INFORTÚNIO

CAPÍTULO 3

" Eu escolheria a morte."

SKY.

La Bella era um clube temático onde o roxo dominava cada canto do ambiente. As luzes refletiam nos detalhes ornamentais das paredes, criando uma atmosfera quase surreal. As sombras dançavam ao ritmo da música abafada que escapava dos salões principais, mas eu não estava ali para isso. Em uma sala onde ninguém poderia me encontrar, cercado por quatro paredes decoradas com imagens e mapas de passagem secretas, eu analisava o que havia coletado.

Meu quarto secreto no La Bella era um verdadeiro santuário de informações, com paredes revestidas de fotos, esquemas e diagramas. Era como se eu fosse um investigador obcecado, tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que só eu enxergava. Entre as imagens, estavam fotos de passagens secretas e feiras subterrâneas, claramente fora do comum. Algumas delas exibiam ruas nomeadas como as nossas, mas em um ambiente que eu suspeitava ser uma cópia distorcida da nossa cidade, em algum outro lugar da Itália.

Nossa cidade era apenas Roma não importava aonde você fosse, fosse um mercado em Roma você deveria saber que existe um mundo abaixo de você,mas essa outra cidade, escondida sob a superfície, poderia estar em qualquer lugar. Talvez fosse uma réplica da nossa, ou talvez fosse algo totalmente diferente.

Eu ainda não tinha provas suficientes para compartilhar minhas teorias, e sem informações sólidas, agir seria uma tolice. E eu sabia que, mais uma vez, paciência era uma virtude que precisava cultivar.

O que eu com certeza sabia era que estávamos ameaçados.

Esse pensamento me levou a correr atrás de pessoas que normalmente não se importariam com nada, e no fim, isso deu errado.

A experiência me ensinou que tentar novamente, com o risco de falhar mais uma vez, poderia ser devastador. Então, dessa vez, eu não tentaria.

Alguns dias atrás, capturei um cidadão que se recusava a dizer seu nome. Ele havia sido pego roubando suprimentos. O cabelo, tingido em mechas roxas, e os olhos irritados, combinavam com suas roupas esfarrapadas. Agora, ele estava amarrado no centro da sala, e eu precisava arrancar dele qualquer informação que pudesse esclarecer a situação. Minha presença no La Bella naquela noite, normalmente reservada para momentos de descontração com meus amigos, tinha um propósito diferente.

____ Um, dois, três você vai me dizer mais uma vez... quatro, cinco seis eu espero que você me conte talvez.

O fedelho me olhava sem medo enquanto eu despejava minha música em seus ouvidos, uma mistura de irritação presente, como se eu não passasse de uma simples distração. Seu olhar era desinteressado, um erro.

Percebi que ele já havia sido pego roubando antes, e estava claro que queria ser pego dessa vez também. Era como se ele estivesse nos estudando, tentando entender como brincávamos com as regras ou o que ele achava que fazíamos. Mas ele estava errado. Nós não brincávamos com isso. Não jogávamos um jogo de merda.

Eu era gentil com crianças e animais, meus pais e amigos, e entretinha a todos, mas isso não significava que eu fosse fraco. Significava poder.

___ Eu não quero ser malvado, até porque sou muito bom. Mas eu poderia fazer você esquecer seu nome se quisesse. ____ Ameacei, observando como seus olhos se contraem. Seu nome era importante para ele, e isso era algo que eu poderia usar a meu favor.