Era Uma vez Um coração Partido - Michaeng

A lenda de Chaeyoung Raposa.

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GAZETA DO SUSSURO

Onde as pessoas de coração
Partido irão rezar agora?

Por Jeon Jungkook.

A porta da igreja da Princesa De copas desapareceu. Pintada com o vermelho-sangue dos corações partidos, a entrada emblemática de uma das igrejas mais visitadas do Distrito dos Templos simplesmente sumiu em algum momento da noite, deixando em seu lugar uma parede de mármore impenetrável. Agora ficou impossível de entrar na igreja...

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Chaeyoung enfiou a página do jornal de duas semanas antes no bolso de sua saia florida. A porta no fim daquele beco decrépito era um pouco mais alta do que ela e estava escondida atrás de uma grade de metal enferrujada, e não coberta de uma bela tinta vermelho-sangue. Mas ela até apostaria a loja de curiosidade de seu pai, tamanha sua certeza de que aquela era a porta perdida.

Nada no Distrito dos Templos era assim tão pouco atrativo. Todas as entradas dos santuários tinham painéis entalhados, arquitraves decorativas, toldos de vidro e fechaduras douradas. Seu pai fora um homem de fé, costumava dizer que as igrejas dali eram como vampiros - não existiam para adoração, eram apenas para atrair e aprisionar. Só que aquela porta era diferente, mais chamativa do que o normal e incrivelmente bela.

Aquela porta não queria ser encontrada.
E, apesar disso, não conseguia esconder de Chaeyoung o que realmente era.
Sua forma denteada era inconfundível. De um lado, uma curva acentuada; do outro, um rasgo serrilhado, formando a metade de um coração partido - símbolo do místico Princesa de Copas.

- "Até que enfim." Chaeyoung fala quase num suspiro

Se a esperança fosse um par de asas, as de Chaeyoung estavam se abrindo atrás dela, ansiosas para alçar o voo de novo. Depois de procurar por duas semanas por toda a cidade de Valenda, ela havia encontrado a bendita porta.

Quando aquela página do jornal de fofocas anunciou que a porta da igreja da Princesa de Copas havia sumido, poucos pensaram que era uma porta mágica. Foi o primeiro artigo do tabloide, e as pessoas disseram que era apenas um boato para vender assinaturas. Portas simplesmente não desaparecem assim do nada.
Mas Chaeyoung acreditava que eram capazes de sumir, sim. Aquela história não parecia um truque, mas um sinal, dizendo onde procurar se quisesse salvar seu coração e a garota ao qual pertencia.

Ela podia até não ter visto muitas evidências de magia fora das esquisitices da loja de curiosidades de seu pai, mas tinha fé que existiam. Maximilian, seu pai, sempre falara da magia como se fosse algo real. E sua mãe nascera no magnífico Norte, onde não existia diferenças entre contos de fadas e história. "Todas as historias são feitas igualmente de verdades e mentiras" , ela costumava dizer. "A diferença é o modo de como acreditamos nelas."
E chaeyoung tinha um talento especial para acreditar em coisas que os outros consideravam mitos - como os Arcanos imortais.

Chaeyoung abriu a grade de metal. A porta em si não tinha maçaneta, o que a obrigou a enfiar os dedos na minúscula fresta entre a lateral denteada e a parede de pedra suja.
A porta comprimiu seus dedos, fazendo sair uma gota de sangue, e ela jurou que ouvira o objeto dizer, com um tom de farpa:

- Você sabe em que está se metendo? A única coisa que você vai conseguir com isso é ficar de coração partido.

Só que o coração de Chaeyoung já estava partido. E ela entendia muito bem os riscos que estava correndo. Conhecia as regras de visitação das igrejas místicas:
"Sempre prometa menos do que você pode dar, porque os Arcanos sempre exigem mais.
Não faça tratos com mais de um Arcano.
E, acima de tudo, nunca se apaixone por um Arcano."