Dentro do Castelo Negro de Harrenhal, o príncipe Daeron e a princesa Daena Targaryen encontram-se em seus aposentos, se preparando para sobrevoar o Mar Estreito com Vermithor e Silverwing.Seria uma batalha arriscada, considerando que Meleys estaria presente e com ela a princesa Rhaenys. Ambas tinham experiência, assim como o próprio Daeron, Daena e seus dragões.
Contudo, as armaduras estavam sendo postas por serviçais, enquanto ambos permaneciam em silêncio diante do período de vestimentas; encarando-se brevemente nos espelhos.
Os traços valirianos cercavam os dois quase de modo impecável e imperativo, como se fosse uma certeza, uma benção para os olhos, os mais belos presentes dos deuses.
Os olhos violetas claríssimos irradiando pelos cômodos, a cabeleira branca como um trovão, e a pele alva como a neve, ruborizada por qualquer razão. Os dois corpos se unem, se eletrizam e clamam um pelo outro, mesmo no silêncio. Nasceram para ficarem juntos, e nada no mundo seria capaz de separá-los.
Porém, era o que o silêncio tentava fazer agora: mantê-los distantes de certa maneira; ainda que Daeron quebrasse isso:
— Está zangada? — Foi a primeira inocente pergunta.
— Não.
A serviçal ajeitou o cinto da princesa, apertando com certa brutalidade, mantendo-a firme. Daena é uma montadora de dragão, e precisa estar segura em cima de Asa-Prata.
— Então o que você está, exatamente?
— Enojada. — A serviçal a encarou assustada.
— Por qual razão? — Daeron levantou os dedos para a serviçal que o vestia, afinal estava pronto.
Ele foi até a princesa Daena, e a observou com a armadura prateada e preta no centro, carregando o símbolo de sua casa. As cores eram um ultraje, de certa forma, uma afronta à própria declaração.
— Aegon não deveria ser rei, e nós não deveríamos apoiá-lo. — A simplicidade com que foi dito assustou Daeron, o surpreendendo pela leveza que ela tratou o assunto.
Aquilo era traição.
— Saiam todos daqui, agora. — O príncipe ordenou, mas a princesa ordenou para que a sua serviçal ficasse, e novamente a afronta foi feita. — Daena...
— Ela não terminou de me vestir, e eu não estou pronta.
O príncipe se aproximou mais das janelas, reparando em Vermithor e Asa-Prata agitados pelo céu um atrás do outro, pressentiram o que estava por vir. Pessoas trabalhavam ao redor do castelo, barracas eram montadas pelos exércitos Targaryen logo à frente.
— Você deve tomar cuidado com o que fala, minha princesa. — Ele alertou, sem se importar com a presença da serviçal. — O que você alegou é um ato de traição, e nesse momento a rainha e a Mão possuem ouvidos em todos os lugares.
— A Mão e Larys Strong, você quis dizer. — Ela estava, na verdade, zangada. — Sua mãe e seu avô tramaram para usurpar o trono, mas quem espalha boatos de boca em boca é Larys Strong. E eu não tenho medo de que isso chegue até o seu irmão.
Daeron, sobretudo, achou engraçado a ferocidade de Daena sobre a situação. E ela estava certa, até dado ponto. Eram os lordes de Harrenhal e soberanos de Riverlands; além de montadores de dragões.
Todavia, a princesa Daena iniciou uma discussão em alto valiriano, e a serviçal passou a não entender mais nada que diziam.
— Yn nyke ȳdra daor shifang skoro syt ao jaelagon naejot aegon. — "Mas eu não compreendo, na realidade, a razão por você querer apoiar Aegon." — Ela continuou. — Ao sagon daor raqagon bona, se ao ȳdra daor jaelagon naejot ūndegon rhaenyra morghe. — "Você não é assim, e de forma alguma quer ver Rhaenyra morta."
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O Domínio Dos Príncipes - House Of The Dragon.
General FictionCom a saúde precária do rei Viserys, os membros do Grande Conselho e nobres lordes debatem sobre a sucessão de Rhaenyra. Com Aegon II vivo e sendo o único herdeiro homem, ele possui mais legitimidade ao trono. Portanto, os verdes tramam contra a cor...