Ato 1.5

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                       A Fazenda

       Uns vão, e outros vem.
                                - B.K.

O duque sairá cedo de sua mansão, com seus habituais séquitos de capangas e serviçais. Sua partida trouxe uma calmaria para a mansão, onde apenas os passos ecoavam de vez em quando. Issa sabia que aquele era o momento ideal para agir.

Vestida como uma criada comum, Issa carregava uma bandeja de chá. Ela deslizou pelas escadarias silenciosamente, mantendo a cabeça baixa, evitando os olhares de todos. Ninguém suspeitava de sua identidade em todos esses dias que estava aqui.

Quando chegou ao corredor do escritório de Negan, seu coração deu um brinco, mas sua expressão permaneceu calma. O escritório ficava isolado no fim do corredor, protegido por guardas e uma pesada porta de madeira.

Em um momento normal, a presença de guardas seria um grande obstáculo, mas com Negan fora em sua viagem, a segurança estava relaxada.

Issa se aproximou lentamente, fingindo estar apenas em seu dever habitual: - Com licença, senhores. – Ela disse suavemente, sua voz soando submissa, típica de uma criada. – O duque ordenou que deixasse chá em seu escritório para quando ele voltar.

Os guardas olharam para ela por um breve momento, sem realmente prestar atenção. Um deles assentiu com a cabeça, sem se incomodar em verificar a veracidade da afirmação: - Vá em frente. – Disse ele com a voz entediada, voltando sua atenção para um livro surrado que segurava.

Issa forçou um sorriso educado empurrando a porta do escritório com uma bandeja nas mãos, seu estômago revirando de antecipação. Uma vez lá dentro, fechou a porta silenciosamente. A sala estava impecavelmente organizada. Estantes abarrotadas de livros e pergaminhos, um grande mapa detalhando as posses de Negan e uma escrivaninha de mogno imponente no centro, onde certamente documentos importantes estariam guardados.

  Possuía pouco tempo para agir, antes que os guardas começassem a desconfiar. Movendo-se rapidamente, Issa se dirigiu à mesa. Passando a mão pela superfície polida, encontrou uma pequena chave escondida sob um pesado livro falso. Com uma precisão treinada, abriu a gaveta começando a vasculhar.

Os papéis ali dentro continham transações detalhadas e cartas de correspondência, nada fora do comum. Mas não desistiu de sua busca, e como suspeitava, o verdadeiro tesouro só se encontra com esforço.

O coração de Issa bateu mais rápido, ao perceber a magnitude das informações que tinha em mãos. Enquanto rapidamente fazia uma cópia dos documentos para devolver a gaveta, ouviu a porta ser aberta.

Rapidamente correu para a bandeja fingindo arrumá-la na mesa:- Está demorando demais. – Ele disse.

- Desculpe senhor. O bule estava mais pesado do que previa. – respondeu, abaixando a cabeça.

Ela caminhou calmamente até a porta, os documentos pesando sob sua saia. Ela havia cumprido a missão.

________

O sol já descia no horizonte, tingindo o céu com uma paleta de laranjas e vermelhos. O ar estava denso e pesado, uma sensação de ansiedade pairava sobre a grande fazenda, onde os preparativos estavam em andamento para a chegada de um importante visitante.

A fazenda conhecida por poucos e temida por muitos, era um local de trevas e lamúrias, escondido das vistas daqueles que podiam desafiar o próprio maligno.

No centro, os muitos trabalhadores se moviam rapidamente, limpando e organizando cada canto para a inspeção iminente. Eles sabiam que qualquer falha resultaria em uma terrível punição. O Duque de Negan, um homem conhecido por sua crueldade e impiedade, estava a caminho para inspecionar o local.

Negan um homem de meia-idade, com um porte impotente e olhos frios, que pareciam perfurar a alma de qualquer um que ousasse encará-lo. vestia vestes negras e elegantes, sempre impecavelmente alinhadas, e sua encantadora aparência carregava com sigo autoridade e terror. Ele era governante de um vasto território, e seu poder e riquezas vinham em grande parte das operações sombrias conduzidos em lugares como esta fazenda.

Os portões rangeram, quando dois grandes homens o empurraram, revelando uma majestosa carruagem azul celeste, seguida por muitos guardas. A comitiva do Duque Negan era extensa, composta por guardas totalmente armados e assistentes que cuidavam de cada necessidade do Duque. Quando a carruagem parou, os guardas se posicionaram em estado de alerta, criando um caminho claro e seguro para o duque.

Negan saiu do carro com um movimento fluido, seus olhos varreram o local com desdém. Ele inalou profundamente o ar da fazenda, como se pudesse sentir o medo de todas essas desprezíveis almas. Seus assistentes rapidamente se aproximaram, carregando pastas e documentos, prontos para registrar qualquer observação ou ordem que ele emitisse.

O gerente da fazenda, um homem pequeno com aparência de rato chamado Victor, estava esperando ansiosamente pela entrada. Suas mãos suavam, ele sentiu um nó crescendo em sua garganta. Ele sabia que a inspeção do duque era um evento de grande importância, e qualquer deslize será sua ruína:

- Duque Negan, - Disse Victor, curvando-se profundamente. – É uma honra tê-lo aqui.

Negan olhou para Victor com indiferença e nojo palpável, como se o gerente não fosse mais que um esterco que ousou manchar suas lustrosas botas: - Victor. – Disse ele com voz baixa e fria. – Espero que tudo esteja em ordem.

- Sim senhor. – Respondeu Victor. – Tomamos todas as precauções para garantir que tudo esteja conforme suas expectativas.
Negan assentiu ligeiramente, indicando que estava pronto para começar a inspeção.

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