07. Uma pequena briga.

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Aos doze anos, às nove e meia da manhã, Feuripe provavelmente estaria em uma sala de aula, com a cara emburrada por não aguentar mais estudar.

Mas o Feuripe de dezoito anos, no mesmo horário, estava em seu quarto, especificamente na sua cama, cuidando dos machucados de um Chip manhoso e reclamão, muito por sinal.

Resumo, Chip entrou em uma briga com um menino do terceiro C, Feuripe entrou no meio e defendeu Chip com unhas e dentes, todos saíram feridos de lá, foram suspensos e voltaram para suas respectivas casas.

Mãe de Chip estaria trabalhando e Bernardo na escola, então não tinha motivo para ficar em casa sozinho com um tédio enorme em si, então o que resolveu fazer? Ir na casa de Feuripe, óbvio, nunca perderia essa chance maravilhosa.

- Se você mexer de novo, eu vou acabar te machucando. Sério. - Feuripe falou, parando por um segundo de passar o algodão no pescoço do Chip.

- Ta bom. - O mesmo respondeu com um biquinho, se segurando para não gritar de dor a cada vez que Feuripe passava a merda do algodão no seu pescoço sujo de sangue e machucado.

- Não se faça de vítima, você brigou com aquele cara por um motivo besta que até agora não me falou.

- Se você não tivesse intervido, não estaria aqui. - Chip mordeu os lábios com dor. - Deixava eu cuidar sozinho daquilo, você não precisa me defender.

- Não me importo. - Feuripe deu de ombros. - Eu tenho que ajudar o meu amigo.

- Amigo? - Chip afastou a mão de Feuripe do seu pescoço, olhando o garoto loiro com um pequeno biquinho.

Feuripe juntou os lábios dos dois com um selinho demorado, logo rindo.

- Desculpa. - Voltou a cuidar do ferimento de Chip. - Prontinho. - Disse colocando um curativo ali e dando um pequeno beijinho, o que fez Chip sorrir bobo.

- Vamos comer algo, agora seria a hora do intervalo e eu to morto de fome. - O Naughter se levantou bocejando.

Feuripe concordou e saiu do quarto juntamente de Chip.

- Senta ai que eu faço algo pra gente.

Feuripe obedeceu, dando a volta no balcão, enquanto Chip foi até os armários, mexendo em tudo como se fosse dele.

- Quem vê acha que sabe cozinhar. -O loiro provocou, apoiando os braços sobre o balcão.

- Pelo menos não fui eu que queimei o bolo ano passado na aula de culinária. - Chip se defendeu.

- Me erra, vai.

Feuripe deixou um sorriso escapar ao observar o garoto. Thales Biancolino, o jogador do time da escola, desejado por muitas e intimidador. Esse mesmo Thales estava em sua cozinha, usando uma blusa e um short do próprio Felipe e com o rosto se tornando fofo pelos curativos.

Bocejou Feuripe, vendo o amor da sua vida em sua frente, coçando os olhos, lembrando que provavelmente depois do intervalo iria dormir na aula de artes. Se ficava cansado normalmente, depois de um combate físico mais ainda.

- Onde vocês guardam o cereal aqui? - Chip questionou.

Feuripe gargalhou alto, até que percebeu que aquilo não era uma brincadeira.

- Isso é sério?

- Sim? - Chip diz como se fosse óbvio.

- Nos não comemos cereal no café da manhã, inferno! Só ricos tem isso.

- Vocês comem o que então?! - Foi vez do Naughter soar incrédulo.

- O toda pessoa comum come! Pão com salame e leite com nescau.

Chip fechou os olhos, contando até dez para responder Feuripe.

- Ok, sem café da manhã para a gente. Vamo começar o trabalho. - Chip saiu da cozinha, não esquecendo de puxar Feuripe no caminho.

Por um segundo esqueceu de uns dos principais motivos para os dois estarem juntos na casa de Feuripe : o Trabalho de inglês.

- Odeio inglês. - Feuripe revirou os olhos. - Principalmente a professora.

- Concordo.

Chip murmurou, girando na cadeira para ficar com a cara na tela do computador, colocando seu óculos que estava na mesa, digitando com uma rapidez que só adolescentes viciados em tecnologia sabiam. Feuripe se sentou novamente na cama.

- Chega aqui. - Chip chamou.

- Eu não vou ficar de pé ao seu lado depois de caminhar um monte e ainda sofrer um combate físico, eu estou com dor, ok?

Ouviu o suspirar fundo do Chip, Feuripe foi até o mais alto parando em pé ao lado da cadeira.

Sua surpresa se deu quando o de óculos, em um movimento rápido e inesperado, o puxou pela cintura para que sentasse em seu colo.

- Que merda é essa? - Perguntou Feuripe.

- Eu não vou ceder meu lugar para você e muito menos tenho paciência para ouvir você reclamando caso ficasse de pé. - Se justificou emburrado. - Agora presta atenção.

Feuripe assentiu, se ajeitando ali para ficar confortável.

X

A primeira coisa que Feuripe viu quando abriu os olhos foi o céu laranja pela janela, indicando que era o fim da tarde.

- Merda! - Se levantou em um pulo.

Se acalmou ao ver que o colchão não tinha nenhum sinal de Thales, nem no quarto. Provavelmente teria ido embora. Mas sua paz não durou muito, porque sua vó acabava de entrar no quarto igual um furacão, o que fez Feuripe resmungar e voltar a se deitar, cobrindo seu corpo todo.

- Nada disso, mocinho! - A vó puxou a coberta, obrigando o Neto abandonar o sono. - Quer brigar, briga, mas pelo menos não seja pego.

- Desculpa. - Fez um biquinho derrotado.

- Ok, eu desisto de brigar com você. E me agradece por não ter tirado seu celular. - Jogou o aparelho que Feuripe até então não tinha percebi que ela segurava.

O mais novo sorriu, seu celular estava na sala de aula na hora da briga, acabou que não conseguiu pegar ele. Provavelmente sua vó passou lá depois do serviço.

- Valeu, vó. - Agradeceu, recebendo em troca um tapa forte na cabeça. - Porra! - Exclamou, o que fez receber mais um. - Oh, vó!

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𝑪omo eu te digo? - ᶜʰᶦʳᶦᵖᵉOnde histórias criam vida. Descubra agora