Ato 1

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                   Destinos interligados

Condado de nightshade  uma semana antes da lua cheia às 19:00 p.m

‘Roseiras tão secas e solitárias, como Minha alma, tristes e ressentidas como meu olhar, mas persistentes e confiantes como meus pensamentos.’

O cheiro almiscarado flutua no ar com o singelo vento que bagunçava os belos cabelos ruivos, trazendo mais melancolia para o jardim que outrora fora tão belo, e hoje só sofre com belas lembranças passadas.

O maltratado banco de marfim, que possuía cores vivas e felizes, se encontra em um estado tão deplorável que quem o olhasse não veria sua antiga glória, mas esse era o refúgio dele, um lugar que apesar de tudo o acolheu e o fez se sentir seguro.

Apesar de ser o único filho de um conde, morar em uma mansão que é tão bela e esplêndida, não conseguia sentir o calor e a felicidade de um lar. Não conseguia entender o que fez para seu pai ser tão amargurado com o filho, nunca o olhando no rosto, ou conversando com ele.

Por meio dos criados, sabia que nem sempre ele foi esse homem sôfrego, outrora fora um grande cavalheiro que amava demais sua esposa. Mas hoje apenas é a sombra do que já fora.

Levantou seu olhar para o céu, as pequenas estrelas já estavam aparecendo, era uma noite fria começo de outono, uma época tão triste e solitária, e exatamente o dia em que ele nasceu.

Levantou-se arrumando as vestes, e se preparou para entrar e percorrer todos aqueles solitários corredores, olhando os vários quadros cobertos por panos brancos, que escondem a mais bela das musas.

Adentrou os corredores ouvindo o som dos servos vindo e indo fazendo os preparativos para o jantar, arrumando os dormitórios e se preparando para encerrar mais aquele dia.

Asher girou a maçaneta de seu quarto adentrando-o, as várias estantes de livros estavam lotadas, algumas edições se espalhavam pelo chão do quarto. Dando ao que antes era só um lugar de repouso, o ar de um escritório de algum estudioso ou filósofo.

Retirou suas vestes, preparando-se para refrescar-se com um banho antes do jantar. A banheira estava em temperatura ideal, deixou que seu cansado corpo mergulhasse na água, que parecia levar todas as dores embora.

Terminado seu banho, vestiu-se e foi para a sala adjunta esperando que a comida fosse servida. Esses eram um dos raros momentos que poderia esquecer todas as suas responsabilidades de herdeiro. Apenas aproveitar a paz que permeava seu quarto.
Asher cortava com lentidão a carne em seu prato, saboreando o jantar simples, mas bem preparado. As batatas macias faziam suas papilas gustativa explodirem de alegria, experimentar novos tipos de especiarias culinárias eram uma das suas grandes paixões secretas. Sua paz foi interrompida por uma batida na porta:

- Entre. – Ele ordenou, sem desviar o olhar de seu prato.

A porta se abriu lentamente, e um servo jovem e nervoso entrou, curvando-se rapidamente: - Milorde, desculpe-me por interrompê-lo durante seu jantar, mas o conde Marius solicitou sua presença com grande urgência.

Asher colocou o talher de lado, sentindo um frio subir por sua espinha. O conde quase nunca o convocava, e as raras vezes que isso aconteceu tinham interesses envolvidos. Mesmo com sua grande relutância em interromper seu jantar, sabia que não poderia recusar uma convocação do conde. Isso apenas geraria mais problemas:

- Estou a caminho. – Disse Asher, erguendo-se de sua confortável cadeira. O servo recuou respeitosamente e o conduziu pelos corredores.

Enquanto caminhavam, Asher sentiu o peso da velada hostilidade do conde a ele. Marius sempre o via como um grande obstáculo, um jovem que não se curvava facilmente às tradições e exigências da nobreza. E agora Asher sentiu que esta tensão estava prestes a entrar em ebulição.

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