Janja estava com a lista de compras em mãos, caminhando tranquilamente pelos corredores do mercado próximo de casa. Ela gostava daquele lugar, onde as prateleiras já eram familiares e as compras se tornavam quase uma terapia. Parou na seção de vinhos, procurando por sua marca favorita, que estava um pouco acima de seu alcance.
Ela se esticou na ponta dos pés, mas antes que pudesse pegar a garrafa, uma mão surgiu e a alcançou por ela. Surpresa, Janja se virou e encontrou Luiz sorrindo enquanto lhe entregava o vinho.
— Aqui está, senhorita — disse ele, com um brilho malicioso nos olhos.
— Obrigada — Janja respondeu, pegando a garrafa e colocando-a no carrinho. Ela então notou as inúmeras bebidas no carrinho de Luiz e não pôde deixar de comentar. — Parece que sua noite vai ser animada.
Luiz riu, ajeitando uma das garrafas em seu carrinho. — É, alguns amigos vão passar lá em casa. Pequena festinha, nada demais.
Janja murmurou algo quase inaudível para si mesma, enquanto fingia arrumar os itens no carrinho. — Acho que vou ter que denunciar o barulho de novo... — sussurrou, mas Luiz, com sua audição afiada, pareceu captar o que ela disse.
— O que você disse? — Luiz perguntou, arqueando as sobrancelhas, tentando esconder um sorriso.
— Nada — Janja respondeu rapidamente, evitando o olhar dele. Luiz a encarava com um interesse claro, e a tensão entre eles era nítido.
— Você deveria vir também. — Ele a convidou, o sorriso ampliando. — Vai ser divertido.
Janja balançou a cabeça. — Estarei ocupada — mentiu, sabendo que sua noite seria passada em casa, acompanhada apenas de um vinho e de Thor.
Luiz, sem perder o tom brincalhão, perguntou: — Ocupada bebendo vinho com a companhia do seu gato? — Ele provocou, os olhos ainda fixos nos dela.
Janja ficou em silêncio por um momento, sem saber o que responder. Ele estava certo, mas ela não queria admitir isso. Ela suspirou internamente, pensando que não tinha muitos amigos no Rio, além da Dona Ângela e do Seu Francisco.
— Tenho que trabalhar à noite — inventou rapidamente, puxando seu carrinho para o corredor seguinte, tentando encerrar a conversa.
— Trabalhando? No sábado? — Luiz insistiu, seguindo-a. — Isso parece uma desculpa para não se divertir.
Ela parou e virou-se para ele, tentando manter o tom firme. — Eu realmente vou está ocupada. E, sinceramente, não estou no clima para festas.
Luiz a observou por um instante, percebendo a hesitação dela. Ele deu um passo para trás, erguendo as mãos em sinal de rendição.
— Tudo bem, não vou insistir. Mas, se mudar de ideia, sabe onde ir.
Janja assentiu, mas não pôde deixar de notar o sorriso charmoso que ele lhe lançou antes de se afastar. Mesmo enquanto ela se dirigia para outro corredor, sentiu o olhar dele em suas costas.
...
A noite já estava um pouco animada no apartamento de Luiz. Cerca de 15 pessoas estavam presentes, um bom grupo que incluía colegas de trabalho e amigos. Gleisi, uma amiga de muitos anos, estava encostada na varanda, admirando a vista. Ela tinha se mudado recentemente para o Rio, trabalhando agora na mesma empresa de advocacia que Luiz, gerida pelo pai dele.
— Essa vista é incrível — disse Gleisi, voltando-se para ele, com um sorriso leve no rosto. — Deve ser bom acordar com isso todos os dias.
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Vizinhos
FanficQuando Janja retorna da sua viagem de negócios, ela percebe que o apartamento em frente ao seu, que estava vazio há anos, agora tem um novo morador. Apesar do choque inicial, Janja não consegue evitar a atração por Luiz, seu novo vizinho, que tem s...