele não pôde deixar de notar o quão sexy ela parecia. Ele parou por um instante, observando-a debruçada sobre a toalha, as costas expostas ao sol, e sentiu um interesse que não conseguiu ignorar.

Luiz sempre soube que não era o tipo de cara que buscava um relacionamento sério. Gostava da liberdade de estar com quem quisesse, quando quisesse, sem amarras ou expectativas. Mas Janja... ela tinha algo diferente. Algo que o atraía de uma maneira que ele não experimentava com frequência.

Ele sabia que não deveria se deixar levar tão rapidamente, afinal, acabaram de se conhecer. Mas a ideia de que ela poderia estar solteira o deixava curioso e animado. Luiz não conseguia evitar o pensamento de como seria conhecê-la melhor, talvez um pouco mais de perto, se ela estivesse disposta.

Luiz sempre foi um cara animado e brincalhão, o tipo de pessoa que gostava de viver a vida ao máximo. Trabalhar como advogado na empresa do pai lhe dava os recursos para isso. O apartamento no Rio era uma herança da avó, um lugar que ela deixou para ele antes de falecer.

Desde o momento em que entrou no elevador naquela manhã, Luiz ficou intrigado. Janja era diferente das mulheres que costumava encontrar: mais reservada, mas havia algo na maneira como ela o olhava, mesmo que tentasse disfarçar. E aquele biquíni... bem, isso apenas aumentou o interesse dele. Luiz tinha certeza de que havia muito mais por trás daquela fachada formal e distante.

Voltando ao jogo, ele tentou se concentrar, mas seus pensamentos continuavam voltando para ela. Finalmente, depois de alguns minutos, ele decidiu ir falar com ela de novo.

— Espero que não esteja atrapalhando seu descanso — disse Luiz, com um sorriso amigável.

Janja levantou os olhos e suspirou levemente. — Você de novo.

Luiz se abaixou um pouco, se aproximando dela, mas sem invadir seu espaço pessoal.

— É, gostei de falar com você. Tem uma vista incrível daqui, não acha?

Janja percebeu o duplo sentido, mas não estava disposta a ceder ao jogo. Manteve o olhar firme no dele, deixando claro que não estava interessada em joguinhos. — Sim, a vista é ótima. Mas eu também gosto de paz e tranquilidade, algo que está difícil de encontrar por aqui ultimamente.

Luiz deu uma risada leve, captando a indireta. — Prometo tentar manter as coisas mais tranquilas... Mas acho que um pouco de agitação de vez em quando não faz mal, né?

Janja arqueou uma sobrancelha, mantendo o tom sério. — Talvez, mas nem todos compartilham da mesma disposição.

Luiz sorriu, inclinando-se apenas o suficiente para mostrar interesse, sem ser invasivo. — Bom saber. Quem sabe a gente possa se conhecer melhor, já que somos vizinhos agora. Quem sabe você me ensina a apreciar um pouco mais o silêncio, e eu mostro como aproveitar essa vista.

Ela soltou uma risada discreta, mas sem se comprometer. — Acho que temos entendimentos diferentes de 'aproveitar'.

— Talvez, — ele disse, dando de ombros de forma natural.

...

Janja recolheu sua saída de banho, amarrando-a na cintura, pronta para deixar a praia e voltar para casa. Enquanto caminhava em direção à rua movimentada para atravessar, sentiu uma presença ao seu lado. Virou a cabeça e viu Luiz, que parecia estar prestes a atravessar a rua também.

— Voltando pra casa? — ele perguntou.

Ela assentiu, surpreendentemente aliviada por não precisar atravessar sozinha. Ela sempre se sentia um pouco nervosa com aquelas ruas movimentadas.

Quando os carros finalmente pararam, os dois atravessaram juntos, lado a lado.

— aqui é tão movimentado, ainda estou me acostumando. Sou do interior de São Paulo, então esse ritmo mais acelerado é um pouco novo pra mim. Ainda estou conhecendo as coisas por aqui.

— É um lugar cheio de vida, isso é certo. — Ela comentou, olhando para a praia uma última vez antes de voltarem ao prédio.

— Sim, mas confesso que ainda não conheço muita coisa por aqui. — Ele fez uma pausa, como se estivesse ponderando a próxima frase. — E já que estamos falando nisso... que tal sair comigo hoje? Pode me mostrar alguns lugares legais.

Janja parou por um instante, claramente não esperando o convite. — Eu... não, obrigada. Prefiro ficar em casa. — Ela tentou ser gentil, mas direta.

Luiz sorriu, sem parecer nem um pouco ofendido pela recusa. — Você deve ser o tipo de mulher que sabe exatamente o que quer, não é, Janja?

Ela tentou rir, mas a risada saiu um pouco hesitante. Desviou o olhar para o mar, tentando esconder o rubor que sentia subir em suas bochechas. — Eu... gosto de aproveitar meu tempo livre, quando posso, e prefiro aproveitar em casa, tomando um vinho — respondeu, tentando manter a voz estável.

— Então devíamos beber um vinho juntos qualquer dia desses — disse Luiz, em um tom brincalhão. — Quem sabe a gente se conhece melhor?

Aquela última frase a pegou completamente de surpresa. Janja parou de andar por um segundo e olhou para ele, incrédula. Estava mesmo acontecendo? O homem que ela mal conhecia, e que acabara de conhecer hoje, estava claramente flertando com ela.

— Eu... — Ela começou, mas não encontrou as palavras certas. O que poderia dizer?

Luiz apenas deu um meio sorriso, seus olhos ainda fixos nos dela, e deu de ombros. — Não precisa responder agora. A gente tem bastante tempo, já que somos vizinhos.

Janja sentiu um misto de desconforto e curiosidade. Ele estava sendo ousado, mas de uma forma que a desarmava. Decidida a não dar mais corda àquele flerte inesperado, ela apenas acenou levemente, como se encerrando a conversa.

— Talvez algum dia — respondeu, com um meio sorriso evasivo. E sem esperar mais, acelerou o passo, querendo logo chegar ao prédio.

Quando chegaram ao prédio, Janja foi direto ao seu Francisco para pegar sua chave. O porteiro, como sempre atencioso, entregou a chave com um sorriso.

— Obrigada por guardar minha chave. Você é sempre um anjo.

— Ora, dona Janja, é um prazer ajudar. Se precisar de mais alguma coisa, é só chamar — respondeu ele, com a simpatia de sempre.

Ela agradeceu novamente e se virou para o elevador. Assim que as portas começaram a se fechar, ouviu a voz de Luiz pedindo para que segurasse o elevador para ele. No entanto, fingindo não ter escutado, Janja deixou as portas se fecharem completamente.

Quando chegou ao seu apartamento, foi recebida pelo miado insistente de seu gato. Ele parecia ter sentido falta dela, e isso a fez sorrir.

— Ah, você também quer atenção, é? — disse Janja, pegando o gato no colo e o acariciando.

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