Sinais e alertas.

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Prólogo.

     A sineta pendurada do lado de fora da loja de curiosidades sabia que aquela humana era encrenca pelo jeito como passou pela porta. Sinos têm excelente audição, mas não era preciso nenhuma habilidade específica para ouvir o barulho grosseiro da corrente do relógio de bolso na cintura da garota, nem do raspas ásperos de suas botas quando ela tentou andar de forma estilosa, mas só conseguiu arranhar o chão da Maximilian's Curiosidades, Caprichos & Esquisitices.

Aquela jovem iria arruinar a garota que trabalhava dentro da loja.
O objeto tentou alertá-la. Dois segundos antes de ela abrir a porta, a sineta tocou seu badalo. Ao contrário da maioria das pessoas, aquela balconista crescera cercada de esquisitices - e a campana havia muito suspeita de que aquela humana também era uma curiosidade, apesar de ainda não saber de que tipo específico.

A garota sabia que muitos objetos eram mais do que aparentavam ser e que sinos possuíam um sexto sentido que os humanos não têm. Mas, infelizmente, ela, que acreditava na esperança, em contos de fadas e em amor à primeira vista, costumava interpretar mal as badaladas.

Naquele dia, a sineta tinha quase certeza de que a balconista ouvira seu toque de advertência. Mas, pelo tom empolgado com o qual ela falava com a jovem das botas sujas e do andar estranho, parecia que havia entendido a badalada adiantada como um sinal do destino em vez de um alerta.

Era Uma vez Um coração Partido - MichaengWhere stories live. Discover now