Heroína.

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Algo que parecia luz fez cócegas em sua pele.
Na sua pele.
Chaeyoung conseguia sentir sua pele.
Ela não sentia nada há... - na verdade, não sabia quanto tempo havia se passado. Por tanto tempo, houvera tanto nada, mas agora conseguia sentir tudo. Pálpebras. Tornozelos. Cotovelos. Lábios. Pernas. Ossos. Pele. Pulmões. Coração. Cabelo. Veias. Joelhos. Lóbulos da orelha. Pescoço. Peito.
Chaeyoung tremia do queixo até os dedos do pé. Sua pele estava coberta de suor, e era uma sensação incrível - fria, úmida e viva.
Ela estava viva de novo!

- Seja bem-vinda de volta.

Um braço firme enlaçou a cintura dela bem na hora em que suas pernas bambas se acostumavam a ter músculos e ossos novamente.
Em seguida, sua visão se firmou.
Talvez fosse só porque fazia tempo que não via um rosto mas, mas o jovem que segurava sua cintura era extraordinariamente belo - pele morena - olhos emoldurados por cílios longos e volumosos, um sorriso que deixava transparecer um arsenal de charme. Seus ombros estavam cobertos por uma capa verde estonteante, forrada de folhas acobreadas como o seu rosto.

- Você consegue falar? - perguntou ele

- Por quê... - Chaeyoung tossiu para tirar alguns cascalhos que estavam em sua garganta. - Porque você está vestido feito um mago da floresta?

Chaeyoung se escolheu toda assim que as palavras saíram de sua boca. Obviamente algumas de suas funções - como seu bom senso - ainda não estavam trabalhando direito. Aquela desconhecida salvara sua vida. Ela torceu para não ter o ofendido.
Ainda bem que o sorriso brilhante do jovem ficou ainda mais largo.

- Ótimo. Às vezes, a voz não retorna imediatamente. Agora me diga o seu nome completo, queridinha. Preciso me certificar de que você está de posse de sua memória antes de deixá-la ir.

- Ir aonde? - Chaeyoung tentou entender o restante de seus arredores. Parecia estar em um laboratório. Todas as bancadas de trabalho e os armários de farmácia estavam tomados por copos de béquer borbulhantes ou caldeirões fumegantes que exalavam algo que parecia resina. Aquele lugar não era o jardim de sua mãe. A única coisa conhecida naquele recinto era o brasão real do império Meridiano pintado em uma das paredes de pedra.
- Onde estamos? E por quanto tempo fui uma estátua?

- Apenas por cerca de seis semanas. Sou o mestre de poções do palácio, e você está em meu excelentíssimo laboratório. Mas pode ir embora assim que me disser seu nome

Chaeyoung levou um instante para organizar seus pensamentos. Seis semanas significavam que estavam no meio da Estação Quente. Não tinha sido uma perda tão devastadora. Poderiam ter sido seis anos, ou sessenta.
Mas, se só se passaram seis semanas, porque não havia ninguém ali para cumprimenta-la? A jovem sabia que a madrasta não se importava com ela, e Chaeyoung não era muito próxima da irmã postiça, mas havia salvado a vida das duas. E Tzuyu... Só que ela não poderia imaginar por que Tzuyu não estava ali. Será que nenhum dos três sabia que Chaeyoung voltara à vida?

- Eu me chamo Chaeyoung Raposa.

- Pode me chamar de Veneno.

O Braço do mestre das poções saiu da sua cintura para fazer um gesto magnâmico.
E, na mesma hora, Chaeyoung teve certeza de quem era aquele jovem, Devia ter se dado conta logo de cara. Ele era extremamente parecida com aquela carta do Baralho do Destino. Usava uma capa comprida e esvoaçante, anéis com pedras preciosas em todos os dedos e, obviamente, fazia poções. Veneno era, O Envenenador. Um Arcano, Assim como Mina.

- Eu achava que todos os Arcanos haviam desaparecido - disparou Chaeyoung

- Voltamos em grande estilo recentemente, mas isso não tem a ver com essa história

Era Uma vez Um coração Partido - MichaengWhere stories live. Discover now