CAPÍTULO 11

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SAVANNAH

Estou parada ao lado de Samira, olhando pela janela do hotel, encarando a enorme mansão de Frederick Talon do outro lado da rua. A mesma mansão onde Lewis foi se encontrar com ele esta noite. A madrugada é sufocante, quente, mas nós estamos prontas.

Nosso disfarce está impecável, e a ansiedade pulsando em minhas veias não consegue abafar a certeza de que isso vai dar certo.

Não seremos pegas. Não esta noite.

Samira ajusta a peruca loira em sua cabeça, um complemento perfeito para o vestido vermelho sangue que ela está usando. A fenda nas pernas, apesar de provocante, não é um convite. É uma armadilha. Quanto a mim, decidi não usar peruca. Meu cabelo cacheado está liso para esta noite. É estranho olhar para mim mesma no espelho e não reconhecer meus próprios cachos, mas faz parte do jogo. O disfarce é essencial.

Eu amo meu cabelo, mas não posso correr o risco de Lewis me reconhecer antes da hora certa. Estou com um vestido azul escuro, quase tão profundo quanto a raiva que eu carrego. A fenda na região das coxas imita a de Samira, apenas o suficiente para chamar a atenção, mas não para distrair do verdadeiro objetivo.

Samira usa lentes de contato azuis. Ela parece uma visão angelical, mas nós duas sabemos que há muito de anjo nessa noite. Eu, por outro lado, deixo que meus olhos fiquem como são, a única pista de que Savannah Fontaine ainda está ali, sob o disfarce.

Não importa, ele não vai prestar atenção nisso.

Ele vai estar focado na própria dor.

E isso me dá um frio na espinha.

Um arrepio de satisfação. De vingança.
Samira me olha de lado, seu rosto refletindo a hesitação que eu mesma já senti várias vezes.

-- Tem certeza que ainda quer fazer isso? -- a voz dela é baixa, quase um sussurro, enquanto nossos olhares permanecem fixos na mansão.

Respiro fundo, sentindo cada palavra carregada de sinceridade sair dos meus lábios.

-- Ele é um dos que nos fez sofrer, Samira. Ele merece o que vai acontecer com ele esta noite, e em breve seus amigos terão o mesmo destino.

Samira solta um suspiro, mas logo seu sorriso surge, sombrio e cruel. Ela cruza os braços, fazendo uma careta que me faz rir.

-- Por que eu tenho que me fingir de bêbada?

Minha risada ecoa pelo quarto, mas há uma leveza nisso. É a calmaria antes da tempestade.

-- Você fez aulas de teatro na infância, Sami. É hora de usar seus talentos.

Ela bufa, insatisfeita, mas não há volta agora.

O relógio marca que faltam apenas dez minutos para Lewis sair da mansão. Tudo está prestes a começar.

O plano é simples. Samira finge estar bêbada. Eu sou a amiga responsável, tentando arrastar a "bebinha" para fora da mansão. E então, como o cavalheiro patético que Lewis finge ser, ele vai se aproximar, nos ver ali em frente à casa de seu amigo. Como o príncipe encantado que ele não é, vai nos ajudar, oferecendo-se para carregar Samira até o carro. E eu, grata e "encantada", flertarei com ele, o enredando em minha teia. Ele não vai resistir. Ele nunca resiste.

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